17 de novembro de 2024
Em detrimento dos técnicos preteridos, gestor do Centro Pan-Americano de Judô viaja para acompanhar os Jogos de Lima
Conforme dados do próprio Comitê Olímpico do Brasil, o judô foi uma das modalidades do time Brasil com rendimento e performance abaixo das edições anteriores
Radar
19 de setembro de 2019
Por PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO
Curitiba – PR
Em agosto de 2018 a Budô expôs a farsa do presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que havia alardeado a contratação de um profissional altamente qualificado para assumir a gestão do Centro Pan-Americano de Judô (CPJ), e provamos que o contratado era seu compadre.
Após uma breve investigação nossa reportagem identificou o vínculo familiar de Sílvio Acácio Borges e Iveraldo Carlos Machado, o profissional altamente qualificado – sem nenhuma formação acadêmica em gestão esportiva – que o presidente da CBJ afirmara desconhecer.
Alguns meses após a exposição de mais esta mentira do professor kodansha e árbitro FIJ A Sílvio Acácio Borges, soubemos que a CBJ havia perdido o comando do CPJ e devolvido o equipamento ao governo da Bahia. É importante destacar que desde o fim de 2018 é o governo baiano que comanda a ex-casa do judô verde e amarelo, na praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas (BA), pela qual é responsável.
Contudo, para nossa surpresa, recentemente identificamos Iveraldo Carlos Machado, o compadre do presidente da CBJ, em meio à delegação do judô brasileiro nos XVIII Jogos Pan-Americanos, realizados em Lima, no Peru.
Em paralelo, apuramos que profissionais ligados à área técnica que participaram ativamente da preparação da seleção brasileira não foram ao Peru, como medida de contenção de despesa. Mas para levar o compadre do presidente a Lima, curiosamente, houve recursos.
A partir destes dados iniciamos outra investigação buscando entender o que o ex-funcionário da CBJ responsável por um equipamento na Bahia estava fazendo em Lima, e acabamos descobrindo uma série de situações inexplicáveis e sem o menor sentido.
O maior absurdo é que, mesmo não sendo mais a gestora do Centro Pan-Americano de Judô e tendo apenas uma sala sob a arquibancada da arena, a confederação mantém Iveraldo Machado no cargo de gestor do CPJ à frente de uma equipe que com ele totaliza apenas cinco funcionários, remunerados pela entidade que está no Rio de Janeiro.
Contratado como gestor do centro de treinamento da CBJ, Iveraldo Machado figura na folha de pagamento da entidade como coordenador técnico. Contudo, nas redes sociais da Bahia, ele desfila como o grande gestor do CPJ, onde costumeiramente recebe vereadores, deputados e gente da política local.
O antigo prédio do alojamento e refeitório do CPJ é hoje a sede da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), autarquia da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). No site da entidade, constatamos que agora a Sudesb possui sede própria, na Avenida Praia de Copacabana, 1764 – Ipitanga, município de Lauro de Freitas, ou seja, no Centro Pan-Americano de Judô.
Dá para compreender o tamanho do imbróglio? O compadre do presidente da CBJ é gestor do centro de treinamento que não existe mais, e foi a Lima no lugar dos técnicos que deveriam ter ido para assessorar os atletas da seleção brasileira.
Se o CPJ foi devolvido ao governo baiano que, desde o ano passado, responde pela gestão e a operação daquele equipamento, por que Sílvio Acácio mantém uma equipe de profissionais na Bahia?
O que Iveraldo Machado foi fazer em Lima, e quem pagou suas despesas? O Comitê Olímpico do Brasil, a Secretaria Especial de Esporte ou a Confederação Brasileira de Judô?
Se a principal desculpa para abrir mão do centro de treinamento era contenção de despesas, por que manter uma equipe de profissionais em Lauro de Freitas?
Tentamos obter maiores esclarecimentos junto ao gestor do CPJ, mas até o fechamento desta matéria nossa reportagem não obteve resposta alguma de Iveraldo Carlos Machado, o compadre do presidente da Confederação Brasileira de Judô.
A verdade é que a CBJ não deveria ter nenhum funcionário mais na Bahia, mas devido a motivos escusos e compromissos assumidos o presidente da entidade mantém uma equipe com folha de pagamento bastante expressiva cuidando de uma pequena sala situada sob a arquibancada da arena de um complexo esportivo que um dia foi do judô brasileiro.