19 de dezembro de 2024
Encontro do CREF paranaense aborda papel da Educação Física na saúde e importância da gestão profissional
Prática da atividade física relacionada à saúde e gestão de carreira foram os temas apresentados pelos Profissionais de Educação Física Marcelo Hagebock e Robinson Simões.
Por Bárbara Lemos / Global Sports
12 de setembro de 2023 / Curitiba (PR)
O Conselho Regional de Educação Física do Estado do Paraná (CREF9/PR) promoveu sábado passado (9) mais duas palestras em comemoração ao mês do Profissional de Educação Física. Marcelo Hagebock Guimarães (CREF 010101-G/PR), conselheiro da instituição e profissional da área da saúde lotado na Secretaria de Saúde de Curitiba, falou sobre os desafios da atividade física relacionada à saúde, enquanto o delegado Robinson Simões Lombardi Pedro (CREF 001937-P/PR) discorreu sobre gestão de carreira. Ambas as palestras puderam ser acompanhadas presencialmente e pelo YouTube.
O conselheiro do CREF9 começou detalhando a descrição de saúde feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1948: “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Entretanto, o palestrante explicou que, se esse conceito for levado ao pé da letra, jamais as pessoas terão saúde, devido às exigências do dia a dia. Mas frisou que o conceito serve como base para que se avalie em que momento o Profissional de Educação Física deve se envolver na saúde das pessoas.
“Dessa forma”, explicou Hagebock, “é necessário partir do princípio de que as políticas públicas devem estar focadas nos condicionantes e determinantes de saúde. Isso significa que para a pessoa ter saúde vários fatores estão envolvidos, entre eles acesso a boa educação, saneamento básico e água, boa alimentação, serviços de saúde, aspectos vinculados a sua habitação e aspectos individuais.”
Para Hagebock, quando se pensa em políticas de saúde no Brasil é fundamental relembrar que a Constituição Federal, em seu artigo 196, estabelece a saúde como direito de todos e dever do Estado, garantido medidas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
É aí que entra a questão da atividade física dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e o papel do Ministério da Saúde (MS) ao desenvolver diversas ações relativas à atividade física em suas políticas. “Além dos benefícios que a atividade física oferece ao indivíduo, o MS vincula essa política à questão econômica. Então, investir na atividade física reduz internamentos, tratamentos com especialistas, exames especializados, cirurgias e diversos outros procedimentos que oneram cada vez mais o SUS. Logo, quando falamos em promover a atividade física, além de mencionarmos todos os benefícios obtidos com a prática, falamos em economia para os cofres públicos e para a sociedade.”
Mas, então, o que é atividade física?
Hagebock respondeu que nada mais é do que qualquer movimento corporal praticado de maneira voluntária, produzindo um gasto energético acima do repouso. “Mas, quando falamos de exercício físico, trata-se de uma atividade planejada, estruturada e repetitiva, que requer a intervenção dos Profissionais de Educação Física, os responsáveis por dinamizar o exercício físico. Ou seja, o exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício físico.”
Marcelo Hagebock informou que há alguns anos o MS já tem a Política Nacional de Atenção Básica (Portaria 2.436 de 21 de setembro de 2017 e a Portaria de Consolidação Nº 2 de 2017) e a Política Nacional de Promoção da Saúde (Portaria de Consolidação Nº 2 de 28 de setembro de 2017), ambas incluindo a atividade física como eixo norteador.
Na avaliação dele, trata-se de um grande ganho para a população e para os Profissionais de Educação Física, pois, se a política oficial considera a atividade física um fator primordial para promoção da saúde, prevenção de doenças e melhora da qualidade de vida do usuário, o Profissional de Educação Física tem de estar presente para fazer essa intervenção nas atividades voltadas ao usuário do SUS.
Desafios da atividade física na saúde
Hagebock falou ainda sobre a importância de o Profissional de Educação Física estar incluído nas políticas públicas, pois foi com base nelas que o MS desenvolveu os programas de incentivo financeiro para atividade física, sendo eles Academia de Saúde (Portaria de Consolidação Nº 5 de 28 de setembro de 2017), Incentivo à Atividade Física/IAF (Portaria Nº 1.105 de 15 de maio de 2022) e Equipe Multidisciplinar/EMULTI (Portaria Nº 635 de 22 de maio de 2023). Com base nisso ele detalhou os principais desafios:
- Gestor municipal conseguir o credenciamento com o MS para custear os seus serviços na atividade física, pois para isso ele precisa ter um Profissional de Educação Física vinculado à Secretaria de Saúde.
- Ter Profissionais de Educação Física capacitados para atuar na saúde pública. Muitos municípios não dispõem de Profissional de Educação Física com formação para atuar na saúde pública ou com interesse em trabalhar nessa área.
