07 de novembro de 2025
Mundial Veterano: a longevidade do judô em sua forma mais inspiradora © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
O último dia do Campeonato Mundial de Judô Veterano de Paris foi dedicado às mulheres, que proporcionaram um final espetacular para um evento histórico. Com graça, resiliência e determinação, judocas de todo o mundo subiram nos tatamis para demonstrar não apenas capacidade técnica, mas também o espírito extraordinário que define o judô veterano.
O quinto e último dia do Campeonato Mundial de Judô Veterano 2025 foi marcado pela superioridade numérica das atletas da seleção francesa.

Em combate decisivo, Rosângela Soares Ribeiro (Brasil) encara Ludivine Javelle (França) na final do F4 (-63kg) © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
De projeções emocionantes a momentos de profundo respeito e alegria compartilhada, a competição de hoje foi mais do que uma final; foi uma celebração de força, união e da crescente importância do judô feminino no cenário veterano. Com a entrega das últimas medalhas, uma coisa ficou certa: o futuro do judô veterano é mais promissor e equilibrado do que nunca.
Após os cinco dias de confrontos, o equilíbrio entre tradição e força mudou o panorama do torneio. A França, anfitriã e potência histórica, inscreveu 946 atletas, sendo 170 mulheres, que enfrentaram 230 judocas de todo o planeta — apenas 14 brasileiras entre elas — e não deu outra: as gaulesas dominaram amplamente o quadro de medalhas. Além das 18 medalhas de ouro, as francesas conquistaram nada menos que 13 pratas e 33 bronzes.
Importante destacar que a seleção brasileira feminina competiu com um contingente equivalente a apenas 8% do time francês. Em outras palavras, havia aproximadamente 12 francesas para cada judoca brasileira em Paris — um contraste que apenas valoriza ainda mais o desempenho nacional.

Com emoção e orgulho, Rosângela Soares Ribeiro celebra a conquista do ouro em Paris © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Mesmo diante dessa desproporção, o Brasil respondeu à altura. Em várias categorias e classes de peso, as francesas ocuparam os três degraus do pódio, mas o espírito brasileiro prevaleceu. E mais uma vez, a garra, o talento e a determinação das veteranas brasileiras brilharam no cenário mundial.
Nesta sexta-feira, nossas judocas lutaram com bravura e conquistaram quatro medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze. Com isso, o Brasil encerrou sua participação em Paris com 33 pódios, sendo 16 ouros, seis pratas e 11 bronzes.
As medalhas de ouro foram conquistadas por Daryene dos Santos (F1 -48kg), Cláudia Penha (F1 -70kg), Ana Paula Parpinelli (F3 +78kg) e Rosângela Maria Soares Ribeiro (F4 -63kg).
A prata ficou com Thaisa Celestino (F1 -52kg), enquanto os bronzes foram para Danusa Silva (F3 -48kg) e Lenita Azevedo (F1 -52kg).
Também merecem destaque as conquistas de Valdirene Nascimento (F4 -70kg), Margareth da Silveira (F5 -70kg) e Varneilda Rodrigues (F6 -63kg), que terminaram em quinto lugar, além de Tatiane Florentino (F2 -63kg), que ficou na sétima colocação — todas contribuindo para a campanha mais simbólica do judô veterano brasileiro nos últimos anos.
A França dominou amplamente o quadro geral de medalhas, encerrando o Mundial com números impressionantes e uma supremacia construída em casa. O Brasil confirmou sua posição entre as potências mundiais, superando gigantes do judô europeu e reafirmando o alto nível técnico e competitivo de seus veteranos. Alemanha, Geórgia e Itália completaram o top five, confirmando o equilíbrio geográfico e a vitalidade do judô internacional.

Top five do Mundial de Veteranos & Kata 2025: França, Brasil, Alemanha, Geórgia e Itália © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Vice-campeão geral, o Brasil fez uma campanha brilhante e reafirmou sua tradição entre as maiores escolas de judô do mundo.
Representando clubes, academias e regiões distintas, o grupo brasileiro uniu gerações e mostrou que a força do judô nacional vai muito além dos grandes centros: ela nasce nos dojôs de todo o país, sustentada por professores que dedicam suas vidas ao ensino do verdadeiro caminho.
Ouro
Prata
Bronze
A sensei san-dan Rosângela Maria Soares Ribeiro, campeã mundial meio-médio na classe F4, é atleta da Associação Rio Caeté de Judô, da cidade de Bragança (PA) — a mesma escola que revelou outro campeão mundial em Paris: o meio-pesado Milton Rafael Ribeiro de Miranda, da classe M1.

