Edison Minakawa quer mudar conceitos e aproximar a arbitragem dos demais setores

No seminário realizado em São Bernardo Campo, o gestor nacional de arbitragem da CBJ disse que os árbitros não podem mais ser vistos como bichos-papões ou vilões das competições

Gestão Esportiva
5 de março de 2019
Por PAULO PINTO I Fotos MARCELO LOPES/FPJUDÔ
São Paulo – SP

Com o apoio da Prefeitura de São Bernardo do Campo, a coordenação de arbitragem da Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou a primeira fase do seminário de arbitragem de São Paulo no dia 23 de fevereiro.

O encontro, no Teatro Cenforpe Ruth Cardoso, em São Bernardo do Campo, reuniu 180 árbitros da capital e das delegacias mais próximas da cidade de São Paulo. A segunda fase do curso está programada para 9 de março, no Sesi Horto Florestal de Bauru (SP), onde são esperados mais 120 árbitros.

Takeshi Yokoti, Edison Minakawa, Marilaine Ferrante, Adib Bittar Dib e Joji Kimura perfilados e entoando o Hino Nacional

Mais uma vez o palestrante foi o professor kodansha (7º dan) Edison Minakawa, árbitro FIJ A e gestor nacional de arbitragem da Confederação Brasileira de Judô, que falou sobre as mudanças nas regras promovidas pela FIJ para esta temporada.

“Como fazemos anualmente, nos dias 15 e 16 de janeiro participamos do seminário de arbitragem da Federação Internacional de Judô (FIJ), em Mittersill, na Áustria, e de lá trouxemos o resumo daquilo que foi exposto por Juan Carlos Barcos, diretor de arbitragem da FIJ”, disse Minakawa.

Alessandro Puglia exaltou a qualidade da palestra de Minakawa

“Este ano não tivemos grandes alterações e o que vimos na Áustria foi o reforço dos tópicos mais importantes. Foi justamente sobre estes tópicos que fundamentamos o seminário nacional de arbitragem. Acho muito oportuno dizer que hoje nossos seminários são padronizados. Empenhamos-nos para que o mesmo conteúdo disponibilizado em São Paulo seja apresentado nos demais Estados. Mas em São Bernardo foram enfatizados quatro tópicos importantes: postura; situações de contragolpes, que devem ser muito claras; saídas de área e imobilização”, detalhou o gestor nacional.

“Os árbitros não podem mais ser vistos como os bichos-papões ou vilões da competição. Ao mesmo tempo não cabe mais ao árbitro transmitir uma sensação de arrogância e prepotência, olhando técnicos e atletas de cima para baixo.”

A FPJudô pretende credenciar cerca de 300 árbitros nesta temporada

Ao avaliar a resposta dos árbitros paulistas ao assimilar os tópicos apresentados e o grau de satisfação deles, sensei Minakawa falou sobre as mudanças que pretende impor na relação dos árbitros com os atletas e técnicos.

“Não sou a pessoa mais indicada para avaliar o grau de satisfação dos árbitros que foram ao seminário, mas vou aproveitar a oportunidade para fazer uma confissão. Hoje, me sinto na obrigação de mudar a imagem da arbitragem perante os praticantes e demais envolvidos no processo. Os árbitros não podem mais ser vistos como os bichos-papões ou vilões da competição. Ao mesmo tempo não cabe mais ao árbitro transmitir uma sensação de arrogância e prepotência, olhando técnicos e atletas de cima para baixo. O judô é composto por vários personagens: árbitros, técnicos e atletas, que são o principal elemento neste processo, mas todos têm o mesmo grau de importância e devem buscar o sucesso do espetáculo”, afirmou Minakawa, que também busca o reconhecimento da importância da arbitragem.

