CBJ ignora federações, mas Sílvio Acácio vai enviar R$ 60 mil para a judicializada entidade paraense

Durante a pandemia a CBJ não desenvolveu nenhuma ação de apoio aos estados, mas do nada o presidente da entidade destina recursos para o Pará © Budopress

Segundo comentários da comunidade judoísta, o ex-presidente da FPAJU promete utilizar recursos federais enviados pela CBJ para comprar votos no segundo pleito que será anunciado pela Justiça

Por PAULO PINTO
19 de julho de 2021 / Curitiba (PR)

A coletividade do judô brasileiro acompanha mais um lance no imbróglio político fomentado por Sílvio Acácio Borges no Pará: não bastassem todas as ilegalidades protagonizadas pela dupla Adaelson Santos e Alcindo Rabelo Campos, que agora fogem da Justiça e mantêm o judô paraense imobilizado, o presidente da CBJ confirma o envio de exatos R$ 58.395,10, oriundos de recursos federais, à FPAJU. Enquanto as demais 26 entidades que estão em dia com suas obrigações estatutárias permanecem à míngua desde o início da pandemia, quem se beneficia é a federação estadual que se encontra suspensa por determinação judicial.

No dia 9 de junho a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) produziu um documento firmado pelo presidente da entidade, no qual atesta que está enviando quase 60 mil reais para realização de atividades no Pará. Entretanto, para todos que militam na modalidade basta uma breve análise do documento para constatar sua improcedência.

Judocas paraenses sugerem que, no afã de dotar seus aliados com recursos para serem utilizados politicamente, Silvio Acácio Borges mais uma vez mete os pés pelas mãos e promove outro escândalo para uma modalidade que já não consegue esconder os erros de seu dirigente máximo embaixo do tapete.

Declaração produzida pela CBJ e firmado por Sílvio Acácio Borges 

Improbidade

Um dos itens descritos no documento aponta que parte dos recursos deverá ser gasta com passagens aéreas, mas todo mundo sabe que a compra de passagens é uma prerrogativa exclusiva da CBJ. É a entidade que adquire passagens para todos os envolvidos nas operações do judô nacional. Que novidade é esta?

Outro item reserva recursos para hospedagem, mas ninguém jamais pagou esse tipo de despesa. As reservas são feitas e pagas pela CBJ. Equipe técnica, amigos e convidados que comparecem aos eventos apenas assinam as notas fiscais emitidas pelas empresas fornecedoras de serviços.

Os demais itens são relacionados à aquisição de material de competição e todo mundo sabe que a CBJ não arca com este tipo de despesa, que deve ser paga com recursos próprios das entidades estaduais. Desde quando a CBJ banca backdrops, pódios, medalhas, carpete e a contratação de fisioterapeutas para as entidades estaduais?

Contudo, por um instante vamos fechar os olhos e acreditar na boa-fé dos envolvidos em mais este escândalo do judô brasileiro. Mas por que então Silvio Acácio não enviou estes mesmos recursos para os demais 26 Estados? Por que somente o Pará os recebeu?

Mesmo sem ter feito absolutamente nada pelo judô nacional em 18 meses de pandemia, por que do nada o presidente da CBJ tira o escorpião do bolso e presenteia para o Pará, se a FPAJU está sub judice?

Resposta do Bradesco que só poderá liberar o acesso a conta bancária depois que houver eleição e a cópia da ata for enviada

Por fim, destacamos a desobediência de Sílvio Acácio, que mesmo tendo sido notificado judicialmente que a Federação Paraense de Judô estava sub judice e que o processo fraudulento subsidiado por ele está sendo investigado pelo Ministério Púbico do Pará, o dirigente nacional insiste em eternizar o mandato do ex-presidente Alcindo Rabelo Campos, o nomeando de presidente interino, conforme consta na declaração.

Este pequeno detalhe expõe claramente que Sílvio Acácio Borges se crê inimputável, acima da lei e de qualquer determinação judicial.

Lamentavelmente o presidente da CBJ administra a entidade segundo interesses políticos e pessoais, esquecendo-se de que administra milhões de reais provenientes dos cofres públicos federais. A comunidade sabe que todo o esforço despendido pelo presidente da CBJ no Caso Pará visa a evitar que este importante Estado da Região Norte passe para o controle de dirigentes que não apoiam suas decisões arbitrárias e antidemocráticas.

A Budô ouviu exatos 15 presidentes de federações estaduais que afirmam não ter recebido ofício semelhante ao enviado à FPAJU e que nenhum centavo foi enviado pela CBJ desde o início da pandemia.

Pode demorar, mas em breve todos saberão o real motivo da remessa desses recursos para o ex-presidente da federação do Pará, cujas atividades estão totalmente paralisadas. O que a entidade precisa é que se faça justiça, e não remessas de recursos, já que as contas da entidade no Bradesco estão boqueadas e assim ficarão até que haja a eleição que deveria ter sido realizada até 31 de março.

Tentamos contato com a assessoria de comunicação da presidência da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), mas até o fechamento desta reportagem não obtivemos resposta.