19 de novembro de 2024
Confederação Brasileira de Karatê-Dô Tradicional promove gashuku em Guaratuba
O tradicional encontro realizado anualmente no litoral paranaense discutiu aspectos técnicos do karatê, efeitos psicofisiológicos da prática do karatê nas várias faixas etárias, a história e os princípios éticos e filosóficos do karatê-dô tradicional.
Gashuku Karatê-dô Tradicional 2017
31/10/2017
Por PAULO PINTO | Fotos BUDOPRESS e ARQUIIVO/CBKT
Curitiba – PR
Com o apoio da Federação de Karatê-Dô Tradicional do Paraná e a chancela da Confederação Brasileira de Karatê-Dô Tradicional, a Academia Bodhidharma de Curitiba (PR) realizou o gashuku 2017 nos dias 27 e 28 de outubro na praia de Guaratuba (PR).
O tradicional encontro técnico, filosófico e científico reuniu 120 participantes provenientes de cinco Estados: Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Paraná.
As palestras foram ministradas pelos mestres Takuo Arai, Gilberto Gaertner, Sérgio Bastos, Kazuo Nagamine, Antônio Walger, Giordana de Souza e Nelson Santi. O evento foi voltado eminentemente para instrutores e teve excelente resultado tanto técnico quanto na integração e intercâmbio entre os participantes.
O professor Kazuo Nagamine mostrou a base biomecânica das defesas; Sérgio Bastos enumerou as formas de luta em curta distância; Gilberto Gaertner trabalhou a essência dos 15 katas fundamentais do estilo Shotokan; o shihan Takuo Arai abordou o detalhamento e a correção dos katas avançados; Antônio Walger falou sobre os princípios de avaliação e arbitragem; a professora Giordana de Souza ministrou treinamento com tonfa; e Nelson Santi fez um treinamento de distância e tempo aplicados à luta.
Na área científica foram discutidos os efeitos psicofisiológicos da prática do karatê nas várias faixas etárias. No campo filosófico foram abordados a história e os princípios ético-filosóficos do karatê tradicional.
O convívio por meio do treinamento
Na visão do professor Kazuo Nagamine, o encontro foi uma submersão em profundidade, no qual todos compartilham igualmente essa busca.
“Talvez seja a significação mais adequada que encontramos para encontros como o que houve em Guaratuba. O ambiente e as atividades desenvolvidas focaram apenas um só objetivo: o karatê-dô tradicional, num ambiente que contribui totalmente de forma positiva ao aprendizado. A distribuição dos treinos e o aprendizado totalmente voltado à prática faz com que os participantes não percebam a sensação de cansaço físico, a não ser quando retornam aos seus lugares de origem. Certamente todos saem com ânimo e energias renovados, aguardando o próximo gashuku”, avaliou Nagamine.
Sobre o conteúdo programático, ele sintetizou que foram trabalhados os aspectos técnicos básicos que devem ser percebidos na prática do kihon (fundamento), seu link com o kata e como aplicá-lo no kumitê (luta). A importância do movimento de ação e reação, utilizado ao mesmo tempo como defesa e ataque, hikikomi (puxar e avançar a perna) e a troca de passos como fundamento ao treino do de-ai (antecipação ao ataque) foram outros aspectos abordados.
“Num evento como este e com estas características, procuramos a síntese para permitir que, por meio da informação, os participantes obtenham subsídios e possam assimilar o que lhes é transmitido. Creio que o clima criado nestes eventos mantém acesa a chama do entusiasmo tão necessário à nossa prática no dô (caminho)”, concluiu Nagamine.
Técnicas de defesa pessoal com uso da tonfa
No gashuku 2017, a sensei Giordana de Souza apresentou um módulo especial de defesa pessoal com o uso da tonfa, demonstrando e repassando técnicas de defesa e ataque, com exemplos de imobilizações e de uso em diversas situações próximas da realidade cotidiana. Com foco prático, todos os participantes do curso puderam experimentar as várias técnicas e habilidades necessárias para o manuseio da tonfa.
“A utilização da tonfa, aliada às técnicas do karatê, potencializam a eficiência deste equipamento na aplicação de golpes complementares, como o oi-tsuki e mae-geri, por exemplo, após a defesa com a tonfa”, explicou Giordana.
Para muitos participantes esta foi a primeira oportunidade de conhecer e manusear a tonfa como instrumento complementar na defesa pessoal, sendo este um dos objetivos do gashuku, que são permitir o acesso a novos conhecimentos que complementem a formação dos atletas.
O surgimento da tonfa, como tem sido relatado, ocorreu como instrumento de defesa na China e Sudeste Asiático, onde provavelmente evoluiu a partir de ferramentas agrícolas utilizadas no plantio de arroz, explicou Giordana.
Este tipo de cassetete possui um apêndice perpendicular ao cabo que pode ser usado de formas variadas, desde defesa e ataque até desequilíbrio, tração e imobilização. Com o aprimoramento e a difusão dessas técnicas, inúmeros agentes de segurança, militares e civis em todo o mundo usam a tonfa como equipamento básico.
A sensei Giordana de Souza (6º dan), campeã mundial individual de karatê em Treviso, na Itália, em 1994, é especialista em técnicas de defesa pessoal. Há mais de 20 anos ensina e aprimora o uso da tonfa para agentes de segurança pública e privada no Estado do Paraná.