11 de novembro de 2024
Eleição de Cláudio Augusto Boschi marca o início de nova era no sistema CONFEF/CREFs
Eleito em pleito histórico com diferença inferior a 1% dos votos válidos, dirigente mineiro conclama a união em torno dos interesses da classe
Sistema CONFEF/CREFs
17 de dezembro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS
Rio de Janeiro – RJ
Na última terça-feira (15) completou-se a tão esperada eleição que definiu a composição dos membros do conselho e da presidência do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) para o próximo quadriênio.
O pleito inédito e histórico deve dar início a nova fase para o sistema CONFEF/CREFs e, principalmente, para os profissionais de Educação Física do Brasil.
Por mais paradoxal ou absurdo que possa parecer, o processo de votação começou no dia 25 de outubro via Correios e culminou na contagem manual dos votos realizada durante toda a tarde e parte da noite de terça-feira. Exatamente às 21h09 a contagem terminou e sacramentou a vitória de Cláudio Augusto Boschi, candidato da Chapa 1, apoiada pela situação, com 314 votos. Nelson Leme da Silva Junior, candidato da Chapa 2, da oposição, totalizou 308 votos.
Os números nem haviam sido anunciados oficialmente por Sérgio Tavares, presidente da Comissão Eleitoral do CONFEF, e o candidato da oposição dirigiu-se ao vencedor, cumprimentou-o e desejou sucesso em sua gestão, o que fez com que os ânimos se acalmassem e todos os conselheiros e delegados presentes se cumprimentassem mutuamente.
Em seu primeiro pronunciamento como presidente do sistema CONFEF/CREFs, Cláudio Boschi enalteceu a atitude do seu opositor, que imediatamente respeitou o resultado das urnas e cumprimentou o vencedor.
“O primeiro abraço veio do presidente Nelson Leme, e ele não tem ideia de quanto este gesto foi bom, importante, e me deixou feliz. Foi um grande exemplo de civilidade. Quanto ao restante, a Educação Física fala mais alto que isso. Amanhã regresso a Belo Horizonte e depois nós vamos sentar para discutir o futuro. Mas o fato de ele ter vindo a mim e o abraço que nos demos, como líderes das chapas, é algo que mesmo tendo 69 anos de idade me emocionou bastante”, afirmou Boschi com a voz bastante embargada.
Nelson Leme reiterou que a Chapa 1 venceu o pleito e não havia porque descaracterizar a Educação Física e muito menos macular o sistema. “Nós reconhecemos a vitória e daqui por diante é bola para frente. O sistema é maior que isso e o Boschi merece. O grupo dele trabalhou melhor e não cabe a nós questionar absolutamente nada. Parabéns ao grupo. A Chapa 2 valoriza e respeita muito a vitória do professor Boschi e todo o seu grupo”, disse o dirigente paulista.
Sobre o futuro, Cláudio Boschi foi enfático e mostrou determinação. “O professor Ernani Contursi fez uma sugestão feliz e importantíssima: entre como apaziguador. E é exatamente isso que faremos todos nós. O Cláudio Boschi, o Nelson Leme e toda a Educação Física vamos apaziguar o ambiente e construir um novo cenário porque a Educação Física merece isso. Não houve uma guerra, e sim uma disputa que entendo como sadia. Venho de um Estado no qual a disputa eleitoral está no sangue e no DNA de todos. E volto a enfatizar que a iniciativa do Nelson para comigo, sem que a comissão ainda tivesse feito o anúncio oficial, foi extremamente emblemática e possibilitou aos dois líderes darem juntos um grande passo rumo a um futuro promissor para o nosso segmento”, disse o candidato vencedor.
Outro dirigente visivelmente emocionado foi Jorge Steinhilber, que relatou a emoção de ver um processo em que as pessoas estão buscando o melhor para a profissão.
“Sinceramente, não sei nem o que dizer tamanha é a nossa emoção em presenciar o desfecho de todo esse processo. Após 22 anos de uma construção, vejo um processo em que as pessoas estão buscando cada vez o melhor para a nossa profissão. Tenho certeza de que tudo é uma questão de contextualização. O processo cresce, a profissão cresce, as intervenções modificam e impõem uma série de avanços. Precisamos discutir algumas questões após 22 anos, algumas reavaliações que precisam ser concretizadas, e tenho certeza absoluta de que um processo de eleição contribui muito para este tipo de reflexão”, afirmou.
Sensação do dever cumprido
Sobre o futuro, o professor Steinhilber falou que sai do processo com a sensação do dever cumprido. “Saio com a consciência tranquila, não estarei mais no processo, mas estou certo de que cumprimos nosso dever dentro daquilo que nos foi possível e que daqui para frente seja dado outro passo no sentido do desenvolvimento e do crescimento da nossa profissão. Nossa missão é esta: valorizar sempre o profissional de Educação Física e lutar por ele”, disse o dirigente.
Oposição sadia
Nelson Leme acredita que a diferença de menos de 1% nos votos revela a grande incerteza entre o novo e o continuísmo. “Não faremos uma oposição de oportunismo, mas uma oposição consciente e representativa da vontade dos 308 votos recebidos do colégio eleitoral.”
O representante da Chapa 2 – Pela Voz de Todos revelou o que espera da gestão do professor Boschi. “Esperamos que haja total transparência e compromisso com os profissionais de Educação Física, independentemente do segmento em que atuem. Já de início deve fazer uma auditoria nos 22 anos de um único mandatário, explicando inclusive alguns atos relativos à transferência de recursos financeiros às vésperas da eleição, conforme consta no portal da transparência do CONFEF”, disse Nelson Leme.
“Entendo que o futuro será de reconstrução da Educação Física, manchada por acontecimentos estranhos e fatos envolvendo o atual mandatário do CONFEF”, disse Leme, referindo-se à prorrogação de mandato com seu próprio voto e à alteração da data das eleições, também com seu voto. Em resumo, uma pessoa que interferiu e manchou o caminho da Educação Física no seu maior momento (eleições). “Esperamos comportamento diferente do novo presidente do sistema CONFEF/ CREFs. Que ele aja racionalmente e seja o condutor do sistema com base na vontade da maioria, que não faça uma gestão com mão de ferro e contra a vontade dos profissionais de Educação Física.”