Edison Minakawa quer diminuir a distância entre a arbitragem, técnicos e atletas brasileiros

“Tenho esforçado-me muito para fazer com que as pessoas passem a gostar da arbitragem, vejam a importância dela na competição, que olhem para ela com outros olhos e mostrem-se interessadas em entendê-la verdadeiramente. Algo que nos permita interagir com os demais setores da modalidade de forma agradável, e que induza as pessoas a buscarem saber mais sobre este assunto. As coisas hoje estão acontecendo de forma extremamente dinâmica e, se não acompanharmos esta evolução, não chegaremos a lugar nenhum. Vejo a necessidade de conduzirmos os combates com alegria, sendo próximos dos demais envolvidos e transmitindo sempre total confiança. É claro que devemos manter uma determinada conduta, mas precisamos ter o poder de cativar a atenção de todos, fazendo com que busquem conhecer e aprender as regras”, disse.

Alessandro Puglia fazendo o encerramento do seminário de arbitragem de 2019

“É claro que o árbitro tem de ser totalmente imparcial, mas quanto mais as pessoas souberem sobre a arbitragem, menos conflitos teremos nas competições. Penso que neste momento minha maior bandeira é fazer com que as pessoas vejam a arbitragem como algo que realmente interessa a elas, e que entendam que desta forma estarão fazendo judô em sua totalidade”, acrescentou Minakawa.

O comandante da arbitragem nacional finalizou avaliando a importância de encontros como o credenciamento técnico, no sentido de atualizar e mostrar novos caminhos para as pessoas envolvidas no processo de ensino e difusão do judô.

Para o professor Minakawa o credenciamento técnico possui vital importância no desenvolvimento do judô

“Entendo que o credenciamento técnico possui vital importância no desenvolvimento do nosso judô. Eu disse nosso, mas isto abrange o individual e o coletivo. Aqui encontramos quase todo mundo, e só isso já faz o evento valer a pena, mas aqui oxigenamos nossa visão dos fatos e acabamos nos reinventando, e é desta forma que São Paulo se mantém sempre um passo à frente. Mas reafirmo a necessidade de estarmos juntos e focando sempre os mesmos objetivos. Somente unidos chegaremos a um lugar comum. Caso contrário, seguiremos caminhos paralelos e nunca nos encontraremos para rever e discutir nossos pontos de vista. Parabenizo a FPJudô pela capacidade gigantesca de aglutinar professores, já que são encontros como este que valorizam e proporcionam desenvolvimento técnico para o judô”, observou Minakawa.

Além dos 180 árbitros inscritos no seminário, participaram do encontro Alessandro Puglia, presidente da FPJudô; Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô; Adib Bittar Dib, coordenador financeiro da FPJudô; Marco Aurélio Uchida, coordenador de oficiais de mesa: Takeshi Yokoti, coordenador de arbitragem da FPJudô; Marilaine Ferranti, coordenadora-adjunta de arbitragem da FPJudô; vários delegados regionais e professores kodanshas.

Em sua avaliação do encontro, Alessandro Puglia destacou a eloquência e a excelente didática que o professor Minakawa expressa em suas apresentações.

“Seria redundante falar sobre a didática e a destreza do professor Edison em suas apresentações. Ele possui uma visão que transcende a arbitragem e constrói pontes que unem todas as áreas envolvidas na competição. Com este encontro e o seminário para oficiais encerramos os cursos de atualização dos nossos técnicos e árbitros. No dia 9 de março, realizaremos a segunda fase do credenciamento técnico e o seminário de arbitragem, nas dependências do Sesi Horto Florestal em Bauru. Com isto a federação paulista cumpre seu papel, atualizando os quase 2 mil técnicos, árbitros e oficiais que atuarão na temporada 2019”, disse o dirigente.

Edison Minakawa dissertando sobre as mudanças nas regras promovidas pela FIJ para esta temporada

Em nome dos departamentos técnico e de arbitragem da federação paulista, Puglia homenageia sensei Minakawa pelos relevantes serviços prestados ao judô bandeirante

Alessandro Puglia e Edison Minakawa exibem o quadro de medalhas ofertado ao árbitro FIJ A