Cristian Cezário, gestor nacional da classe Veteranos da CBJ, enalteceu o desempenho da equipe brasileira em Paris © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Ambos são alunos do professor kodansha Alan Saraiva, referência técnica e ética do judô paraense, e representam o dojô comandado pelo sensei ni-dan Luiz Augusto Pereira de Oliveira, cuja atuação pedagógica vem consolidando o município de Bragança como um dos polos de maior expressão do judô veterano na Região Norte.
A conquista dos dois judocas reafirma a força formadora do judô paraense e a importância dos pequenos dojôs como guardiões da essência do budô — locais onde o respeito, a disciplina e a amizade continuam sendo os maiores troféus.
Eneacampeão mundial de judô veterano, gestor nacional da classe Veteranos da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e diretor do Instituto Camaradas Incansáveis (ICI), Cristian Cezário avaliou o desempenho brasileiro em Paris como simplesmente fantástico. Segundo ele, o Brasil superou todas as expectativas e consolidou de vez sua posição entre as maiores potências do judô veterano mundial.
“No masculino, vencemos nosso principal adversário, a França, mesmo com uma diferença enorme no número de inscritos: enquanto eles competiram com 776 judocas, nós levamos apenas 103 atletas — e, ainda assim, ganhamos com autoridade. No feminino, tínhamos um grupo pequeno, mas muito qualificado; nossas judocas lutaram com garra, técnica e conquistaram diversas medalhas importantes para o Brasil”, destacou o dirigente.

Rosângela Soares Ribeiro (Brasil) no topo do pódio da categoria F4 (-63kg feminino), ao lado de Ludivine Javelle (França) e das tchecas Anezka Vrsovska e Michaela Nestakova © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Cezário enfatizou a relevância do feito brasileiro ao relembrar a dimensão do evento. “Ficamos em segundo lugar no quadro geral de medalhas, o que é extremamente significativo, considerando que este é o Mundial dos Mundiais, com quase 2.400 atletas inscritos. O desempenho do Brasil foi simplesmente fenomenal”, avaliou.
Para ele, o resultado reflete o amadurecimento da categoria e o trabalho conjunto entre os diferentes níveis da estrutura esportiva. “Esse sucesso mostra claramente a evolução que o judô veterano brasileiro vem alcançando, fruto do trabalho desenvolvido pelas federações estaduais, pela Confederação Brasileira de Judô e, acima de tudo, pelo comprometimento dos nossos atletas. Cada um deles, ao seu modo, faz o possível — e muitas vezes o impossível — para representar o país em um evento dessa magnitude.”
Encerrando sua avaliação, o dirigente reforçou o compromisso com a continuidade do trabalho. “Agora é hora de retornar ao Brasil, avaliar tudo o que vivemos aqui em Paris e iniciar o planejamento para 2026. O foco é seguir evoluindo, ampliando a base e mantendo o Brasil entre as maiores potências do judô veterano mundial”, concluiu Cristian Cezário.
Entre medalhas e memórias, o Mundial de Veteranos & Kata 2025 deixou claro que o verdadeiro triunfo está na continuidade do caminho, no respeito aos senseis mais experientes e na alegria de cada reencontro. O tempo pode marcar o corpo, mas jamais enfraquece a essência de quem vive o judô como filosofia de vida.
O desempenho do Brasil no Mundial de Veteranos & Kata 2025 transcendeu o resultado esportivo. Cada luta, cada gesto e cada medalha conquistada traduziram a força de uma comunidade que vive o judô com alma e propósito. Em Paris, o veterano brasileiro não foi apenas atleta — foi mensageiro de uma filosofia que resiste ao tempo e inspira novas gerações.
Entre vitórias, reencontros e celebrações, o grupo brasileiro mostrou que o judô é, antes de tudo, um caminho de continuidade. Um caminho que honra os mestres, une os amigos e reafirma que o verdadeiro ouro está na jornada. A campanha brasileira em Paris não foi apenas um marco técnico; foi uma declaração de amor ao judô — em sua essência mais pura, humana e eterna.
Em Paris, o judô veterano reafirmou sua grandeza e o Brasil sua vocação para o protagonismo. Foi mais do que uma campanha — foi um testemunho de fé, perseverança e amor à arte que molda caráteres e constrói pontes entre gerações.
A Revista Budô registra com orgulho essa jornada inesquecível e presta homenagem a cada judoca que honrou o país nos tatamis franceses. Porque enquanto houver quem acredite no poder transformador do judô, o Brasil continuará sendo uma nação de campeões — dentro e fora dos tatamis.
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