18 de novembro de 2024
CBJ transfere a operação de sua logística para agência de viagens de Santa Catarina
Com investimento anual superior a R$ 8 milhões, a Confederação Brasileira de Judô interrompeu a operação com fornecedores tradicionais e passou a operar com a Viajare Turismo, de Jaraguá do Sul.
Transparência e Compliance
20 de novembro de 2018
Por PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS
Curitiba – Paraná
Mobilizando algo em torno de R$ 8 milhões anuais, a Confederação Brasileira de Judô certamente é a entidade de gestão do esporte amador com maior orçamento do Brasil na atualidade, e nossa reportagem detectou que desde o início desta temporada a contratação da logística da CBJ migrou das empresas que tradicionalmente prestavam serviço à entidade para a Viajare Turismo, agência catarinense situada em Jaraguá do Sul.
No último ciclo olímpico as empresas que mais atenderam a CBJ foram: Promotional Travel, Turismo Corporativo e Lazer, do Rio de Janeiro; CR Turismos e Viagens, do Recife (PE); Talento Viagens, Rio de Janeiro (RJ); DNA Turismo, de Vila Velha (ES); e Samba Travel & Sports Business, do Rio de Janeiro (RJ).
Por lei, toda entidade que trabalha com recursos públicos é obrigada a realizar cotações de preços antes de finalizar a contratação de serviços, e, segundo fomos informados pelas empresas que tradicionalmente fornecem para a CBJ, nesta temporada a confederação fez pouquíssimas cotações prévias de preços para contratação de serviços aéreos, hospedagem e alimentação.
Para preservar os interesses dos fornecedores da CBJ, não revelaremos os nomes dos funcionários e das empresas que nos atenderam, mas todos foram enfáticos em afirmar que até as tradicionais consultas deixaram de ocorrer, já que por lei a confederação brasileira é obrigada a realizar cotações de preços com três fornecedores.
“Este ano recebemos apenas duas solicitações de cotação da CBJ. A primeira foi para o Campeonato Brasileiro Sub 21, em março, e a empresa contemplada foi a Promotional Travel Viagens e Turismo. Em setembro houve cotação prévia para o mundial sub 21 realizado em Nassau, nas Bahamas, e a empresa contemplada foi a CR Turismo. Fora isto, não recebemos nenhuma solicitação de cotação da CBJ nesta temporada”, disseram.
Além dos eventos nacionais que demandam em média 16 cotações anuais, a CBJ viaja mais de 18 vezes por ano para fora do País, o que demanda no mínimo 34 cotações anuais.
Este é o segundo ano de gestão do também catarinense Sílvio Acácio Borges, presidente da entidade que, apesar de ser natural de Joinville, que está a 50 quilômetros de Jaraguá do Sul, foi nesta cidade que edificou parte sua vida como professor de judô do Clube Atlético Baependi. É lá, na Vila Baependi, que mantém o dojô Seido-Kan, em sociedade com seu sobrinho Cláudio Marcelo de Almeida. A Viajare Turismo tem sede no mesmo bairro.
Pesam sobre o atual presidente da CBJ denúncias gravíssimas de nepotismo em episódios como a nomeação de seu compadre, o joinvilense Iveraldo Carlos Machado, para o comando do Centro Pan-Americano de Judô e a nomeação de seu sócio Icracir Rosa para presidente da comissão de graus da CBJ, além da imputação de apropriação indébita do automóvel da Federação Catarinense de Judô, que hoje está em nome da esposa de seu sobrinho, e do carro oficial da presidência da CBJ, o Hyundai Sonata que foi para Joinville e nunca mais voltou.
A operação da logística da CBJ envolve quantias milionárias e deve ser realizada com total transparência, obedecendo estritamente ao que determinam as normas de transparência e compliance exigidas pelo Ministério do Esporte. Caso o setor de compras da CBJ não produza elementos que comprovem rapidamente que o processo de licitação de aquisição da logística da entidade cumpre os requisitos necessários, em breve a entidade se tornará caso de polícia, será alvo de investigação do Ministério Público e estará na mira de outros setores da Justiça Federal.