11 de novembro de 2024
Comitês Olímpicos decepcionados com a decisão de banir torcedores estrangeiros dos Jogos de Tóquio
Vários Comitês Olímpicos nacionais expressaram desapontamento com a decisão de proibir fãs e torcedores internacionais de assistir os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio
Gestão Esportiva
22 de março de 2021
Fonte Geoff Berkeley / Inside the Games
Curitiba (PR)
Devido ao estágio atual da pandemia do coronavírus em todo o planeta, os organizadores japoneses concluíram que era absolutamente impossível garantir que a entrada de pessoas do exterior no Japão fosse realizada de forma segura.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, disse que “realmente lamenta” decepcionar os fãs, as famílias e amigos dos atletas, que não poderão comparecer aos Jogos de Tóquio, mas entende que é uma medida necessária para garantir a segurança do evento.
A proibição foi recebida com sentimentos contraditórios pelos Comitês Olímpicos Nacionais (CONs), cujas esperanças de ver torcedores patrióticos apoiarem seus atletas em Tóquio 2020 foram frustradas.
Kereyn Smith, presidente-executiva do Comitê Olímpico da Nova Zelândia, afirmou entender o raciocínio que levou à dura tomada de decisão, mas admitiu que a situação é desafiadora para torcedores e atletas. “Nossos atletas gostam de conhecer os fãs que estão logo atrás deles enquanto competem no cenário mundial”, disse Smith, que lembrou que, desta vez, o apoio virá da Nova Zelândia, e não das arquibancadas de Tóquio.
“Entendemos que essa difícil decisão foi tomada para reduzir os riscos à saúde pública no Japão e permitir que os organizadores concentrem recursos na entrega de uma edição dos Jogos Olímpicos segura para os atletas e demais envolvidos. Embora esta situação seja decepcionante, conhecemos a expectativa e o desejo que o público da Nova Zelândia criou de viajar com a equipe para o Japão. A torcida japonesa também é conhecida mundialmente por ser uma das mais educadas e fanáticas do mundo e certamente irão torcer e apoiar o time da Nova Zelândia.”
A Associação Olímpica Britânica admitiu que foi uma “decisão vergonhosa”, enquanto o presidente do Comitê Olímpico de Trinidad e Tobago, Brian Lewis, sentiu que a proibição era uma “medida necessária para mitigar riscos”.
Sarah Hirshland, presidente-executiva do Comitê Olímpico e Paraolímpico dos Estados Unidos (USOPC), admitiu que era a notícia a qual jamais esperaria que viesse.
“Nós, como vocês, estamos muito desapontados, mas reconhecemos a natureza complexa em sediar eventos no ambiente global atual impactado pela covid, e o incrível esforço que está sendo desenvolvido para sediar e realizar os Jogos com segurança para todos os atletas do mundo”, disse Hirshland.
“No ano passado, testemunhamos anfitriões de eventos nos Estados Unidos e em todo o mundo sendo forçados a tomar decisões semelhantes e muito difíceis. A dor, a frustração e a decepção sentidas por todos cujos planos foram arruinados é compreensível. É realmente triste que as famílias, amigos e fãs de todo o mundo, que ajudam a tornar os Jogos uma celebração global, não possam comparecer”, disse a dirigente norte-americana.
“Só podemos tentar imaginar o peso da responsabilidade sentida pelos anfitriões – juntamente com o COI e IPC, para oferecer aos participantes e à comunidade japonesa o ambiente mais seguro possível, e reconhecemos que a segurança tem que ser a prioridade.”
Hirshland concluiu afirmando que o USOPC vai estudar a criação de novas maneiras de conectar os fãs com os atletas que irão competir no Japão.
Michael Payne, ex-diretor de marketing do COI, temia um desastre legal iminente e reiterou que o governo japonês deve garantir que todos os espectadores, especialmente as famílias dos atletas, recebam o reembolso total dos gastos com ingressos e hotéis.
A insidethegames revelou exclusivamente na sexta-feira (19) que um apelo tardio havia sido feito por revendedores autorizados de ingressos (ATRs), agentes oficiais nomeados para vender pacotes aos estrangeiros para as Olimpíadas e Paraolimpíadas, para não proibir os torcedores internacionais de comparecer aos Jogos.
Os ATRs, nomeados pelos CONs para vender ingressos em todos os países do mundo escreveram à presidente da Tóquio 2020, Seiko Hashimoto e Bach, para protestar contra a proibição iminente. Os organizadores afirmaram que os portadores de ingressos do exterior em breve serão informados sobre como proceder para obter o reembolso.
Cerca de 4,5 milhões de ingressos foram vendidos para residentes japoneses, sendo estimado um milhão de ingressos vendidos no exterior.
A revendedora de ingressos CoSport disse que tem esperanças de que as Olimpíadas deste ano sejam “um ponto de inflexão global” para a indústria, mas admitiu que a decisão de barrar a presença de espectadores internacionais foi “um ato decepcionante”.
A organização anunciou que trabalhará com o Comitê organizador da Tokyo 2020 e os hotéis japoneses para garantir o reembolso a todos torcedores estrangeiros.
Em comunicado, a CoSport adiantou que o processo de reembolso que Tóquio 2020 se desenvolverá de forma semelhante aos reembolsos fornecidos para aqueles que escolheram a opção de não comparecer devido ao adiamento. “Aprendemos com essa situação sem precedentes e estamos nos empenhando para tornar o processo mais suave possível.”
A CoSport avisou que o processo poderia levar “algum tempo” e pediu paciência e compreensão, insistindo que não era possível fornecer um reembolso de forma imediata.
“Qualquer tentativa de obter um reembolso por meio de terceiros, como empresas de cartão de crédito, em vez de diretamente da CoSport, antes de qualquer anúncio final relacionado à política de reembolso que Tokyo 2020 irá desenvolver, não será efetuada”, acrescentou a declaração. “A experiência mostra que tentativas de burlar o processo oficial apenas complicam o processo e atrasam o reembolso.”