22 de novembro de 2024
Dobradinha do Esporte Clube Pinheiros garante uma prata e um bronze para o Brasil em Paris
No segundo dia de disputas do judô nos Jogos de Paris, a dupla comandada por Leandro Guilheiro supera toda a campanha brasileira em Tóquio 2020.
Por Paulo Pinto / Global Sports
27 de julho de 2024 / Curitiba (PR)
Neste domingo, a dupla dos meio-leves Willian Lima (66 kg) e Larissa Pimenta (52 kg) fizeram história, conquistando dois pódios para o Brasil e reafirmando o poderio brasileiro no judô mundial.
Em sua primeira disputa olímpica, o peso meio-leve Willian Lima venceu quatro adversários e caiu apenas na grande final diante da lenda Hifumi Abe, que se sagrou bicampeão olímpico após vencer o brasileiro.
A primeira medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris é a prata conquistada pelo judoca paulista Willian Lima. Mesmo com uma grave lesão no ombro, ele deu muito trabalho ao japonês, que fez dois wazaris e venceu por ippon.
Formado em Mogi das Cruzes pelo talentoso sensei Paulino Teruo Namie, Willian fez quatro lutas brilhantes e dignas de um vice-campeão olímpico, superando grandes nomes dos tatamis da atualidade. O primeiro deles foi o uzbeque Sardor Nurillaev, com um wazari encaixado nos segundos finais do combate. Depois, ele superou Serdar Rahimov, do Turcomenistão, no Golden Score com três shidôs. Nas quartas de final, veio mais uma vitória no Golden Score, desta vez com um wazari contra Baskhuu Yondonperenlei, da Mongólia. Venceu o cazaque Gusman Kyrgyzbayev nas semifinais com um ippon no Golden Score.
Na grande final, Willian venceu a primeira disputa por pegada e deu a primeira entrada, sem sucesso. Com um minuto de luta, Willian levou um shidô por evitar a pegada de Abe. Ele não se abalou e arriscou uma técnica de sacrifício. Na sequência, o japonês conseguiu um contragolpe e jogou de wazari. Abe queria o ippon, mas a pontuação foi mantida. Logo em seguida, aconteceu outro wazari que definiu a medalha de prata para o Brasil. O moldavo Denis Vieru e o cazaque Gusman Kyrgyzbayev completaram o pódio do peso meio-leve com as medalhas de bronze.
Larissa foi guerreira
Completando a atuação brilhante do Brasil em Paris neste domingo, a judoca Larissa Pimenta (52 kg) conquistou a medalha de bronze vencendo sua algoz, a campeã mundial italiana Odette Giuffrida, por shidô no Golden Score. Com a medalha da peso meio-leve, o judô do Brasil obteve 100% de aproveitamento na segunda rodada de disputas em Paris.
Larissa Pimenta assegurou a medalha na disputa do bronze da repescagem, quando chegou a acumular dois shidôs, mas se recuperou e conquistou a segunda medalha do judô brasileiro em Paris após impor três punições em sua adversária.
Natural de São Vicente, Larissa emerge para o restrito grupo de medalhistas olímpicos do judô brasileiro após o longo período de refinamento técnico vivido com a equipe multidisciplinar do Esporte Clube Pinheiros, hoje comandada pelo medalhista olímpico Leandro Guilheiro, dono de dois bronzes olímpicos.
Mais laureada e experiente, Giuffrida esteve nos Jogos do Rio 2016, nos quais conquistou a medalha de prata, e nos Jogos de Tóquio 2020, onde foi medalha de bronze. A italiana também conquistou o ouro no Mundial de Abu Dhabi este ano. Contudo, Larissa foi mais determinada e partiu pra cima da adversária com tudo.
Pimenta cresceu na disputa e não se intimidou, mas a italiana mostrou muito controle de pegada e dificultou a vida da brasileira. Ela tentou uma entrada de frente e quase conseguiu a projeção. O combate estava duro e Larissa buscou o ne-waza. Mesmo assim, levou um shidô por falta de combatividade. Giuffrida era mais ofensiva e arriscava mais a todo momento. No minuto final, Pimenta novamente ficou perto de pontuar, mas a italiana evitou a queda.
Larissa recebeu o segundo shidô no Golden Score, mas a italiana tentava entradas que mais pareciam falsos ataques, sem receber punições da árbitra. A atleta do Pinheiros partiu para o ataque e forçou o primeiro shidô em Giuffrida. Pimenta ganhou gás e passou a buscar mais a luta, e a italiana levou o segundo shidô. Isso pareceu dar mais energia à brasileira, que acelerou o ritmo e a italiana recebeu a terceira punição e foi eliminada.
O pódio do peso meio-leve (52 kg) foi formado por Keldiyorova Diyora (UZB), a campeã; Krasniqi Distria (KOS), a vice-campeã; Larissa Pimenta (BRA) e Amandine Buchard (FRA), terceiras colocadas.
Equipe multidisciplinar
Apesar de um ciclo olímpico atípico e com menos investimento, o departamento de judô do Esporte Clube Pinheiros soube reverter o quadro fazendo uma reestruturação que foi coroada de êxito na França, neste domingo.
Atualmente, a equipe da Zona Sul da capital é comandada por Eduardo Achcar, diretor do departamento de judô do Clube Pinheiros. A comissão técnica é comandada pelo professor kodansha hachi-dan (8º dan) Sérgio Malhado Baldijão. A equipe multidisciplinar conta com expoentes dos tatamis, como o medalhista olímpico Leandro Guilheiro, head coach; Denílson Moraes Lourenço (Zóinho), treinador; Maria Suellen Altman, treinadora; Marcelo Contini, treinador; Lorenzo Capelli, preparador físico; Hamilton da Silva Araújo, fisioterapeuta; Fernanda Bolzan, psicóloga; e João Pinheiro, nutricionista.
Medalhas olímpicas do judô brasileiro
O judô do Brasil passou a disputar os Jogos Olímpicos a partir de Munique 1972. Desde então, o judô brasileiro tem sido uma presença constante nos Jogos, acumulando várias medalhas ao longo das 14 edições disputadas.
Com a medalha de prata de Willian e o bronze de Larissa, o judô brasileiro acumula um total de 26 medalhas olímpicas: quatro de ouro, quatro de prata e 18 de bronze, estabelecendo a média incrível de 1,85 medalhas por cada edição olímpica.