15 de novembro de 2024
Federação Internacional de Boxe expõe medidas que estão sendo tomadas para limpar a imagem da AIBA
Corpo diretor da AIBA está tomando todas as medidas necessárias para assegurar que não sejam cometidas injustiças em competições oficiais do esporte
Por Mike Rowbottom / Inside the Games
29 de junho de 2021
Roy Jones Junior, o múltiplo campeão mundial de boxe que notoriamente foi enganado no título olímpico dos pesos meio-leves de 1988, fez uma promessa de ajudar a nova liderança da Federação Internacional de Boxe (AIBA, na sigla em inglês) nas reformas radicais que incluem a investigação dos julgamentos de eventuais fraudes.
Sentado ao lado de Umar Kremlev, o russo que deu início a uma ampla gama de reformas independentes no esporte desde que foi eleito presidente da AIBA em dezembro de 2020, Jones saudou as novas iniciativas e disse que faria tudo que estivesse ao seu alcance para garantir que outros boxeadores não sofressem a injustiça a qual ele foi acometido quando tinha 19 anos, quando o lutador da equipe da casa, Park Si-Hun, recebeu um resultado que repudiou publicamente.
“Definitivamente, quero fazer parte da solução”, disse Jones. “Ver outros braços sendo levantados após decisões de juízes que foram contraditórias e nada a ser feito é uma situação de partir o coração. Eu nunca vou esquecer aquele sentimento quando eles levantaram a mão do coreano e não a minha, então estou aqui para consertar as coisas erradas e este é um grande passo.”
Para o multicampeão de boxe, atitudes assim são imprescindíveis para que seja garantida a integridade geral do esporte e ele, como sofredor de injustiças passadas, pretende ajudar a consertar o problema para as novas gerações de boxeadores não serem prejudicadas por condutas antiéticas adotadas por alguns árbitros no passado recente.
“A integridade do nosso esporte começa na classe juvenil e vai até as Olimpíadas e as classificações profissionais. Não é sobre mim – não quero ver isso acontecer com ninguém nunca mais. Até hoje ainda sinto a injustiça, tinha 19 anos, tinha chegado às Olimpíadas, tinha dado 10 anos da minha vida a isso, e ter a medalha de ouro roubada na final foi horrível.”
Falando online do Canadá, Richard McLaren, o homem responsável por investigar o escândalo de arbitragem cujo exame forense de doping russo levou o país a ser proibido de competir sob sua própria bandeira em grandes eventos – disse que o trabalho já está progredindo bem.
McLaren explicou que a tarefa se dividiria em duas etapas. A primeira seria apurar falhas de julgamento nas Olimpíadas Rio 2016 e também as supostas irregularidades ocorridas no Campeonato Asiático realizado em maio. Esse relatório ainda estava em curso para ser entregue no final de agosto.
“Estamos trabalhando nisso desde 10 de junho, mas recebemos hoje uma excelente cooperação da AIBA em termos de informações do dia a dia para que possamos descobrir a verdade e ajudar a Federação a se engajar no difícil processo de autoreforma “, disse o advogado canadense.
McLaren acrescentou que a segunda fase da investigação envolveu o foco na atividade de indivíduos dentro da AIBA de 2006 até os dias atuais “para estabelecer onde houve atos de corrupção, violação das políticas esportivas ou manipulações por parte dos funcionários da AIBA em relação à competição ou eleições. Nosso objetivo é dar um fim às acusações que há décadas atormentam o boxe “, disse McLaren.
A arbitragem é uma questão fundamental para a AIBA, pois foi uma das áreas destacadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) quando retirou o corpo diretivo de seu status olímpico em junho de 2019. Todos os 36 árbitros e juízes do Rio 2016 foram suspensos por resultados suspeitos.
“Sendo franco, todos nós sabemos que o que aconteceu antes foi um crime. Mas vamos aplicar medidas duras contra os responsáveis - eles não poderão atuar no boxe pelo resto de suas vidas. O que é vital é que temos toda a família do boxe atrás de nós – estamos trabalhando juntos” são as palavras de Umar Kremlev.
Questionado sobre o quão confiante está de que a AIBA retomaria o controle do boxe em Paris 2024, Kremlev respondeu que as recomendações requeridas pelo COI estão sendo implementadas até o final deste ano.