20 de fevereiro de 2025

Nesta edição, o judoca Ernane Ferreira Neves da Silva, atleta do Sesi/SP, 3º colocado no ranking nacional e 37º no ranking mundial da FIJ, bacharel em jornalismo pela Unopar Anhanguera, estreia como colaborador da Revista Budô. Ele narra a saga olímpica de dois personagens muito próximos a ele: Alexandre Dae Jin Lee, responsável técnico da equipe do Sesi, disparado a melhor do Estado de São Paulo em 2023, e Michel Augusto, judoca de 19 anos convocado para representar o Brasil nos Jogos de Paris no peso ligeiro (60kg).
Hoje, vocês conhecerão um pouco da história de duas gerações distintas que compartilham o mesmo sonho nos tatamis, cada um em sua função: um como técnico e outro como atleta.
Alexandre Dae Jin Lee nasceu em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo. Filho de pai coreano e mãe brasileira, Lee começou no judô aos 7 anos de idade. “Minha família, na época, morava no Vale do Paraíba e eu era um menino tipicamente agitado e hiperativo. Encontrei meu lugar no judô. Desde então, não saí mais, e quis me desenvolver, competir e atuar no alto rendimento”, comenta Lee.
Lee tinha apenas 13 anos quando, mostrando a maturidade de um veterano, tomou a decisão que mudaria sua vida: sair de casa em busca de mais conhecimento e treinamento mais completo. Nesse processo, ele conheceu o sensei Uichiro Umakakeba e foi para Bastos, também no interior de São Paulo, mais de 600 km longe da família. Dois anos depois, ingressou no Centro de Excelência (Projeto Futuro) e seguiu para São Paulo. Morou e treinou por três anos no Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, zona central da capital paulista.
Michel e Lee fazendo randori © Anderson Neves
Daí em diante, sua carreira tomou uma projeção enorme, passando por clubes como São Caetano, Prefeitura de Guarulhos e Vasco da Gama. Participou das Olimpíadas de Sydney 2000 como atleta reserva e das Olimpíadas de Atenas 2004 como titular da categoria ligeiro (60kg).
Alexandre Lee completou a formação em Administração de Empresas e, em 2010, recebeu o convite para ser técnico do Clube Paineiras do Morumby. Gerenciou por 11 anos o departamento de judô dessa tradicional agremiação paulistana, período em que conseguiu resultados expressivos. O Paineiras tornou-se um dos principais clubes formadores do País e, de quebra, teve dois atletas convocados para os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio (realizados em 2021, após a pandemia de covid-19). Ainda no Paineiras, um ano antes (em 2019), já havia conquistado o vice-campeonato no Troféu Brasil Interclubes, principal torneio do Brasil na classe adulta.
O mesmo sensei Uichiro Umakakeba, que teve papel importante na vida de Alexandre Lee, marcou presença na trajetória de Michel Augusto. Natural de Bastos, Michel ingressou no judô aos 5 anos, quando decidiu assistir a um treino no dojô da Associação de Judô de Bastos. O menino não teve dúvidas de que aquele era o caminho que queria seguir. Ganhou um judogi e, dias depois, já estava nos tatamis – e de cima deles nunca mais saiu.
Em 2020, Michel deixou Bastos e, assim como Lee, foi para o Centro de Excelência (Projeto Futuro), no Ibirapuera. Treinou lá por um ano, antes de ir para seu atual clube, o Sesi/SP, em 2021.
Michel Augusto comemora vitória na seletiva olímpica © Anderson Neves
Entre seus principais feitos até então, o garoto já havia conquistado o ouro na Copa São Paulo 2017, no Campeonato Paulista 2017, no Campeonato Brasileiro 2017 e no Meeting Nacional 2019. Ele também obteve a medalha de prata no Campeonato Pan-Americano 2017 e o bronze no Campeonato Sul-Americano 2017, além do 7º lugar no Cadet European Cup de Berlim 2019.
Oportunidade no Sesi/SP
Em 2022, Alexandre Lee aceitou a missão de comandar a equipe de alto rendimento esportivo do Sesi/SP, assumindo a função de headcoach do time. Foi quando ele montou o sonhado “dream team”, escolhendo a dedo os profissionais que iriam trabalhar ao seu lado na comissão técnica, e os resultados foram impressionantes.
Resultados expressivos
Nesta nova fase, a equipe do Sesi/SP conquistou diversos títulos. Entre os principais, estão as participações em campeonatos mundiais das categorias sub 18 e sub 21 e a classificação de dois atletas para a seleção principal do Brasil.
Um dos destaques do Sesi/SP desde a chegada do novo headcoach foi o jovem Michel Augusto, que, em seus dois primeiros anos no clube, sob os olhos de Lee, obteve resultados impecáveis. Veja a lista de conquistas de Michel Augusto já sob a coordenação de Alexandre Lee.
Alexandre Lee e Michel Augusto treinando entrada de golpes © Anderson Neves
Medalhas de 2022
Medalhas de 2023
Não há dúvida sobre a importância do conhecimento técnico e dos princípios do judô passados pelo sensei Uichiro Umakakeba. Mas é evidente a evolução que o judoca teve depois que começou a trabalhar com Lee. E quem ganha com parcerias como esta é, sem dúvidas, o judô nacional.
Michel Augusto diz que a figura do sensei Lee é muito importante para sua carreira esportiva: “Ele entende a categoria, pois já vivenciou isso durante vários anos, sabe o que é bom para mim e principalmente aquilo que vai agregar qualidade ao meu aprendizado. Ainda mais por ser uma referência olímpica, que eu tenho todos os dias nos tatamis. Outro fator que ajuda muito é que, como atleta olímpico, ele já passou por várias situações e experiências que eu estou começando a trilhar neste momento, e ele pode me orientar da melhor maneira dentro e fora dos tatamis”.
O ano de 2024 começou a todo vapor para o Michelzinho, como é carinhosamente chamado pelos colegas da equipe. Ele segue fazendo história. Conquistou a medalha de prata no Grand Prix de Portugal e a medalha de ouro no Campeonato Pan-Americano e Oceania. Medalhas que garantiram sua vaga nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Sem sombra de dúvida, a história de um sucessor olímpico está por vir. E será contada nas próximas Olimpíadas.
Para o sonho olímpico, é necessária uma chama única, que é acesa pelas antigas gerações e mantida pelas emoções e motivação das gerações futuras.
20 de fevereiro de 2025
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