19 de dezembro de 2024
Comandante do karatê tradicional paranaense avalia gestão e adianta planos
Jean Laure Oliveira, presidente da FKTPr, pretende continuar treinando e competindo, mas não negligencia a gestão para construir uma federação mais visível e forte.
Por Paulo Pinto / Global Sports
17 de outubro de 2023 / Curitiba (PR)
Depois de obter grande êxito em ações voltadas principalmente para os atletas e as competições, Jean Laure Edoardo Oliveira, presidente da Federação de Karatê-dô Tradicional do Paraná, revela que está em andamento um projeto para viabilizar uma sede para a entidade. O objetivo é criar espaço para que a FKTPr execute programas sociais e atenda aos jovens das comunidades.
“Estamos mantendo conversas com alguns parlamentares e nossos patrocinadores para levar às crianças conhecimento sobre o mundo do esporte, karatê em particular, de uma forma diferente. Não apenas visando à formação de futuros atletas, mas também de cidadãos diferenciados”, informou o dirigente.
Para conseguir essa realização é necessário que a entidade seja conhecida, que realize eventos públicos. E é nisso que Jean Laure tem concentrado grande parte de seu tempo. “Procuramos ajudar os atletas e a federação a terem visibilidade maior dentro da sociedade. As competições, em âmbito estadual, nacional e até internacional, nos permitem conseguir mais recursos financeiros, demonstrando a representatividade da federação na inclusão e no rendimento.
Simples não é. Há momentos mais fáceis e outros mais difíceis, mas Jean Laure se apoia no grupo de diretores para tomar decisões com maior tranquilidade. “Claro que todo gestor vai tomar decisões que não satisfazem a todos. Algumas vão agradar os atletas, mas não os professores, e vice-versa.” O enfoque em atletas, observa Jean Laure, não prejudica a gestão social. Ele e o diretor técnico Ricardo Buzzi, que também é técnico da seleção brasileira, percorrem o Paraná ministrando cursos em projetos sociais de várias cidades.
“Talvez os projetos não alcancem o nível de outras gestões. Por sermos atletas, assim como outros dirigentes, acabamos levando a gestão mais para esse lado. Acredito que alguns dos nossos colaboradores não concordem com isso, e acho normal. Mas uma coisa é não concordar, outra é trabalhar contra. Quem não participa de um evento da federação, por exemplo, não está prejudicando somente a entidade, mas a si mesmo.”
A FKTPr trabalha atualmente com 35 agremiações filiadas – eram 24 no início da atual gestão – mas nem todas vão a todas as competições. Geralmente preferem eventos menores, em suas regiões ou próximas, e Jean Laure empenha-se agora em organizar um campeonato estadual de grande repercussão, e com a participação de todos os filiados. Ele entende que com essa visibilidade seja possível angariar mais apoio, patrocínios e melhorar a qualidade dos eventos.
O dirigente avalia que já vem conseguindo sucesso nessa jornada, graças ao profissionalismo dos árbitros por meio de cursos específicos, à qualificação técnica dos participantes e ao novo formato de disputa dos campeonatos. A última Copa dos Campeões promovida pela federação atraiu 350 atletas e teve transmissão online. Sem nenhum custo para os atletas.
“Nós precisamos dessa força estadual dos nossos associados para conseguir cada vez mais profissionalizar os eventos e para obter adesão até das prefeituras, além das academias, trazendo patrocínios em nível local.”
Jean Laure admite que não estava preparado para ocupar a presidência da FKTPr, pois participava como vice da chapa vencedora. Quanto precisou assumir, teve de aceitar o desafio. “Acredito que amadureci como ser humano, estando na gestão de uma organização que existe há muitos anos, comandada por gestores que me precederam”, avalia. “Converso com toda a diretoria, peço conselhos aos mais velhos, e acabo tomando decisões com base nessa orientação.”
Ele só tem elogios para a renovação que o professor Gilberto Gaertner imprimiu à Federação Internacional de Karatê, incorporando mais países, trazendo novas ideias e dando mais dinamismo à instituição. Quando se trata do Brasil, porém, o dirigente paranaense faz algumas considerações. “Em nível nacional acho necessária uma renovação de pensamentos, mais energia, pessoas com ideias novas para a evolução do karatê. Acredito que todos os atletas gostariam de participar de um campeonato e ter um respaldo bem assertivo da confederação.”
Em busca de títulos importantes
Ao assumir o comando da FKTPr Jean Laure decidiu que ainda não era hora de parar com os treinos e competições. “A federação está indo bem, meus colegas de trabalho me auxiliam e acredito que dou conta, embora sobrecarregado.” Pai de família, aluno de Educação Física e dono da academia onde dá aulas, o presidente da FKTPr reserva dois dias da semana para sua preparação de atleta. “Terça e quinta, na parte da tarde, eu faço preparação física, fisioterapia e tratamentos, e ainda treino karatê à noite e durante a semana com os meus alunos mais graduados.”
Seu principal aliado é o professor Wagner Mendes, hoje personal trainer, com o qual Jean Laure começou a fazer sua preparação física, aos 14 anos. Faixa preta desde 1993, graduado em Educação Física, com duas pós-graduações na área de treinamento esportivo, inclusive no exterior, Wagner foi responsável pela preparação de Jean Laure em 2018, quando foi campeão brasileiro, tricampeão pan-americano e campeão da Copa Nishiyama.
A equipe de apoio do atleta inclui ainda fisioterapia na clínica da doutora Karla Simas, no Jardim das Américas, e tratamento para prevenção de lesões na piscina da Incorpore. O parceiro nos treinos de karatê é Ricardo Buzzi, terças-feiras à noite na academia Bodhidharma.
“Ainda não estou no meu melhor momento. Agora eu estou fazendo uma preparação para o campeonato Pan-Americano que acontece em novembro em São José dos Pinhais (PR), mas o que eu almejo mesmo é o campeonato mundial no ano que vem. Espero chegar ao meu melhor momento até lá.”
Combinar gestão e carreira como atleta não parece trazer grandes problemas a Jean Laure. “Quanto se trata de uma competição estadual eu fico mais preocupado também com a organização. Mas se for um campeonato nacional só me concentro no trabalho de atleta, e até ajudo os companheiros.”
Wagner Mendes confirma que o karatê é a vida do Jean. “Alguém disse que para dominar os fundamentos do futebol o jogador tem de dormir com a bola. Na minha visão o Jean dorme com o kimono, pois ele vê e revê suas próprias lutas, pensa em formas de melhorar como atleta e como dirigente. Ele valoriza demais toda a equipe que o acompanha à frente da FKTPr e busca absorver o melhor de cada um.”
Wagner lembra que ficou tranquilo quando Jean Laure assumiu o cargo de vice-presidente, pois iria comandar a seleção paranaense e iria conviver com atletas que o admiram. “Mas quando o ex-presidente saiu, pensei que ele enfrentaria um grande desafio, pois não tinha nenhuma vivência na gestão esportiva, especialmente nas questões burocráticas. E realmente me surpreendi. Não pela qualidade do seu trabalho, porque é um homem muito centrado, mas por ele não ter experiência de gestão. O pessoal gosta dele e o apoia muito, principalmente na seleção.”