Com sete ouros, uma prata e um bronze, judô do Brasil mantém 100% de aproveitamento nos Jogos Pan-Americanos Júnior

A carioca Eduarda Bastos mostrou muita garra e conquistou o ouro no meio-médio © Alexandre Loureiro / CBJ

No segundo dia de disputas, Matheus Nolasco, Eduarda Bastos e Luan Almeida conquistaram o ouro; Maria Oliveira ficou com a prata, e o Brasil se isolou ainda mais no quadro geral de medalhas.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 11 de agosto de 2025

A seleção brasileira de judô júnior iniciou a segunda edição dos Jogos Pan-Americanos de forma arrasadora. Realizada no Parque Olímpico do Comitê Olímpico Paraguaio (COP), em Luque, Assunção, a competição vem ratificando a qualidade técnica dessa nova geração de judocas, que a cada combate confirma a força e a tradição da escola brasileira.

No domingo (10), primeiro dia de competição, todos os cinco representantes do país subiram ao pódio, conquistando quatro ouros e um bronze. Clarice Ribeiro (-48kg), Rafaela Cavalcanti (-52kg), Bruno Nóbrega (-66kg) e Bianca Reis (-57kg) foram campeões e garantiram vaga para o Pan de Lima 2027, enquanto Lucas Takaki (-60kg) ficou com o bronze. E nesta segunda-feira o desempenho se repetiu: os quatro judocas brasileiros chegaram às finais, conquistando três medalhas de ouro e uma de prata.

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Com 100% de aproveitamento, essa nova geração já superou a campanha de Cali (COL) 2021, primeira edição do evento, em número de ouros. Além disso, todos os campeões garantiram vagas nominais para os Jogos Pan-Americanos Lima 2027, restando ainda cinco possibilidades no último dia de competição individual, que acontece nesta terça-feira (12).

Matheus Nolasco – primeiro ouro do dia

A primeira medalha do judô brasileiro neste segundo dia veio por meio de Matheus Nolasco de Souza Gonçalves (-73kg), peso leve paulista que defende a Sogipa. Antes de disputar a final, venceu duas lutas nas eliminatórias.

Primeiro, superou o uruguaio Paolo Alberto Silva Manzi com um wazari seguido de osae-komi, nas quartas-de-final. Na semifinal, venceu o chileno Tomás Hernandez com um yuko.

Matheus Nolasco leva o ouro no peso leve © Alexandre Loureiro / CBJ

Na decisão, Nolasco reencontrou o equatoriano Alfredo Valdivieso, seu algoz na final do Campeonato Pan-Americano Júnior, em abril. Desta vez, o brasileiro se impôs, assinalou um yuko e, a segundos do fim, encaixou um juji-gatame para garantir o ouro e a vaga em Lima 2027.

“É uma sensação muito boa de dever cumprido. Trabalhei muito e vinha batendo na trave em algumas competições. No Pan-Americano, perdi a final para esse mesmo atleta. Treinei e me dediquei bastante, seguindo as orientações da comissão técnica da Sogipa e também da CBJ. Hoje, felizmente, tudo deu certo, o que é muito gratificante. É isso aí e bora pra frente!”, disse o peso leve, natural de São José dos Campos, um dos principais redutos do judô paulista nas últimas décadas.

Eduarda Bastos – segundo ouro brasileiro

Primeira brasileira a subir no tatami nesta segunda-feira, a carioca Eduarda Bastos (-63kg), que defende o Clube Paineiras do Morumby (SP), estreou com vitória sobre a costa-riquenha Noilyn Aguilar Bravo, nas quartas-de-final, por punições (3-0). Na semifinal, impôs um yuko sobre a venezuelana Ivette Fuentes logo no início e manteve a vantagem até o fim.

Eduarda Bastos, campeã do meio-médio © Alexandre Loureiro / CBJ

Na final, enfrentou a estadunidense Emily Daniela Jaspe e, mesmo pendurada em punições, conseguiu um yuko a dez segundos do término, assegurando o ouro.

“Estou muito feliz com a minha conquista. Garanti minha vaga para o Pan Sênior de 2027. As lutas foram ótimas e gostei muito do meu desempenho. Todo o trabalho que está sendo feito está dando resultado. Já havia enfrentado algumas dessas adversárias, como a Jaspe, que é minha amiga fora do tatami, mas dentro dele não tem essa. Quero agradecer aos meus pais, que estão aqui me assistindo e me apoiando. Isso tornou o momento ainda mais especial”, disse Duda, que é natural de Macaé (RJ).

