Com visão estratégica e compromisso social, Denise Oliveira assume a FEJAMA para integrar o Amazonas ao novo ciclo do judô nacional

Denise Oliveira, a presidente da Federação de Judô do Amazonas © FEJAMA

Entre a tradição dos tatamis e os desafios logísticos da floresta, a nova dirigente assume a FEJAMA com propostas ousadas de interiorização, inclusão indígena, modernização da gestão e fortalecimento da base.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 20 de abril de 2025

Nascida em 20 de janeiro de 1965, no Rio de Janeiro, a professora go-dan (5º dan) Denise Oliveira construiu uma trajetória admirável no judô brasileiro. Formada em Educação Física com licenciatura plena (CREF 001789G/AM) e pós-graduada em treinamento esportivo, ela uniu conhecimento acadêmico, vivência prática e dedicação à formação de atletas. Reconhecida por sua atuação como competidora, educadora e agora dirigente, Denise personifica o compromisso com uma gestão técnica, humana e transformadora.

Seu primeiro contato com a modalidade ocorreu em 1985, quando fazia musculação na Academia Riva, em Nova Iguaçu. Convidada pelo professor César Romeu para experimentar uma aula de judô, passou a treinar com os professores William Muniz e Antônio Pinheiro, ambos são referências no judô da Baixada Fluminense.

Entre seus principais títulos como atleta estão: 17 vezes campeã estadual do Rio de Janeiro, pentacampeã brasileira sênior, tricampeã sul-americana, medalhista de bronze em Campeonato Pan-Americano e quinto lugar no Mundial por Equipes de Minsk, na Bielorrússia. Representou o Brasil em dois Mundiais Sênior — Hamilton (1993) e Birmingham (1999). Na classe veteranos, conquistou três títulos mundiais: Irlanda do Norte (2002), Tóquio (2003) e Viena (2004).

Residente em Manaus desde 2008, Denise migrou para o Amazonas em razão da transferência de seu marido, militar da Marinha do Brasil. Atuou como professora de judô em escolas municipais e estaduais, desenvolveu projetos esportivos e reativou a sala de judô do clube Rio Negro. Em 2011 fundou a AEAMAM (Associação Esportiva de Artes Marciais Amazônica), iniciando um novo ciclo de dedicação ao judô local.

Paulo Lourenço, Raphael Phillip Alves, Eduardo Ribeiro e Denise Oliveira © FEJAMA

A eleição da nova diretoria da Federação de Judô do Amazonas ocorreu em 31 de março de 2025, durante assembleia geral ordinária realizada na sede do Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas. A reunião foi conduzida pela comissão eleitoral formada por membros do Conselho de Ética da entidade, conforme edital e regimento previamente aprovados. Denise Oliveira foi eleita presidente da FEJAMA para o quadriênio 2025–2029, tendo ao seu lado o professor Eduardo Ribeiro como primeiro vice-presidente e o professor Adriano Vieira como segundo vice-presidente. A nova diretoria tomou posse no mesmo dia e estará à frente da entidade até 31 de março de 2029.

Segundo a sensei Denise Oliveira, a nova diretoria foi formada com muito critério, respeitando a diversidade técnica, regional e institucional do judô amazonense. Ao seu lado, estão dois nomes que reforçam esse compromisso: o professor ni-dan (2º dan) Eduardo Ribeiro, primeiro vice-presidente, servidor público estadual com formação em administração e bacharelado em direito, pós-graduado em gerenciamento de projetos pela Universidade Gama Filho e doutorando em ciências jurídicas, com ampla experiência em gestão e processos corporativos; e o professor Adriano Vieira, segundo vice-presidente, também ni-dan (2º dan), empresário do setor de TI e Telecom, com larga vivência nas áreas administrativa e financeira, e comprometido com a modernização da Federação por meio da implantação de uma infraestrutura tecnológica voltada à eficiência e à transparência. “Tenho a honra de contar com pessoas éticas e verdadeiramente comprometidas com a construção de uma FEJAMA mais forte, representativa e conectada com o seu tempo. Juntos, estamos iniciando uma gestão baseada no diálogo, na transparência e na escuta ativa”, afirmou.

Gestão

A seguir, a nova presidente da Federação do Judô do Amazonas detalha suas propostas e diretrizes para o quadriênio 2025–2029.

Antes de ser eleita, você ocupou cargos na FEJAMA?

Sim. Antes de assumir a presidência da FEJAMA, atuei como vice-presidente da entidade. Essa experiência foi extremamente enriquecedora, pois me permitiu conhecer a fundo os bastidores da gestão esportiva, participar de decisões estratégicas e compreender melhor a realidade das agremiações, dos atletas, professores e árbitros. Essa trajetória me preparou para exercer agora uma presidência pautada pela inovação, escuta ativa e fortalecimento coletivo.

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Quais serão as prioridades imediatas da sua gestão, especialmente no que diz respeito à organização interna da entidade?

Nosso primeiro eixo de ação é a reestruturação administrativa da FEJAMA, guiada por uma visão de transparência, eficiência e proximidade com os filiados. Vamos modernizar os processos internos com a implantação de um sistema de gestão online, permitindo o cadastro digital de atletas, professores e agremiações, além da emissão automatizada de certidões e documentos. Também reformaremos a sede da Federação, tornando-a mais funcional e acolhedora para nossos filiados e visitantes. Outro pilar dessa modernização será a criação de comissões temáticas com representantes das agremiações filiadas, promovendo uma governança participativa e conectada com a realidade de quem vive o judô no dia a dia.

