Com uma medalha de prata no kumitê, André Santos leva o Brasil ao pódio do mundial de Tenerife

Na final, André Santos e Bojan Boskovic não conseguiram pontuar

O karatê do Brasil manteve a escrita e a presença no pódio em todas competições mundiais desde 2013, ano em que retomou o caminho da vitória.

X Campeonato Mundial De Karatê Júnior, Cadet E Sub 21
30/10/2017
Por PAULO PINTO/CBK | Fotos ARQUIVO/CBK
Tenerife – Espanha

Com o apoio da Real Federación Española de Kárate, a World Karate Federation (WKF) realizou a décima edição do Campeonato Mundial de Karatê nas categorias cadete, júnior e sub 21, de 25 a 29 de outubro, em Santa Cruz, cidade localizada em Tenerife, uma das Ilhas Canárias. Participaram 1.710 atletas provenientes de 109 países de cinco continentes.

A delegação brasileira desembarcou na Espanha com 35 atletas e os técnicos Diego Spigolon (SP), Fabrice Chiron (BA), Ulisses Santos (SE) e Vanderlei Machado (SC). Completaram o time brasileiro o médico Mário Santos e os dirigentes Willian Cardoso, diretor técnico e chefe da delegação, e Luiz Carlos Cardoso do Nascimento, presidente da CBK e membro do Comitê Executivo da WKF.

O Brasil não passou em branco, disputando a final do -70kg do kumitê cadete (14 e 15 anos) com André Santos, atleta de Sergipe que desde os 12 anos faz parte da seleção brasileira.

André Santos e seu técnico Ulisses dos Santos

André Simões Freire Santos, de Aracaju (SE), é aluno dos professores Alexandre Moraes e Ulisses dos Santos, e para chegar à final venceu cinco lutas. Na primeira superou Yousef Mwafi, do Egito, por 4 a 3. André saiu atrás depois de sofrer um ippon com um potente ura-mawashi-geri aplicado por Yousef, mas se recuperou usando a mesma técnica e antes do fim do combate ainda encaixou um kizami-zuki, que garantiu um ponto e a vitória.

No segundo e terceiro confrontos superou facilmente Sufyani Sanad, da Arábia Saudita, e Attila Vugrinecz, da Hungria. No quarto combate enfrentou o português Tiago Duarte, um karateca bem mais alto e bastante técnico, que saiu na frente marcando um ponto, mas André empatou e forçou quatro punições no adversário, que acabou desclassificado (hansoku-make).

Na semifinal contra Namig Guliyev, do Azerbaijão, o brasileiro impôs seu ritmo vencendo por 3 a 2 e garantindo vaga na final contra Bojan Boskovic, de Montenegro. O último confronto foi bastante equilibrado e acabou empatado em 0 a 0, e no hantei (decisão da arbitragem) Boskovic levou a melhor e ficou com a medalha de ouro. Mesmo assim, André Santos valorizou sua vitória e correu para o abraço.

O pódio do -70kg do kumitê cadete

“Estava muito focado e fiz seis lutas muito boas. Meu adversário da final lutou muito fechado e não consegui furar seu bloqueio, mas valeu porque esta é minha primeira final em mundiais e certamente na próxima vez atingirei meu objetivo. Agora é o momento de comemorar esta conquista e descansar, porque esta temporada foi muito puxada”, disse o jovem karateca sergipano.

Na avaliação de Willian Cardoso, o equilíbrio técnico foi a principal característica da competição. “Diferentemente do que vimos em outras edições do mundial, neste ano vimos 45 países subindo ao pódio. Além de mostrar maior equilíbrio, estes números revelam o crescimento técnico da modalidade em todos continentes, pois até há bem pouco tempo as medalhas concentravam-se num número bastante reduzido de países.”

Além de ser técnico do vice-campeão mundial, Ulisses dos Santos compõe a comissão técnica do Brasil e estava em Tenerife, mas, devido à punição sofrida no dia anterior, ele não pôde acompanhar as lutas de seu atleta. “Senti muito o fato de não ter podido acompanhar meu atleta nos seis combates de Tenerife. Esta medalha é fruto do trabalho de um jovem que chegou à seleção brasileira aos 12 anos e vem sendo exaustivamente preparado para confrontos com este nível técnico. Todos nós queríamos o ouro, é claro, mas o e Alexandre Moraes e eu estamos muito felizes com este vice-campeonato mundial que, acima de tudo, coroa e premia o trabalho do André e toda a nossa equipe”, disse o técnico sergipano.

