19 de novembro de 2024
Em encontro de kodanshas, FPJudô reinaugura dojô do CAT e homenageia Mário Matsuda
Ícones dos tatamis como Massao Shinohara (10° dan), Shuhei Okano (9° dan) e Michiharu Sogabe (9° dan) participaram da homenagem feita à maior lenda do kata da Brasil
Judô Paulista
08/05/2018
Por PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS/FPJUDÔ
São Paulo – SP
Em solenidade que reinaugurou oficialmente o dojô do Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT) da Federação Paulista de Judô (FPJudô), a diretoria da entidade homenageou o professor kodansha (8º dan) Mário Katsumi Matsuda, falecido em 30 de dezembro de 2017.
O encontro realizado no domingo (6 de maio), no dojô do CAT, reuniu 36 professores kodanshas e oito delegados regionais e foi prestigiado por mestres como Massao Shinohara (10° dan), Shuhei Okano (9° dan) e Michiharu Sogabe (9° dan). Os três professores, apesar das dificuldades inerentes à idade bastante avançada, não mediram esforços para homenagear e reverenciar um dos maiores judocas do Brasil.
Os principias dirigentes da FPJudô participaram da solenidade, entre os quais estavam o presidente Alessandro Panitz Puglia; Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra; José Jantália, vice-presidente; Joji Kimura, coordenador técnico; e os delegados regionais Akira Hanawa 14ª (DRJ); Argeu Maurício de Oliveira (3ªDRJ), Cléber do Carmo (12ª DRJ); Jiro Aoyama (7ª DRJ); Osmar Aparecido Feltrim (6ª DRJ); Roberto Joji Chiba Kimura (10ª DRJ); Sidnei Paris (8ª DRJ) e Wilmar Shiraga (5ªDRJ).
Familiares do sensei Mário Matsuda também estiveram no encontro de kodanshas. O filho Rodrigo Matsuda, a nora Andréia Lumi Matsuda, a neta Naomi Matsuda, a sobrinha Meire Matsuda e Rafael Rossi, aluno do sensei Mário, participaram do descerramento da placa.
Além da reinauguração oficial do dojô do CAT e a homenagem prestada, no encontro Alessandro Puglia nomeou o professor kodansha (8º dan) Dante Kanayama coordenador geral dos exames de graduação da FPJudô.
“Peço desculpas pela demora desta indicação, mas fazemos este convite em função dos relevantes serviços prestados à nossa entidade, nas últimas décadas, e tendo a certeza de que com a sua colaboração certamente os exames de graduação da FPJudô deverão acompanhar o processo de ajuste e aperfeiçoamento que o judô paulista vive”, disse o dirigente paulista, que finalizou fazendo um apelo em japonês ao professor Dante: “Onegai-shimasu, sensei Kanayama”.
Na ocasião o presidente da FPJudô também apresentou a nova comissão de graduação da FPJudô, composta por cinco professores.
“O nosso departamento técnico decidiu criar uma nova comissão de graduação da Federação Paulista de Judô. Com isso, todas as solicitações acima de go-dan do Estado de São Paulo serão encaminhadas a esta comissão, que fará uma pré-avaliação e posteriormente decidirá se as enviará ou não para a comissão nacional de graduação da Confederação Brasileira de Judô”, explicou Alessandro Puglia.
Os membros da recém-criada comissão de graduação do Estado de São Paulo são os professores kodanshas Celestino Seiti Shira, Umeo Nakashima, Kanefumi Ura, Yoshiyuki Shimotsu e José Gomes de Medeiros. Membro da comissão nacional de graduação da Confederação Brasileira de Judô, sensei Michiharu Sogabe deu boas-vindas ao grupo recém-criado pela FPJudô.
Alessandro Puglia explicou que a homenagem feita a Mário Matsuda é uma forma de gratidão ao esforço e à persistência de um professor que dedicou sua vida ao desenvolvimento técnico do judô.
