Como sua declaração de renda pode impactar na prática do esporte feminino

Rafaela Silva, ouro nos Jogos Rio 2016 (57kg) e bronze em Paris 2024 por equipes mistas © Ricardo Nogueira / Época

Destinar parte do Imposto de Renda a projetos esportivos pode transformar vidas, ampliar a presença feminina nas modalidades e revelar talentos como Rebeca Andrade e Rafaela Silva.

Por Vinicius Vieira
Curitiba, 29 de março de 2025

Iniciou-se na última semana o período de entrega da declaração de renda, que se estende até o dia 30 de maio. Com o intuito de incentivar a prática de esportes no país, foi sancionada em 2006 a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), que possibilita a dedução de um determinado valor do Imposto de Renda por meio de doações para projetos sociais voltados às diversas manifestações desportivas e paradesportivas distribuídas por todo o território nacional.

A doação se caracteriza como uma contribuição sem retorno financeiro ou contrapartida esperada, com possibilidade de destinar até 7% do IR. Já o patrocínio, efetuado por pessoas jurídicas, é um investimento que uma entidade pública ou privada faz em um evento, atleta ou equipe, e pode representar até 2% do IRPJ.

Rebeca Andrade iniciou sua carreira no projeto social Iniciação Esportiva da Prefeitura de Guarulhos (SP) © Rafael Bello / COB

Essa iniciativa impactou diretamente a quantidade de recursos e investimentos direcionados para a integração de meninas e mulheres no esporte. É graças a incentivos da LIE que hoje conhecemos gigantes como Rebeca Andrade, que iniciou sua carreira no projeto social Iniciação Esportiva da Prefeitura de Guarulhos (SP) e treinou no projeto Futuro Campeão da Confederação Brasileira de Ginástica; Rafaela Silva, que se destacou no judô por meio do Instituto Reação; e Jerusa Geber, que competiu nas Paralimpíadas de Paris representando a Acqua Desportiva.

https://www.sicoob.com.br/web/sicoobcentralscrs

“A Lei de Incentivo ao Esporte é vital para o desenvolvimento dos novos atletas. Ela entrega os recursos necessários para terem melhores condições de treino e competirem em nível nacional e internacional. Seja na captação de recursos para o desenvolvimento esportivo ou como peça fundamental na transformação social, é importante destacar o impacto dessa lei para as mulheres, que por muitos anos foram negligenciadas pelo universo esportivo, e hoje podem contar com um número muito maior de recursos e destaque”, enfatiza Vanessa Pires, CEO e fundadora da Brada, plataforma que conecta empresas e investidores com projetos de impacto positivo.

Lei de Incentivo e o futebol feminino

É impossível falar de esporte no Brasil sem falar de futebol — ainda mais em um momento tão importante para a modalidade feminina no país. Segundo “O Maior Raio-X do Torcedor”, o percentual de brasileiros que assistem a partidas de futebol feminino passou de 38% para 41% entre 2023 e 2024.

Essa evolução também é resultado dos incentivos da LIE, que possibilitaram aos clubes investir mais nas categorias femininas. Em 2024, o Náutico aprovou um projeto com o objetivo de captar R$ 1,5 milhão para serem aplicados na melhoria do ambiente de treinamento, aquisição de equipamentos e transporte da equipe feminina.

A Lei de Incentivo ao Esporte tem sido fundamental para o desenvolvimento do futebol feminino © Divulgação / Vasco da Gama

Entre os gigantes do futebol brasileiro, o Vasco se destacou em 2023 quando, ao comemorar o centenário de sua primeira equipe feminina, publicou no Diário Oficial o plano para captar R$ 6 milhões. O valor foi destinado à reestruturação de todo o departamento: contratação de profissionais exclusivos para o futebol feminino, investimento em infraestrutura — incluindo local de treinos, hospedagem, alimentação e transporte — e um programa de acompanhamento diário da saúde das atletas.

“Quando se trata do futebol feminino, a Lei de Incentivo ao Esporte tem sido fundamental para o crescimento e, sobretudo, para o desenvolvimento da modalidade, proporcionando o fortalecimento dos clubes, atraindo mais investimentos e melhorando as condições estruturais para as atletas”, finaliza Vanessa Pires.

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