18 de novembro de 2024
Em poucas horas de avaliação, candidatos vão da tensão total à alegria absoluta
Ao todo 355 judocas conquistaram a faixa preta ou foram promovidos, e a FPJudô cumpriu importante papel formando e graduando professores que futuramente vão transmitir conhecimento em São Paulo, no Brasil ou em outros países
Exames de Graduação da FPJudô 2018
26 de outubro de 2018
Por PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS / MARCELO LOPES
Mauá – SP
A Federação Paulista de Judô (FPJudô), com apoio da Prefeitura de Mauá, realizou os exames de graduação de 2018 n sábado (20 de outubro) no Ginásio Celso Daniel e no Teatro Municipal de Mauá.
Em nossa avaliação inicial deste importante evento, destacamos os números e o gigantismo do maior e mais antigo exame de graduação realizado no judô verde e amarelo. Nesta segunda matéria vamos pontuar as peculiaridades do evento que encerrou as temporadas da FPJudô aprovando centenas de novos faixas pretas e acrescentando graduação às faixas pretas dos judocas já graduados.
Como não poderia deixar de ser, o clima que antecede os procedimentos é sempre muito tenso. Centenas de faixas marrons serão examinados, avaliados, e quase todos guardam dúvidas e o receio de ser reprovado. Na medida em que os candidatos são examinados e vão sendo aprovados, a adrenalina começa a baixar e, num passe de mágica, o ambiente tenso cede espaço ao clima festivo, de euforia e muita alegria.
Tradicionalmente, o judô bandeirante demonstra particularidades e peculiaridades vistas apenas em São Paulo, e uma cerimônia como a que foi realizada neste fim de semana pelas coordenações técnica e de graduação da FPJudô deixa sempre exemplos claros disso.
Como ressaltamos anteriormente, na banca examinadora composta por 82 examinadores estavam 48 professores kodanshas de altíssima graduação e profunda experiência nos katas, no gokio-go e demais fundamentos do judô.
Entre os renomados professores kodanshas que marcaram presença no evento destacamos o sensei Dante Kanayama, atual coordenador geral dos exames de graduação da FPJudô; Edison Minakawa, coordenador de arbitragem da FPJudô e gestor nacional de arbitragem da Confederação Brasileira de Judô; e Miguel Suganuma, discípulo direto professor Yoshio Kihara e um dos melhores judocas do Brasil nos anos 60, quiçá a maior autoridade do kata do Brasil atualmente.
Outro destaque entre os professores kodanshas foi Roberto Vallim Bellocchi, desembargador da Justiça e ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, homenageado por Alessandro Puglia na abertura da cerimônia de outorga de dans, que recebeu uma placa de honra ao mérito e de amigo do judô paulista.
Entre os examinadores estavam sensei Rioiti Uchida, professor kodansha detentor de numerosos títulos mundiais em kata, e seu filho Wagner Tadashi Uchida. Recém-chegado de Cancún, no México, onde ao lado de Paulo Roberto Alves Ferreira conquistou o título mundial de nage-no-kata. A dupla desembarcou no Brasil na sexta-feira, mas no dia seguinte o campeão mundial foi dar a sua contribuição à banca examinadora paulista.
Entre os judocas graduados pelo ranqueamento vimos Alana Martins Maldonado, atleta paralímpica natural de Tupã (SP), que recebeu o ni-dan de Georgton Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins. Alana Maldonado conquistou a medalha de prata do peso médio nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro em 2016 e foi eleita a melhor judoca paralímpica daquele ano pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
Ainda no ranqueamento presenciamos professores kodanshas tendo a enorme satisfação de entregar as novas graduações para os filhos faixas pretas.
Expressando grande alegria, o professor kodansha Edison Minakawa deu a faixa preta 3º dan (san-dan) a sua filha Camila Satie Ziman Minakawa. Da mesma forma, o professor kodansha Ademir Raimundo Machado entregou a faixa preta 5º dan (go-dan) a seu filho Leônidas Ismael Machado. Bastante emocionado, o professor kodansha Mercival Daminelli entregou a faixa preta 4º dan (yon-dan) ao filho Mercival Breda Daminelli.
Outro fato marcante foi a participação inusitada de Georgton Thomé Burjar Moura Pacheco, presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins. Promovido recentemente ao 6º dan (roku-dan), e com grande histórico de atuação no judô paulista, Ton Pacheco fez questão de vir a São Paulo receber a nova graduação diretamente dos dirigentes paulistas, com os quais dividiu grande parte de sua história e trajetória nos tatamis.
Aikidoca, karateca e faixa preta de judô, aos 80 anos o radialista Osvaldo Quessa, de São João da Boa Vista, conseguiu um feito importantíssimo: a conquista do 5º dan (go-dan). Após longo período afastado dos tatamis, o aluno do professor Marco Aurélio Lodi, da Associação de Judô Jita Kyoei, de Vargem Grande do Sul, focou a retomada de sua graduação e atingiu seu objetivo. Muito feliz com a conquista, após receber seu certificado do medalhista olímpico Henrique Guimarães, Osvaldo disse que a meta agora é obter o 6º dan.
Alessandro Puglia enfatizou a importância de os novos faixas pretas assumirem um papel diferenciado dentro e fora dos tatamis.
“A cada ano formamos centenas de novos judocas e cumprimos esta meta imprescindível, zelando pela qualidade técnica, didática e pedagógica nos futuros mestres. Contudo, é preciso que os candidatos aprovados, que serão professores, compreendam que isso demanda mudança de postura e conduta exemplar, dentro e fora dos tatamis. Este é um dos diferenciais do judô, e nós, da federação paulista, não abrimos mão deste aspecto”, explicou o presidente da Federação Paulista de Judô.
Em seu balanço final Francisco de Carvalho Filho falou sobre a alegria contagiante daqueles que conquistam a tão sonhada faixa preta e de quem obtém promoção de dan.
“Mais uma vez a coordenação de graduação da FPJudô cumpre seu importante papel, que é formar e graduar professores que futuramente deverão fazer a transmissão de conhecimento em São Paulo, no Brasil, e até mesmo no exterior. Hoje temos professores formados em São Paulo ministrando o judô em vários países da Europa, no Canadá e Estados Unidos. No campo pessoal sinto uma grande alegria por compartilhar a felicidade e a emoção dos faixas pretas que se formam a cada ano e daqueles que são promovidos. Formar bons professores é o legado que deixamos para as próximas gerações”, disse o dirigente paulista.