29 de dezembro de 2024
Douglas Brose, Valéria Kumizaki e Vinicius Figueira estão no Top Three da World Karate Federation
Hernani Veríssimo, um dos destaques da nova safra de karatecas, recupera-se de cirurgia e totaliza 1.687 pontos, devendo terminar a temporada no Top Ten da WKF
Ranking WKF
19/05/2018
Por PAULO PINTO I Fotos GERALDO DE PAULA – MARK LYNER
Curitiba – PR
Após a inclusão do karatê no circuito olímpico em 2016, muitos atletas não se deram conta da importância de pontuar no ranking da World Karate Federation (WKF), a principal porta de entrada para os Jogos de Tóquio 2020.
O karatê brasileiro detém três atletas no Top Three do World Ranking List da WKF. Douglas Brose é o número 1 do 60kg, totalizando 5.375 pontos. Com 3.595, Vinicius Figueira é o vice-líder do 67kg e Valéria Kumizaki é a terceira colocada do 55kg, somando 4.660 pontos.
Para fazermos uma avaliação melhor do quadro, e proporcionar uma visão mais ampla aos nossos leitores, ouvimos três vertentes do alto rendimento: Douglas Brose, o karateca bicampeão mundial que acumula maior experiência entre os atletas brasileiros; Diego Spigolon, o técnico brasileiro que mais acompanhou os atletas do Brasil no circuito internacional desta temporada; e William Cardoso, diretor técnico e grande estrategista da CBK, um dos maiores responsáveis pela projeção do Brasil no cenário continental e mundial.
Extremamente focado e dono de um senso de profissionalismo ímpar, Douglas Brose rapidamente assimilou a importância de manter-se no topo do ranking, no qual há meses reina absoluto no 60kg, seguido de perto pelo usbeque Sadriddin Saymatov, que totaliza 4.887.50 pontos.
E fazendo uma avaliação criteriosa sobre a importância de estar bem posicionado no WRL, o bicampeão mundial revelou que a constância nos pódios é fator primordial para chegar bem em 2020.
“O ranking mundial está cada vez mais se ajustando e dentro da realidade de nossa modalidade. Nos últimos anos não vimos todos os atletas participando nas etapas da liga e do circuito mundial, e isso gerou uma diferença no ranking que finalmente começa a se ajustar. O WRL é muito importante, mas temos de levar em consideração os resultados dos atletas nos últimos eventos, e graças a Deus tenho mantido uma constância muito boa. Nos últimos oito torneios que atuei e na Premier League obtive seis medalhas, e isso é muito interessante porque, além de me projetar na classificação, mostra de forma fidedigna que estou entre os melhores do mundo em meu peso. O mais difícil não é chegar no topo e sim manter-me lá. Para atingir este objetivo não preciso necessariamente ganhar tudo. Tenho apenas de pontuar em todas as competições”, explicou o bicampeão mundial.
William Cardoso, diretor técnico da Confederação Brasileira de Karatê, detalhou a importância do complexo processo de inclusão dos atletas brasileiros no ranking mundial.
“Inicialmente é muito importante entender que a seleção brasileira possui hoje 24 atletas titulares, sendo que 12 são novatos e entraram na seleção principal neste ano. Isso faz com que estes atletas ainda estejam zerados no ranking mundial, por terem começado em janeiro sem nenhuma pontuação. A nossa meta principal era manter os atletas que possuíam ranqueamento entre os 100 primeiros colocados. No primeiro semestre o circuito mundial é constituído de sete etapas disputadas na Europa e Ásia, o que dificulta muito a participação de atletas da América. E só participam da Premier League os que estão entre os 100 primeiros colocados no ranking mundial. Quem estiver fora não pode nem fazer inscrição, podendo participar apenas da Série A, cuja pontuação é muito menor.”
”Em junho teremos o Campeonato Pan-Americano Sênior, no Chile, que soma muitos pontos no ranking. Isso faz com que os atletas da América subam rapidamente no ranking, ou seja, achamos que a partir de junho teremos muitos atletas entre os 100 primeiros e com chances reais de se projetarem no WRL. Dos 12 atletas brasileiros que estavam ranqueados até janeiro, tínhamos 11 entre os 100 mais bem colocados. Após a nova atualização em maio, conseguimos mantê-los nessa condição, permitindo que participem de etapas do circuito mundial”, disse William.