Como a nova gestão pretende ampliar o acesso ao judô nos municípios distantes da capital?

A interiorização é uma das nossas prioridades. Vamos criar polos regionais de referência, capacitar profissionais em suas próprias regiões e promover competições itinerantes em parceria com as prefeituras. Também iremos fomentar a formação de núcleos escolares em comunidades mais afastadas, integrando esporte, educação e inclusão social. O projeto “Judô nos Municípios” será uma das marcas da nossa gestão, levando material, suporte técnico e formação diretamente ao interior.

Quais são os planos para capacitação de professores, técnicos e árbitros?

A qualificação técnica é o principal pilar da nossa gestão. Vamos instituir um calendário permanente de cursos, reciclagens e certificações para todos os níveis. Buscaremos parcerias com a CBJ e instituições de ensino superior para oferecer formações reconhecidas nacionalmente. Também vamos implantar uma plataforma de ensino a distância, garantindo acesso às oportunidades para profissionais do interior.

Que ações estão previstas para fortalecer a base e formar novos talentos?

Nosso projeto “Base Forte, Futuro Campeão” tem como foco a formação completa de jovens judocas. Vamos criar núcleos sociais de iniciação ao judô, firmar parcerias com escolas, promover competições de base e monitorar continuamente o rendimento técnico dos atletas. Queremos proporcionar acompanhamento multidisciplinar e intercâmbios com outras federações, ampliando a vivência competitiva e cultural dos judocas em formação.

Raphael Phillip Alves, Paulo Lourenço, Eduardo Ribeiro, Denise Oliveira, David Azevedo, Rayfan Barbosa e Rafael Barbosa © FEJAMA

Já houve articulação com a CBJ e outras instituições para projetos conjuntos?

Sim. Estabelecemos diálogo direto com a CBJ para homologar projetos e buscar apoio técnico. Também estamos articulando com secretarias estaduais e municipais e com o setor privado, via Lei de Incentivo ao Esporte. A ideia é criar uma rede ampla e sustentável que garanta recursos para a interiorização, qualificação e eventos de grande porte no Amazonas.

Sua eleição representa um marco para o protagonismo feminino. Como você encara essa conquista?

Ser a primeira mulher negra eleita presidente da FEJAMA é um divisor de águas. Assumo com humildade e senso de responsabilidade. Vamos criar a Comissão de Mulheres no Judô Amazonense, promover a formação de técnicas, árbitras e gestoras, combater qualquer forma de discriminação e estimular o debate sobre equidade de gênero. Queremos retirar barreiras e abrir caminhos para mais mulheres assumirem espaços de comando e liderança.

Que transformações você espera consolidar ao fim da sua gestão?

Desejo ver uma FEJAMA mais forte, transparente, participativa e conectada com seus filiados. Quero deixar como legado a interiorização efetiva do judô, um sistema digitalizado de gestão, uma base técnica qualificada e um ambiente acolhedor e inclusivo para todos. Esses são os pilares que guiarão a nossa gestão rumo a um novo ciclo de prosperidade para o judô do Amazonas.

Denise Oliveira recebe as chaves da FEJAMA de David Azevedo, ex-presidente da entidade © FEJAMA

Qual é a sua leitura sobre o momento atual do judô nacional?

Entendo que vivemos um momento de reconstrução no judô brasileiro. A gestão técnica da CBJ demonstrou maturidade e competência nos Jogos de Paris, consolidando resultados e ampliando a visibilidade da modalidade no cenário midiático nacional. Agora, com a volta do professor Paulo Wanderley à presidência da Confederação, temos à frente da entidade uma liderança experiente, conhecedora das estruturas esportivas e comprometida com o fortalecimento do judô em todas as suas dimensões. Sua presença renova a confiança em uma gestão integrada, capaz de unir planejamento, sensibilidade institucional e avanço técnico. Acredito que, sob sua condução, todos os estados terão a oportunidade de crescer de forma articulada, com equilíbrio entre a base e o alto rendimento, entre a tradição e a inovação.

Como você avalia a composição da nova diretoria da FEJAMA e qual a mensagem que gostaria de deixar para os professores e lideranças do judô amazonense neste novo ciclo?

A nova diretoria foi formada com muito critério, respeitando a diversidade técnica, regional e institucional do nosso Estado. Ao lado do professor Eduardo Ribeiro, primeiro vice-presidente, e do professor Adriano Vieira, segundo vice-presidente, tenho a honra de contar com pessoas comprometidas com o judô, com a ética e com a construção de uma FEJAMA mais forte e representativa. Juntos, estamos iniciando uma gestão baseada no diálogo, na transparência e na escuta ativa.

Aproveito para conclamar todos os professores, técnicos, árbitros e dirigentes das agremiações a se unirem a esse projeto. O momento é de somar forças. O Amazonas é grande demais para que avancemos divididos. Precisamos de uma FEJAMA plural, acolhedora e conectada com a realidade dos seus filiados. Tenho certeza de que, com união e trabalho coletivo, faremos história juntos.

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