Dirigente Sílvio Acácio Borges vira caso de polícia

Em mensagens de áudio extremamente agressivas o presidente da CBJ faz acusações gravíssimas e infundadas contra a diretoria da FPJudô

Gestão Esportiva
11 de fevereiro de 2021
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS
Curitiba – PR

Advogado da Federação Paulista de Judô, Alan Garcia, especialista em direito esportivo, membro da Comissão Federal e Estadual de Direito Esportivo da OAB de Santa Catarina, protocolou nesta quarta-feira (10) queixa-crime contra Sílvio Acácio Borges, presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), por acusar a diretoria da FPJudô de cometer atos ilícitos e promover mercantilismo por meio da negociação de graduações no Estado de São Paulo.

Sílvio Acácio Borges, presidente da CBJ © Budopress

Sílvio Acácio fez esta afirmação no grupo dos presidentes estaduais no aplicativo WhatsApp, canal de comunicação do presidente da CBJ com as entidades filiadas. A mensagem de voz destinava-se aos 27 dirigentes de federações, mas, como sempre acontece, acabou vazando, e os judocas de todo o País ouviram a afronta desrespeitosa, jamais cometida por um líder da modalidade.

O áudio compartilhado em centenas de grupos desrespeita, agride e desqualifica frontalmente judocas examinados, dezenas de professores de alta graduação que compõem as bancas avaliadoras, os membros da comissão de graduação e os dirigentes do Estado de São Paulo.

Alan Garcia, advogado da FPJudô © Budopress

“Exemplificando, seria como acusar uma universidade credenciada e aprovada pelo MEC de mercantilizar seus diplomas superiores e cometer atos ilegais”, disse Garcia.

Na prática, Sílvio Acácio acusa o processo de graduação paulista de ser comercial. E, na realidade, pela ética e respeito que o judô ensina, chegar a uma faixa preta significa de fato uma graduação de ensino superior.

“Lembro que a liberdade de expressão não é absoluta (artigo 5º, IV, da Constituição Federal de 1988). Ela encontra seu limite na inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, pena da inviabilidade da vida social, nesse mundo tecnológico, no qual cada um diz o que pensa e intui, e olvida o outro, esquecendo das instituições públicas para apuração dos fatos criminosos”, lembrou o advogado.

A queixa-crime contra Sílvio Acácio Borges, foi realizada no 1º Distrito Policial de São Bernardo do Campo © Budopress

A liberdade de manifestação não é passível de exercício irrestrito, com excessos, ou seja, acusar uma entidade de tamanha importância e significado para seus filiados como a FPJudô, professores, árbitros e dirigentes de cometer “atos ilícitos e de promover mercantilismos baratos de graduações no Estado paulista”.

Ademais, segundo o defensor, o senhor Sílvio Acácio Borges extrapolou visivelmente o limite do aceitável e da cordialidade que deveria pautar a relação da entidade máxima do judô nacional com seus filiados.

“Além de gratuitamente ter ofertado acusações de atos ilícitos e promoção de mercantilismos barato de graduação no judô paulista, a qual refutou como sua atitude normal, sendo gerente máximo do judô nacional, presidente da Confederação Brasileira de Judô. Ou seja, sua obrigação estatutária é defender e zelar pelas entidades e federações; na mais remota hipótese, deveria convocar os envolvidos, se é que houve irregularidade, para resolver o problema, e não sair acusando como bem entende, atitude totalmente destemperada e extemporânea que não se espera de em verdade líder”, disse Alan Garcia.

Cópia do termo de declarações

Por fim, agora é função do Ministério Publico de São Paulo apurar os fatos, ouvir os áudios e testemunhas e, ao final, cuidar que a justiça prevaleça, concluiu o advogado da FPJudô.

Na tentativa de obter um posicionamento dos diretores da FPJudô, ouvimos apenas que os dirigentes paulistas lamentam as calúnias proferidas pelo presidente da CBJ e afirmam que deixarão a justiça avaliar mais este triste episódio protagonizado pelo dirigente nacional.

Ton Pacheco, presidente da FEJET© Budopress

Perplexo, dirigente lamenta ato impensado

Georgton Thome Burjar Moura Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins, considera o caso um dos piores momentos do judô nacional.

“Lamentavelmente a gestão atual não para de nos surpreender negativamente. Jamais na história do judô um dirigente havia cometido um ato tão baixo e agressivo quanto este. O judô paulista é o carro-chefe de nossa modalidade e neste Estado estão os principais professores e profissionais da nossa modalidade. É muito ruim ter de constatar o despreparo do presidente da CBJ na condução de nossa modalidade”, afirmou o dirigente tocantinense.

Ouça na íntegra, o áudio enviado no grupo dos presidentes.

Primeira página do Boletim de Ocorrência