Luan Almeida – terceiro ouro do dia

Natural de Caieiras (SP), o meio-médio Luan Carlos Costa de Almeida começou sua campanha com vitória rápida nas quartas-de-final, levando o paraguaio Elias Veron Fernandez ao chão e imobilizando-o até o ippon. Na semifinal, superou o estadunidense Daniel Shulgin também por ippon.

Luan Almeida brilha no meio-médio © Alexandre Loureiro / CBJ

Na final, enfrentou o canadense Arthur Karpukov e, sempre ativo, conseguiu um yuko, aproveitando o jogo no chão para ganhar tempo e consolidar o título. Aos 19 anos, Luan já atua no cenário sênior, com participações em Grand Slams e Grand Prix, e foi bronze no Pan-Americano da classe em abril.

“Fiz três lutas e consegui trabalhar bem o que vinha treinando no SESI-SP. Fico feliz pela oportunidade de participar de um campeonato tão importante e com essa estrutura. Fazia tempo que eu não competia na classe júnior, estava rodando mais no sênior. Isso me colocou um pouco de pressão, mas consegui desempenhar bem e fico muito feliz com essa conquista”, disse o peso meio-médio do SESI-SP.

Maria Oliveira – a prata brasileira

A última medalha brasileira desta segunda-feira veio com Maria Eduarda Moisés Oliveira (-70kg). Nas quartas-de-final, venceu a dominicana Victoria Ramirez Peguero por punições. Na semifinal, precisou do golden score para imobilizar a estadunidense Shavon Gonzalez por cinco segundos, garantindo o yuko e a vaga na final.

Na decisão, enfrentou a colombiana Heydi Santillana e, apesar de lutar bem até o fim, foi superada por dois yukos. Sua prata foi a nona medalha brasileira em Assunção, nas nove categorias disputadas até agora.

Maria Oliveira conquista fatura a prata no peso médio © Alexandre Loureiro / CBJ

Natural da Paraíba, Duda Moisés foi formada na Academia Dojokan, de João Pessoa, e hoje defende o SESI-SP. Nesta temporada, conquistou ouros no Campeonato Pan-Americano Júnior 2025 e na Junior Cup Istambul 2025.

Campanha histórica e projeção

O segundo dia de disputas deixa o Brasil em situação extremamente confortável no quadro geral de medalhas. Com sete ouros, uma prata e um bronze, a equipe verde e amarela já garantiu que nenhum outro país ultrapasse seu total de ouros, mesmo considerando as categorias restantes.

Campeão geral em Cali 2021 e, agora, praticamente consagrado em Assunção 2025, o Brasil reafirma sua supremacia no judô das Américas — uma hegemonia que começou em 2003, nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, quando o país colocou fim ao domínio histórico de Cuba.

O resultado é fruto do trabalho conjunto de toda a engrenagem do judô brasileiro: desde os professores formadores que lapidaram esses talentos em seus clubes de origem, passando pelos treinadores que os conduzem hoje nas principais equipes do país, até a comissão técnica da CBJ, que coordena o desenvolvimento técnico e estratégico com competência e visão de futuro.

Essa geração, que já desponta no cenário internacional, carrega potencial real de chegar aos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 como protagonista.

As disputas do judô nos Jogos Pan-Americanos Júnior Assunção 2025 continuam nesta terça-feira (12), último dia de competição individual, com mais cinco brasileiros: Jesse Barbosa (-90kg), Gustavo Milano (-100kg), Andrey Coelho (+100kg), Dandara Camillo (-78kg) e Ana Soares (+78kg).

As preliminares começam às 10h30 (horário de Brasília), com as finais a partir das 15h. O Time Brasil, a Cazé TV e o BandSports transmitem ao vivo.

Medalhas brasileiras em Assunção 

OURO

  • Clarice Ribeiro (-48kg)
  • Rafaela Rodrigues (-52kg)
  • Bianca Reis (-57kg)
  • Bruno Nóbrega (-66kg)
  • Matheus Nolasco (-73kg)
  • Eduarda Bastos (-63kg)
  • Luan Almeida (-81kg)

PRATA

  • Maria Oliveira (-70kg)

BRONZE

  • Lucas Takaki (-60kg)

https://www.originaltatamis.com.br/