11 de novembro de 2024
Dirigente Sílvio Acácio Borges vira caso de polícia
Em mensagens de áudio extremamente agressivas o presidente da CBJ faz acusações gravíssimas e infundadas contra a diretoria da FPJudô
Gestão Esportiva
11 de fevereiro de 2021
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS
Curitiba – PR
Advogado da Federação Paulista de Judô, Alan Garcia, especialista em direito esportivo, membro da Comissão Federal e Estadual de Direito Esportivo da OAB de Santa Catarina, protocolou nesta quarta-feira (10) queixa-crime contra Sílvio Acácio Borges, presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), por acusar a diretoria da FPJudô de cometer atos ilícitos e promover mercantilismo por meio da negociação de graduações no Estado de São Paulo.
Sílvio Acácio fez esta afirmação no grupo dos presidentes estaduais no aplicativo WhatsApp, canal de comunicação do presidente da CBJ com as entidades filiadas. A mensagem de voz destinava-se aos 27 dirigentes de federações, mas, como sempre acontece, acabou vazando, e os judocas de todo o País ouviram a afronta desrespeitosa, jamais cometida por um líder da modalidade.
O áudio compartilhado em centenas de grupos desrespeita, agride e desqualifica frontalmente judocas examinados, dezenas de professores de alta graduação que compõem as bancas avaliadoras, os membros da comissão de graduação e os dirigentes do Estado de São Paulo.
“Exemplificando, seria como acusar uma universidade credenciada e aprovada pelo MEC de mercantilizar seus diplomas superiores e cometer atos ilegais”, disse Garcia.
Na prática, Sílvio Acácio acusa o processo de graduação paulista de ser comercial. E, na realidade, pela ética e respeito que o judô ensina, chegar a uma faixa preta significa de fato uma graduação de ensino superior.
“Lembro que a liberdade de expressão não é absoluta (artigo 5º, IV, da Constituição Federal de 1988). Ela encontra seu limite na inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, pena da inviabilidade da vida social, nesse mundo tecnológico, no qual cada um diz o que pensa e intui, e olvida o outro, esquecendo das instituições públicas para apuração dos fatos criminosos”, lembrou o advogado.
A liberdade de manifestação não é passível de exercício irrestrito, com excessos, ou seja, acusar uma entidade de tamanha importância e significado para seus filiados como a FPJudô, professores, árbitros e dirigentes de cometer “atos ilícitos e de promover mercantilismos baratos de graduações no Estado paulista”.
Ademais, segundo o defensor, o senhor Sílvio Acácio Borges extrapolou visivelmente o limite do aceitável e da cordialidade que deveria pautar a relação da entidade máxima do judô nacional com seus filiados.
“Além de gratuitamente ter ofertado acusações de atos ilícitos e promoção de mercantilismos barato de graduação no judô paulista, a qual refutou como sua atitude normal, sendo gerente máximo do judô nacional, presidente da Confederação Brasileira de Judô. Ou seja, sua obrigação estatutária é defender e zelar pelas entidades e federações; na mais remota hipótese, deveria convocar os envolvidos, se é que houve irregularidade, para resolver o problema, e não sair acusando como bem entende, atitude totalmente destemperada e extemporânea que não se espera de em verdade líder”, disse Alan Garcia.
Por fim, agora é função do Ministério Publico de São Paulo apurar os fatos, ouvir os áudios e testemunhas e, ao final, cuidar que a justiça prevaleça, concluiu o advogado da FPJudô.
Na tentativa de obter um posicionamento dos diretores da FPJudô, ouvimos apenas que os dirigentes paulistas lamentam as calúnias proferidas pelo presidente da CBJ e afirmam que deixarão a justiça avaliar mais este triste episódio protagonizado pelo dirigente nacional.
Perplexo, dirigente lamenta ato impensado
Georgton Thome Burjar Moura Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins, considera o caso um dos piores momentos do judô nacional.
“Lamentavelmente a gestão atual não para de nos surpreender negativamente. Jamais na história do judô um dirigente havia cometido um ato tão baixo e agressivo quanto este. O judô paulista é o carro-chefe de nossa modalidade e neste Estado estão os principais professores e profissionais da nossa modalidade. É muito ruim ter de constatar o despreparo do presidente da CBJ na condução de nossa modalidade”, afirmou o dirigente tocantinense.
Ouça na íntegra, o áudio enviado no grupo dos presidentes.