Diego Spigolon, coordenador de kumitê da seleção brasileira sênior feminina, enfatizou o empenho da Confederação Brasileira de Karatê para inserir um número cada vez maior de atletas no circuito mundial.
“Minha avaliação sobre o Brasil ter hoje três atletas no Top Three do ranking mundial é altamente positiva, mas acredito que podemos ir muito além disso e incluir mais atletas no Top Ten. Temos potencial de sobra para isto. Com a aproximação cada vez maior entre a CBK e o Comitê Olímpico do Brasil, penso que as coisas tendem a ser viabilizadas. Já não é de hoje que a nova gestão da CBK tem buscado viabilizar a participação cada vez maior de atletas brasileiros no circuito internacional e na liga mundial, e isso tem proporcionado maior participação e projeção do Brasil no ranking mundial”, disse Spigolon.
Concentrado junto com a seleção brasileira na Bahia, Douglas Brose explicou a importância dos Jogos Sul-Americanos e falou sobre as vantagens que o Campeonato Pan-Americano sênior oferece.
“Estamos concentrados para os Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, uma competição muito importante porque garante vaga para os Jogos Pan-Americanos que se realizarão no ano que vem e dá uma certa prioridade na escolha dos atletas que irão para os Jogos Olímpicos. O Campeonato Pan-Americano tem fator 6 na pontuação e é um campeonato continental muito importante. É uma competição muito mais fácil, tendo em vista que são poucos os atletas do continente americano que se destacam no cenário mundial, mas pontua muito bem. Contudo, uma luta de karatê pode ser decidida em menos de um segundo e se dermos um vacilo podemos perder para um atleta bom, mediano ou ruim. Daí a importância de respeitar sempre todos os adversários e entrar no koto 100% focado”, concluiu o bicampeão mundial.
William Cardoso reiterou que neste primeiro semestre o karatê do Brasil teve uma participação recorde no circuito mundial.
“Focando especificamente os doze atletas novos, lembro que seis deles conseguiram pontuar e entrar no ranking mundial, e foram justamente os que atuaram nas etapas do circuito mundial. Tivemos 38 atuações neste primeiro semestre, uma participação recorde na história do karatê do Brasil. A Valéria e o Vinícius atuaram nas seis etapas realizadas até aqui, e a sétima será na Turquia, na mesma época em que estaremos indo para o pan-americano, e eles não irão a esta etapa. O Douglas atuou de cinco etapas. Tivemos também dois atletas que competiram em três etapas, um atleta atuou em duas, e assim por diante. Isso fez com que estes karatecas se mantivessem no ranking entre os 100, e mais seis entrassem no ranking mundial”, explicou William.
Pela constante participação e pelos bons resultados obtidos Vinicius Figueira, Valéria Kumizaki e Douglas Brose se mantêm no Top Three. Ernani Veríssimo é outro atleta que certamente trará bons resultados. Em janeiro ocupava a 13º posição do 75kg, mas devido à cirurgia figura hoje no 16º lugar. Ele está voltando e certamente conquistará bons resultados, especialmente no campeonato pan-americano.
Destacando a importante colaboração prestada pelo COB, o diretor técnico da CBK afirmou que o Comitê Olímpico do Brasil é hoje um fator preponderante na conquista de medalhas e na manutenção dos karatecas brasileiros no ranking mundial.
“Após o pan-americano o ranqueamento estará mais estável e abrangente e teremos definido os 12 atletas que disputarão o campeonato mundial. Há projetos de o COB financiar juntamente com a CBK etapas do circuito mundial como Berlim, Tóquio e China”, explicou.
“Pretendemos ir a todos estes eventos, no entanto estaremos trabalhando de acordo com o ranking, ou seja, de acordo com a classificação desses atletas, buscando atender àqueles que obtiverem melhores resultados e oferecerem perspectivas de subir no ranking mundial. A verdade é que o apoio do COB é primordial, em face do período pré-olímpico que o karatê está passando”, concluiu William Cardoso.