19 de novembro de 2024
FPJudô outorga faixas vermelhas e brancas para delegados regionais
Após um ano em que, com raríssimas exceções, quase nenhum professor do Brasil foi promovido ao 6º dan, quatro paulistas com vasto histórico de dedicação ao desenvolvimento da modalidade foram contemplados com a faixa vermelha e branca
Federação Paulista de Judô
09/02/2018
Por PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO
São Paulo – SP
Em meio às reuniões promovidas nas 16 delegacias regionais da Federação Paulista de Judô (FPJudô) no início de cada temporada, este ano três delegacias viveram clima de festa e grande emoção pela outorga do tão esperado 6º dan aos seus delegados regionais.
Cléber do Carmo, da 12ª DRJ Mogiana; Argeu Maurício de Oliveira, da 3ª DRJ Centro-Sul; e Júlio César Jacopi, da 9ª DRJ ABC, foram agraciados com o 6º dan e passam a integrar o seleto grupo de professores kodanshas do Brasil.
Presente a todas as cerimônias de outorga, Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô, explicou porque foram atípicas e realizadas no início da temporada.
“Na verdade, ainda vamos realizar a cerimônia de entrega de faixas pretas do 1º dan (sho-dan) ao 5º dan (go-dan) no dia 17 de fevereiro, em Mauá. Somente quatro professores serão graduados acima do go-dan. Com isto resolvemos inovar e entregar as faixas aos novos professores kodanshas nas DRJs, em suas regiões”, explicou Carvalho, que detalhou o formato adotado na entrega das faixas.
“Acredito que em São Paulo existam cerca de 60 professores aguardando a graduação de 6º dan, mas no ano passado a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) suspendeu a atribuição de faixas vermelhas e brancas. Em função disso, entregamos a graduação apenas aos professores pendentes desde a época do professor Paulo Wanderley. E o fizemos em novo formato, no qual cada professor pôde ser promovido ao lado dos familiares e amigos”, disse o dirigente.
Delegados avaliam a importância da nova graduação
Há 37 anos no judô, Cléber do Carmo deu os primeiros passos nos tatamis no dojô do Palestra Itália Esporte Clube de Ribeirão Preto, e seu sensei foi Sérgio Luiz Bin. Há nove anos recebeu o go-dan, e após mais de uma década atuando na 12ª DRJ Mogiana foi surpreendido com a homenagem feita durante a reunião da delegacia.
“A emoção foi muito grande. Com o apoio de meus familiares, amigos e alunos, o professor Francisco de Carvalho e José Jantália fizeram uma grande surpresa. Os dois sempre acompanham os eventos das DRJs de perto e a vinda deles para a reunião de nossa delegacia manteve o roteiro de sempre. Porém, no meio da reunião começou a chegar gente que não costuma frequentar esses eventos. A surpresa foi revelada e fiquei muito emocionado. Na hora passou um filme em minha cabeça, pois sempre trabalhei muito em todas as áreas do judô e hoje me sinto recompensado por toda essa dedicação nestes quase 40 anos”, disse o delegado da 12ª DRJ, que também explicou o significado da graduação.
“Acima de tudo, o 6º dan é uma grande honraria. Representa o reconhecimento pelo trabalho realizado e dedicação ao judô. Recebi a faixa vermelha e branca com muita humildade e alegria, mas ciente da responsabilidade que assumo daqui por diante. Esta graduação teve um grande significado também para meus alunos, amigos e principalmente meus familiares”, disse Cléber, bastante emocionado.
Sabendo que neste momento a CBJ não está fazendo alinhamento de dans em todo o País, Cléber do Carmo agradeceu o empenho dos dirigentes que viabilizaram sua promoção.
“Sou muito grato pelo reconhecimento ao nosso trabalho, principalmente por receber esta honraria no momento que o judô atravessa do Brasil. Minha eterna gratidão e fidelidade ao professor Francisco de Carvalho Filho, o grande gestor que com extrema habilidade conduz a FPJudô a patamares cada vez mais elevados”, concluiu o delegado regional.
Argeu Maurício de Oliveira Neto nasceu em 10 de novembro de 1967, e aos oito anos começou sua trajetória na Academia de Judô Botucatuense, o dojô do sensei Mata Sugizaki. Além dos ensinamentos recebidos do professor Sugizaki, Argeu foi orientado pelo sensei Akira Nogushi, outro professor da botucatuense.