“Tive a felicidade de ser aluno do sensei Matsuda no dojô da Rua Bom Pastor, no Ipiranga. Era um espaço muito pequeno, onde transbordava o frutífero trabalho pedagógico desenvolvido por ele. Acho que tudo aquilo que começa de forma correta acaba gerando bons frutos e, pedagogicamente falando, sensei Matsuda ensinava judô com carinho e disciplina. Todos os professores que aprenderam com ele expressam forte sentimento de gratidão. Fez inúmeras incursões pelo interior, contribuindo sobremaneira no desenvolvimento técnico de todas as regiões do Estado, e por muitos anos foi responsável pelo departamento técnico de nossa entidade. Mário Matsuda ajudou a construir o judô que existe hoje em São Paulo, e pela grande contribuição que ofereceu para a modalidade, a partir de hoje este dojô levará seu nome como forma de gratidão de todas as gerações que tiveram e terão a felicidade de desfrutar um pouco do amor que ele dedicou a nossa modalidade”, afirmou o dirigente paulista.
José Jantália relatou a natureza de um professor que dedicou a vida ao saber e à transmissão do conhecimento que acumulou em sua jornada nos tatamis.
“Faço questão de me pronunciar porque tive o prazer de conviver e conhecer o sensei Matsuda. O conhecimento é muito profundo. É algo que todos nós carregamos em nossas mentes e em nossos corações, e o sensei Mário Matsuda possuía um verdadeiro amor ao conhecimento. Algo que vai ao encontro da etimologia da palavra, ou seja, no significado da palavra. No grego, a palavra conhecimento vem de sofia, que expressa o saber daquele que possui conhecimento e é erudito. Mas se formos para o latim, ela expressa o saberi, que é o gosto e o prazer. Para fazermos tudo aquilo que fazemos bem feito, temos de fazer com gosto. E era por isso que o professor Matsuda transmitia seus ensinamentos de forma plena. Ele tinha conhecimento, e o transmitia com gosto e grande prazer. Vivi momentos com Mário Matsuda que deixaram marcas indeléveis em minha vida, e aprendi muito com ele. Ele possuía um lado irreverente, mas colocava o conhecimento acima de qualquer coisa. Era desprovido de orgulho, doava-se a todos de forma equivalente e cultuou o conhecimento até o último instante de sua vida”, disse o vice-presidente da FPJudô.
Bastante emocionado, o professor kodansha Osmar Aparecido Feltrim lembrou que todos os judocas aprendem a cair, levantar e enfrentar o que vem pela frente, mas além do grande carisma o professor Mário Matsuda possuía uma filosofia de vida que o diferenciava dos demais judocas.
“Todos sabem que moro em Fernandópolis, a 600 quilômetros da capital, e quando recebi este convite eu fiz questão de levantar de madrugada e vir ao CAT para homenagear uma pessoa que nos ensinou muita coisa sobre as técnicas do judô, porém ensinou muito mais sobre a filosofia e a história de nossas próprias vidas. Um dos mais expressivos alunos do professor Yoshio Kihara, sensei Mário Matsuda foi um dos maiores seres humanos que conheci e com o qual tive o prazer conviver. Quando meu filho sofreu um acidente, ele sempre encontrava uma forma para me confortar. Uma vez disse que nós sempre vemos a felicidade dos outros e nunca lembramos da nossa, e sentenciou que temos a obrigação de somar na felicidade dos outros, mas temos a obrigação de fazer com que a nossa seja sempre maior, pois ninguém tem a obrigação e nem o compromisso de saber de nossas dores e dificuldades. Que ao cumprimentar uma pessoa devemos fazê-lo de forma alegre, plena, e transmitindo a melhor energia possível. Possuía uma filosofia de vida totalmente diferente, e nunca víamos o Mário triste ou chateado. Ele sempre era amável, preciso e positivo. Acho que era meio sensitivo porque sempre que alguém estava meio caído ele notava e dizia uma palavra de conforto”, relatou Mazinho.
Extremamente atento a tudo que aconteceu no encontro que homenageou seu querido amigo, Massao Shinohara parabenizou a iniciativa da FPJudô e todos que participaram desta grande homenagem.
“Tive o prazer de conviver com o professor Mário Matsuda, e posso afirmar que ele, ao lado dos professores Yoshio Kihara e Miguel Suganuma, foi uma das pessoas mais importantes no processo de desenvolvimento técnico no kata do Brasil. Como pessoa ele foi um ser humano espetacular e quero parabenizar a diretoria da federação paulista por esta importante iniciativa. Hoje eu estou muito feliz”, concluiu o professor kodansha 10º dan.
