22 de dezembro de 2024
Covid-19 ceifa a vida de um professor laureado pela prática do voluntariado e pelos serviços prestados à comunidade
Argeu Oliveira, delegado regional da 3ª DRJ Centro-Sul, anunciou nesta segunda-feira (9) o falecimento de Paulo Gabarron, um sensei que disseminou o judô fundamentado verdadeiramente no bem ao próximo e no jita-kyoei
Memória
10 de novembro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO
Jaú – SP
Nesta segunda-feira (9) o judô da região Centro-Sul de São Paulo sofreu uma perda gigantesca com o falecimento precoce do professor Paulo Gabarron, de Jaú (SP), vítima da covid-19.
Nascido em 2 de maio de 1978, Paulo Fernando Hernandez Gabarron começou no judô aos 12 anos na antiga sede da Polícia Mirim, em 1986, com o sensei Bento Emanuel Aleixo. Mais tarde interrompeu a prática do judô para formar-se em administração de empresas com ênfase em transporte e logística. Fez MBA em logística e supply chain management e pós-graduação em marketing e em liderança e coaching na gestão de pessoas.
Faixa preta ni-dan (2° dan), foi presidente da Associação de Judô Aleixo, agremiação que ajudou a fundar. Aos 42 anos Gabarron era solteiro e cuidava dos pais Maria Hernandes Gabarron e João Carlos Gabarron.
Por iniciativa do vereador Roberto Carlos Vanucci (Republicanos) no dia 22 de agosto de 2018, em sessão solene na Câmara Municipal de Jaú, sensei Gabarron foi homenageado com a Medalha de Voluntariado devido aos relevantes serviços prestados à comunidade jauense.
Entre as várias iniciativas do sensei Gabarron está o projeto Judô na Paróquia, que inicia a garotada da paróquia de São José na prática de um esporte sadio e disciplinador como o judô. Atuava também no projeto Colmeia do Jardim Pedro Ometto, na Pastoral do Menor e na parceria com as escolas municipais, levando o judô para as crianças sem recursos.
Homenageando o amigo judoca, o padre Thiago Palialogo, da Paróquia de São José, citou o legado de Gabarron. “Sensei Paulo deixa um legado de amor, humildade e doação. Com seu jeito severo, mas carinhoso, mudou a vida de muitas crianças da nossa comunidade. Ensinou-nos que o mais importante no esporte é formarmos boas pessoas e nos dedicarmos ao bem dos outros. Obrigado por sempre nos incentivar e, principalmente, por ser o grande amigo que foi”, disse o padre Thiago.
Seu sensei e amigo de toda a vida, Bento Emanuel Aleixo lamentou a perda precoce de um grande amigo. “Infelizmente conseguimos reunir poucos amigos de verdade em nossas vidas e o Gabarron era um desses amigos de verdade. Era alguém especial com quem eu podia contar em todos os momentos da vida. Lamentavelmente o perdemos prematuramente e certamente todos nós sentiremos muita falta dele.”
Em sua página no Facebook Gabarron escreveu: “A katana era muito mais do que uma arma para um samurai, era a extensão de seu corpo e de sua mente. Forjada em seus detalhes cuidadosamente, desde a ponta até a curvatura da lâmina, era elaborada totalmente à mão. Assim, os samurais virtuosos e honrados faziam de sua espada uma filosofia de vida. Para o samurai, a espada não era apenas um instrumento para matar pessoas, mas sim uma forma de fazer justiça e ajudar as pessoas. A espada ultrapassava seu sentido material, simbolicamente, era como um instrumento capaz de cortar as impurezas da mente.”
A espada de Paulo Gabarron foi o judô e no curto período em que esteve entre nós priorizou fazer o bem e atender àqueles que mais precisavam de uma palavra e um caminho. O judô paulista perde um grande sensei e um homem exemplar que disseminou o judô fundamentado verdadeiramente no bem ao próximo e no jita-kyoei.