A torcida brasileira fez a diferença na final

Após a final Willian Cardoso destacou a polivalência do vice-campeão mundial. “O André é um atleta que vem mostrando excelentes resultados no kata e no kumitê, desde 2014. No ano passado ele foi campeão sul-americano e pan-americano de kumitê e este ano foi campeão sul-americano de kata. Ele cresce a cada competição, mostrando sempre grandes resultados. Seu esforço culminou com uma medalha de prata muito bem conquistada, com gostinho do ouro, que foi perdido no hantei. Ele fez uma luta muito igual, mas no hantei a arbitragem decretou 3 a 2, o que não diminui a importância de sua conquista”, disse o dirigente.

Na avaliação geral do certame Cardoso lembrou que desde 2013 o Brasil nunca mais passou um campeonato mundial em branco. “Nós da CBK ficamos muito satisfeitos, pois conseguimos visualizar a conquista de um atleta que iniciou sua trajetória na seleção brasileira dentro de nossa gestão. Começamos em 2013 e ele, em 2014, e desde então ele mostra presença e crescimento. O karatê do Brasil está vibrando com a sua conquista, e apesar de toda dificuldade que o esporte do Brasil enfrenta hoje, nós chegamos ao pódio de novo. Desde 2013 o Brasil voltou a marcar presença dos pódios das competições sênior e da base. Isto é algo muito importante e nos motiva a seguir em frente, apesar das adversidades”, disse o diretor técnico da CBK.

Em paralelo ao evento a World Karate Federation promoveu o credenciamento técnico de todos os profissionais que poderão atuar nos eventos da WKF na próxima temporada, e os brasileiros Diego Spigolon, Fabrice Chiron, Ulisses Santos e Vanderlei Machado foram aprovados e credenciados.

André Santos e Diego Spigolon, o técnico que o orientou nos combates

Para Diego Spigolon, além de enriquecer currículos, o credenciamento técnico da WKF ampliou o conhecimento de todos os técnicos qualificados.

“Esta iniciativa da WKF representa uma conquista na carreira de todos os professores que estiveram envolvidos neste processo. O karatê está inserido programa olímpico, e cabe a nós entender este novo momento e trabalhar pelo sucesso de nossa modalidade neste novo cenário”, disse o técnico de Piracicaba.

Seleção brasileira em Tenerife

Kata Feminino

Cadete: Alice de Souza Miranda

Júnior: Brenda Eduarda de Sá

Sub 21: Sthefany da Costa Silva Reis

Kata Masculino

Cadete: Ryan Christian Coelho da Silva

Júnior: Lucas da Silva Santos

Sub 21: Rafael Alves Santos

Kata Equipe Cadete/Júnior Feminino

Alice de Souza Losekann

Ericka Duarte Nascimento

Laura de Souza Losekann

Kata Equipe Cadete/Júnior Masculino

André Simões Freire dos Santos

Eduardo Kenji de Melo Inagaki

Lucas Vinícius Evangelista Bezerra

Kumitê Cadete Feminino

47kg Bárbara Chacon Hor Cruz

54kg Alice de Souza Losekann

+54kg Luana Aparecida R. Pinheiro

Kumitê Cadete Masculino

52kg Pedro Freire

57kg Gustavo Furuuti Fernandez

63kg Lucas Vinícius Evangelista Bezerra

70kg André Simões Freire dos Santos

+70kg Lucas Hardy Souza de Miranda

Kumitê Júnior Feminino

48kg Juliana Bragança de Oliveira

53kg Arolaini Zefino Pereira

59kg Aline Cristhina Rocha Teixeira

+59kg Rafaela Beatriz dos Santos

Kumitê Júnior Masculino

55kg Bernardo Oliveira da Silva

61kg Matheus Giraldi Magioli Cadan

68kg João Vitor da Silva Severo

76kg Victor Santos de Menezes

+76kg Virgílio Carneiro de Oliveira

Kumitê Sub 21 Feminino

50kg Jéssica Linhares de Paula

55kg Sabrina Zefino Pereira

61kg Izabela Correa Rainho

68kg Pâmela Thays Gonzaga de Melo

+68kg Brenda Padilha Pereira

Kumitê Sub 21 Masculino

60kg Wesley Nascimento

67kg Leonardo Vieira dos Santos

75kg Welton Barbosa

84kg Kaique Carneiro Rodrigues