“Conheço muitas pessoas que são
verdadeiras sumidades, mas, quando chega
o momento de transmitir o conhecimento que
possuem, isto não acontece por
dificuldade ou pela soberba.”
Na sequência Alessandro Puglia pediu que o professor kodansha Francisco de Carvalho Filho definisse quem foi o professor Mário Matsuda.
“Tentar falar ou definir o Mário Matsuda é algo muito difícil, e paradoxalmente, é uma coisa extremamente simples. Se cada um de nós for falar sobre ele, vai contar uma história sobre a relação que teve com ele e obrigatoriamente relatará sua simplicidade. Mas atendendo à solicitação do Puglia vou falar quem era o Mário que eu conheci e com quem convivi por décadas, ao lado de senseis como Nobuo Suga e Miguel Suganuma. Muita gente detém conhecimento, mas o difícil é fazer o que ele fazia: transmitir todo conhecimento que possuía. Ele punha tudo para fora com a maior simplicidade do mundo. Conheço muitas pessoas que são verdadeiras sumidades, mas, quando chega o momento de transmitir conhecimento, isto não acontece por dificuldade ou pela soberba. Já o Mário era muito simples ao transmitir o que sabia. Não vou tentar definir sua personalidade, buscar definições sobre seu caráter ou características, pois todos que o conheceram sabem quem ele foi e podem avaliar a sua importância em nosso cenário”, disse o dirigente, que preferiu externar o carinho e o amor que todos têm por ele.
“Quando cheguei ao comando da FPJ ele assumiu um compromisso com o sensei Nobuo Suga, e eu gostaria muito que o sensei Miguel Suganuma estivesse aqui, hoje, pois ele participou desse encontro bem no início de minha administração. Tínhamos o compromisso de levar o judô para o interior, e num determinado dia ele e o professor Suga pegaram um carro rumo a várias cidades e regiões do Estado. A ideia era ficarem 15 ou 20 dias na estrada sem voltar para casa, e fiquei sabendo que eles fariam o último curso desta viagem em Rio Claro, e fui para aquela cidade. Quando cheguei eles estavam com o carro estacionado na rua, e amarraram cordas no carro para pendurar os judogis que haviam lavado para dar o último curso daquela viagem. Essa era a vida dele, e não havia tempo ruim ou dificuldade que fizesse com que ele esmorecesse ou desanimasse. De forma simples e objetiva, a vida do Mário Matsuda se resumiu no ensino e na difusão do judô essência criado pelo sensei Kano. Tudo que falarmos sobre ele aqui é pouco, e o que eu quero apenas é que todos vocês externem aos familiares dele, que aqui estão, todo o carinho e o amor que guardamos por ele, e não porque ele faleceu, mas é porque ele está vivo entre nós”, cravou Chico do Judô
Professores kodanshas no encontro
Massao Shinohara 10º dan
Michiharu Sogabe 9º dan
Shuhei Okano 9º dan
Celestino Seiti Shira 8º dan
Dante Kanayama 8º dan
Odair Antônio Borges 8º dan
Umeo Nakashima 8º dan
Valdir Melero 8º dan
Francisco de Carvalho Filho 7º dan
José Gomes de Medeiros 7º dan
Josino Francisco de Souza 7º dan
Luiz Yoshio Onmura 7º dan
Maurilio Cesário 7º dan
Osmar Aparecido Feltrim 7º dan
Osvaldo Hatiro Ogawa 7º dan
Tadashi Kimura 7º dan
Yoshiyuki Shimotsu 7º dan
Alessandro Panitz Puglia 6º dan
Antônio Roberto Coimbra 6º dan
Argeu Maurício de Oliveira Neto 6º dan
Cláudio Kiyoshi Kanno 6º dan
Cléber do Carmo 6º dan
Gerardo Siciliano 6º dan
Henrique Serra Azul Guimarães 6º dan
Jiro Aoyama 6º dan
José Gildemar Carvalho 6º dan
José Paulo da Costa Figueiroa 6º dan
José Raimundo da Silva 6º dan
Kanefumi Ura 6º dan
Leandro Alves Pereira 6º dan
Leonel Yoshiki Matsumoto 6º dan
Milton Trajano da Silva 6º dan
Roberto Joji Chiba Kimura 6º dan
Sérgio Barrocas Lex 6º dan
Sidnei Paris 6º dan
Wilmar Terumiti Shiraga 6º dan