CBJ anuncia a realização do Campeonato Brasileiro Sub 18 em arena que não existe

Visão interna do Centro Pan-Americano em 2017, quando estava em plena atividade © Global Sports Visão interna do Centro Pan-Americano em 2017, quando estava em plena atividade © Global Sports

Acostumados a descumprir calendários feitos no começo da temporada, em pleno 2025 gestores ignoram problemas gerados por cancelamento de reservas em voos e hospedagens pagas com antecedência.

Por Paulo Pinto / Global Sports
26 de janeiro de 2025 / Curitiba, PR

No dia 22 de janeiro, publicamos a reportagem intitulada Qual será o real cenário que o novo presidente da CBJ irá encontrar? Na ocasião, discorremos sobre as dificuldades enfrentadas pela Confederação Brasileira de Judô para sediar os principais eventos nacionais, desde que a entidade perdeu o Centro Pan-Americano de Judô (CPJ). Como resposta, na tentativa de invalidar nossa narrativa, a comunicação da CBJ divulgou no dia seguinte o calendário nacional de 2025. Nele, foi agendada para o dia 18 de junho a realização do Campeonato Brasileiro Sub 18 no próprio CPJ, uma arena que ainda está sendo demolida para posterior reconstrução.

Negligência que afeta atletas, clubes e federações

As constantes mudanças de datas e locais de eventos promovidos pela CBJ evidenciam a falta de planejamento por parte dos gestores nacionais. Além de desorganizar a logística das competições estaduais e regionais, essas alterações impactam diretamente na preparação dos atletas e geram prejuízos financeiros significativos para clubes e federações mais estruturadas, que assumem as despesas de transporte, hospedagem e alimentação dos atletas que representam seus Estados.

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Essa negligência recorrente desrespeita investimentos feitos com antecedência, como reservas de voos e hotéis, frequentemente canceladas ou remarcadas às pressas e a um custo muito maior. O descumprimento de cronogramas previamente estabelecidos também demonstra desprezo pelos esforços de equipes que trabalham incansavelmente para garantir que seus atletas cheguem às competições em condições ideais.

Gestão do improviso

Desde a perda do Centro Pan-Americano de Judô, a CBJ tem falhado em encontrar soluções definitivas para sediar eventos nacionais de maneira estruturada. A falta de local fixo para as competições mais importantes do calendário criou um efeito cascata, comprometendo a credibilidade da entidade e prejudicando a evolução do esporte em todo o País.

Por décadas, os gestores têm ignorado os clamores de clubes e federações, que exigem mais transparência e organização na condução do judô brasileiro. Em vez de buscar soluções práticas e sustentáveis, como parcerias com Estados e municípios para a construção ou manutenção de centros esportivos adequados, a CBJ insiste em decisões paliativas que perpetuam a incerteza entre os envolvidos.

A responsabilidade com o esporte exige respeito não apenas aos atletas e clubes, mas também à imagem do judô brasileiro, que, no cenário internacional, depende de uma base sólida e bem estruturada. A ausência de uma gestão responsável prejudica a confiança nas competições nacionais e coloca em xeque o desenvolvimento do judô como modalidade de destaque no País.

O que restou do Centro Pan-Americano de Judô

Gravado na manhã da última sexta-feira (24), o vídeo abaixo, mostra claramente o estado atual do antigo CPJ. Símbolo da era de ouro do judô brasileiro, o Centro Pan-Americano de Judô foi motivo de orgulho para milhões de praticantes, que o viam como a devida contrapartida ao status do judô no cenário olímpico nacional.

Este é o cenário onde a CBJ planeja realizar o Campeonato Brasileiro Sub 18 em apenas 120 dias © Global Sports

É evidente que não há nenhuma atividade no local nem trabalhadores atuando na restauração do equipamento. Com o agravante de a obra estar sendo realizada em Lauro de Freitas, na Bahia, seria no mínimo irreal acreditar que, em menos de 150 dias, uma obra desse porte será iniciada, executada, finalizada e entregue ao antigo proprietário, cuja diretoria causou sua deterioração por incompetência e falta de visão administrativa.

Narrativa oficial e realidade

Em seu pronunciamento, Thiara Bertoli, experiente gerente de competições da CBJ, afirmou que sua equipe produziu o calendário nacional de 2025 com a devida antecedência. Contudo, essa afirmação não reflete a realidade, pois até o início da atual gestão o calendário da CBJ sempre era divulgado em dezembro, garantindo maior previsibilidade para atletas e clubes.

Embora reconheçamos a competência, a expertise e grande capacidade da gerente de competições da confederação, lamentamos que ela esteja cercada por profissionais despreparados para exercer os cargos que ocupam.

Dessa forma, a temporada 2025 começa com a diretoria executiva da CBJ entregando mais do mesmo. Assim, a geração que representará o Brasil nos Jogos Olímpicos de Los Angeles e nas edições futuras é lançada em mais uma aventura marcada por improviso e falta de responsabilidade.

Clique AQUI e confira o calendário de eventos nacionais e internacionais da Confederação Brasileira de Judô para 2025.

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