22 de dezembro de 2024
Com a visão de atletas, médicos e juristas, Seminário Brasileiro Antidopagem é realizado no Rio de Janeiro
No encontro, Rogério Sampaio e Tiago Camilo reiteraram a necessidade de consolidar a consciência antidopagem no cenário esportivo visando a manter o esporte limpo
Gestão Esportiva
12/03/2018
Fonte THIAGO RIZERIO/ASCOM/ME I Fotos FRANCISCO MEDEIROS/ME
Rio de Janeiro – RJ
Depois de receber o Seminário Sul-Americano Legal de Antidopagem, o Rio de Janeiro foi palco do primeiro Seminário Brasileiro Antidopagem. O evento realizou-se sexta-feira (9 de março), organizado e produzido pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), reunindo um público variado, formado por jornalistas, médicos, atletas, ex-atletas, dirigentes e autoridades esportivas nacionais e internacionais. O objetivo comum era buscar conhecimento mais apurado no combate ao doping.
Na abertura, o secretário da ABCD, Luiz Celso Giacomini, deixou claro o objetivo não só do evento, mas também de todos aqueles que estão envolvidos com o esporte. “O caminho do problema do doping é áspero e doloroso e precisa ser combatido. E esse é um problema não só do atleta. Temos de envolver técnicos, confederações, autoridades e até as famílias dos esportistas”, disse Giacomini.
Ligada ao Ministério do Esporte e criada em 2012, a ABCD é filiada à Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês), que tinha três representantes no seminário. A missão da ABCD de consolidar a consciência e a educação antidopagem foi ressaltada por Giacomini. “Nossa relação próxima com a WADA nos permite um trabalho produtivo e conjunto. Somente se fizermos esses elos e correntes longas pelo País vamos combater com força a dopagem”, observou.
O Secretário Nacional de Esportes de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Rogério Sampaio, representou o ministro Leonardo Picciani e demonstrou a vontade das autoridades de manterem o esporte limpo. “Essa iniciativa da ABCD é muito importante. Que possa ser um evento anual e que atraia cada vez mais pessoas ligadas ao controle de dopagem. O trabalho, o esforço e a dedicação do atleta limpo precisam ser recompensados com os resultados, e para isso vamos implantando mais ferramentas para que o esporte fique livre do doping”, opinou Sampaio.
Visão do atleta
O ponto de vista do principal interessado no controle antidoping, o atleta, também foi exposto no evento. Tendo em vista que o doping pode comprometer o esportista de várias formas – desde a saúde do próprio atleta até a perda de medalhas, conquistas e patrocínios –, é importante que todos aqueles que se lancem para o mundo do esporte de alto rendimento tenham consciência do quanto a dopagem é prejudicial.
Presidente da comissão de atletas do Comitê Olímpico do Brasil e medalhista nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e Pequim 2008, Tiago Camilo alertou para a importância da informação e orientação para que não haja o uso de substâncias ilegais.
Tiago competiu pela primeira vez em uma Olimpíada em 2000, aos 18 anos, e nunca havia tomado nenhum suplemento alimentar – hoje um dos fatores que levam a resultados analíticos adversos por erro na manipulação. “Muita gente quer fazer uso de suplemento do seu próprio jeito. Na minha primeira Olimpíada, não havia suplemento. Era treino e comida. Em 2003, tive o primeiro contato com suplemento. Mas foi com acompanhamento e orientação profissional. O atleta é responsável pelo que ingere. Cada um escolhe o que come e o que usa”, resumiu o medalhista olímpico.
Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem
Luciano Hostins, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-DA), fundamentou sua apresentação na estrutura do tribunal e como o órgão funciona legalmente.
“Temos hoje o órgão pleno, composto por nove membros, que se dividem em três câmaras e exercem atividade de primeiro grau, nas quais todos os casos de doping do Brasil são julgados. Se houver recurso, o caso segue para o pleno, em que todos os nove membros reunidos analisam a matéria. Dispomos de uma procuradoria formada por quatro membros, três procuradores e a defensoria, que é uma inovação, na qual fizemos um chamamento público, e 32 advogados se inscreveram para atuar na defesa de atletas, pois o código brasileiro antidopagem determina que, quando um atleta não se defende, o tribunal tem de designar um advogado dativo”, detalhou Hostins.
Lembrando que todos profissionais da Justiça Desportiva antidopagem trabalham voluntariamente, Hostins quantificou o número de processos em andamento na atualidade.
“Todos os profissionais que atuam na procuradoria, defensoria e no tribunal trabalham voluntariamente. Todos os processos tramitam pelo sistema eletrônico de informações do governo federal. O tribunal está ligado ao Conselho Nacional do Esporte, sendo, portanto, um órgão público. Atualmente temos 66 processos em trâmite. Destes, 18 já foram julgados, 13 estão prontos para serem julgados, 14 processos nos quais os atletas já foram citados e aguardamos as defesas, dez processos estão com a procuradoria esperando que seja oferecida denúncia e 11 estão conclusos para serem analisados, além das 79 consultas da FIFA. Entendemos que estamos imprimindo grandes avanços e em breve estaremos atuando nos mesmos moldes dos países mais avançados na questão da dopagem”, explicou o presidente do TJD-DA.
Inclusão
O evento também contou com a presença de atletas surdos da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS). Para que tivessem acesso a todo o conteúdo do seminário, tradutores de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) foram disponibilizados para fazer a comunicação com esses atletas. Além disso, segundo a organização do evento, todo o material de vídeo gravado no primeiro Seminário Brasileiro Antidopagem estará disponível no site da ABCD.