- Espaços e estrutura adequados para atendimento da população vinculados às unidades básicas de saúde.
- Promover a atividade física nas escolas. Hoje em dia há apenas duas aulas por semana na grade escolar, muito pouco para proporcionar qualidade de vida.
- Estimular as empresas a promoverem atividades para seus empregados no local de trabalho, já que uma rotina de exercício regular melhora a qualidade de vida, os indicadores de saúde e a produtividade dos funcionários no ambiente de trabalho.
- Mudar o conceito das academias e clubes esportivos para equipamentos de saúde, transformando-os em estabelecimentos de saúde e prestadores de serviço para atender a população encaminhada pelas unidades básicas de saúde.
Em seguida o professor abordou temas como tipos de exercício, como garantir a inclusão social de todos dentro da atividade física, formação profissional, atividade física para cada fase da vida e os níveis de intensidade.
Para finalizar Hagebock ressaltou o papel dos profissionais de saúde em relação à atividade física, citando:
- Conscientizar o beneficiário a adoção de um estilo de vida ativo;
- Estimular o beneficiário a praticar atividade física regularmente e mudar hábitos;
- Conhecer os locais e equipamentos do território;
- Conhecer grupos de prática de atividade física para indicar a participação do beneficiário;
- Orientar o beneficiário a buscar identificar horários para a atividade física.
Para conferir esta palestra na íntegra clique AQUI.
Gestão de carreira
Dando continuidade às palestras do dia, o professor Robinson Simões Lombardi Pedro começou falando que tudo começa na comunicação. Como exemplo citou o momento em que o profissional está dando aula de ginástica: ali ele é o fator decisivo, como o maestro na orquestra. Ele conduz a aula e os alunos devem segui-lo. O mesmo vale na conversa com o cliente. Nos dois casos a arte de se comunicar é fator determinante.
O delegado do CREF9/PR enfatizou que as pessoas tendem a limitar-se a apenas um foco de trabalho e que o profissional tem de ir além. Para isso, a experiência vai fazer a diferença, e conhecer nichos específicos de mercado nos quais poderá atuar vai proporcional progresso.
Dando um exemplo de empreendedorismo, Simões contou que no início da sua carreira fez cartazes com vários tipos de alongamento e os distribuiu a alguns condomínios para que fossem colocados nos elevadores. Dessa forma, ele acabou conhecendo pessoas que se alongavam usando seu cartaz e que se interessaram por seus serviços. Logo após ele fez a sua primeira parceria com a Atlas, oferecendo outros tipos de serviço, e começou a diversificá-los e terceirizá-los.
Personal trainer
Como professor com vasta experiência na área, ele não vê outra forma de chegar ao mercado sem lançar-se. Isso significa que primeiramente é preciso atuar como estagiário ou professor de musculação ou ginástica, mostrando suas habilidades, para depois atuar como personal trainer.
Simões falou ainda sobre o preço das aulas: “É necessário que aquele tempo com o aluno seja mágico; o que o professor propõe tem de valer”. Ele ressaltou também a necessidade de ter objetivos claros e que para atingi-los é preciso interagir com os profissionais da saúde, como médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos.
Ferramentas para redes sociais
Em sua palestra, Simões deu vários exemplos de plataformas e aplicativos que podem ser úteis ao Profissional de Educação Física, sendo eles:
- Canva: plataforma que possibilita criação de logomarcas e posts para as redes sociais;
- FaceApp: aplicativo para tratamento de fotos;
- Capcut: aplicativo para edição de vídeos;
- WhatsApp Bussiness: oferece uma série de formas de abrir um shopping para ofertas de produtos e ensina como precificar aulas e pacotes promocionais;
- Youtube: permite trabalhar com muitas pessoas e agregar conhecimento a quem não possui condições;
- Instagram: usar o Close Friends para monetizar os posts de treinos exclusivos;
- Hotmart: plataforma que permite gravar várias aulas online e vender projetos ou treinos;
- Zoom, Skype, Facetime, WhatsApp: ferramentas para criar aulas online para quem não pode estar presente fisicamente;
- Avaliação Física Pro (consultoria fitness): programa de treinamento online voltado para as pessoas que buscam planejamento de treinos bem orientados, com resultados eficientes, realizado dentro ou fora das academias, com profissionais especializados e treinos individualizados.
Depois de explicar como faz a gestão do seu negócio, Simões enfatizou que as coisas são construídas com o tempo e experiência e que quem se forma em Educação Física é apenas professor de musculação/ginástica. “Mas depois pode dar assessoria de treino, aulas como personal trainer em academias convencionais ou residenciais ou até mesmo montar academias em condomínios. Mas para isso é importante escolher um nicho e trabalhar tendo ele como foco.”
Para conferir essa palestra na íntegra clique AQUI.