Ao longo dos 42 anos vividos nos tatamis o delegado da 3ª DRJ Centro-Sul edificou sua vida fundamentada no ensino e na difusão do caminho suave.
“Obtive minha faixa preta em 1984, e depois disso segui o mesmo caminho mostrado pelos meus dois senseis, sendo professor de judô e tendo grande orgulho do que faço. A conquista do 6º dan significa mais responsabilidade e o compromisso de viver da forma mais digna possível, exercendo princípios como o sei-ryoku-zen-yo e o jita-kyo-ei”, disse Argeu.
Bastante emocionado, o professor kodansha agradeceu às pessoas que lutaram incansavelmente por sua promoção, e encerrou falando sobre aprendizado constante.
“É verdade, me emocionei muito porque só eu sei o que eu passei nestes 42 anos. Foram muitas alegrias, mas também muitas decepções e muito aprendizado. Aliás, estou apreendendo sempre e a cada dia busco transformar-me numa pessoa melhor, aprendendo com meus próprios erros. O judô não é apenas um esporte. É um caminho de vida e, para algumas pessoas, é quase uma doutrina. Escolhi seguir o caminho do judô, e após receber o 6º dan me sinto recompensado pela dedicação e o comprometimento que sempre tive com a nossa modalidade”, afirmou o novo professor kodansha de Botucatu.
Há exatos 56 anos Júlio César Jacopi dava os primeiros passos nos tatamis do dojô do Volkswagen Clube. Nascido em 25 de abril de 1956, aos 6 anos iniciou sua caminhada na arte do caminho suave sob orientação do sensei Rodolfo Eugênio Walter.
Há nove anos como go-dan, após a conquista do roku-dan Jacopi revelou agradecimento e confiança por quem o indicou e maior responsabilidade e comprometimento ao judô, por ter recebido esta honra.
“Confesso que receber o 6º dan foi uma mistura de surpresa e emoção, sinceramente eu não esperava. Quando se inicia no judô, quer-se atingir a faixa preta. Depois, almeja a vermelha e branca. Agora, pela lógica, quero ao menos uma vermelha, mas que venha por mérito. Ser professor kodansha exige maior reflexão sobre aquilo que somos e fazemos, e espero seguir evoluindo e dar a minha contribuição para o judô e a sociedade”, disse o delegado do ABC.
José Gildemar de Carvalho, o Gil, foi o único professor graduado com o 6º dan que não atua diretamente na gestão da modalidade. Contudo, presta grande colaboração à FPJudô e à comunidade por meio da Gil Sports, empresa que dirige e atua na execução de eventos esportivos, em especial competições de judô.
Nascido em 30 de dezembro de 1964, professor Gil começou no judô aos 9 anos no dojô do Sesi Santo André, com o sensei Edson Tognini Martos, e acumula 43 anos de prática e vivência nos tatamis.
Recebeu o go-dan em novembro de 2006 e após 11 anos obteve o reconhecimento pelos serviços prestados a modalidade em Santo André e no Grande ABC.
“Esta graduação é o reconhecimento de uma vida voltada essencialmente para a prática, o ensino e desenvolvimento do judô na cidade de Santo André. Agradeço a iniciativa do professor Chico e do Alessandro, que resultou em minha promoção”, disse Gil.
Visivelmente emocionado na cerimônia de outorga, o empresário falou sobre o significado da graduação tão desejada e esperada por décadas.
“Me emocionei por vários motivos: a outorga foi feita no Sesi Santo André, clube em que iniciei em 1975. Em menos de um minuto passou um filme dos 43 anos que vivi nos tatamis, sem imaginar que um dia receberia tamanha honraria. Lembrei fatos importantes da minha carreira como atleta e professor. Coisas extremamente relevantes que me fortaleceram como homem e ser humano. A presença da minha família e a lembrança do Edson Tognini, meu querido professor e amigo, e a de outros velhos grandes companheiros, foi muito forte e não tinha como não me emocionar”, explicou sorrindo Gildemar de Carvalho.
O novo professor kodansha de Santo André encerrou destacando que o despojamento deve ser sempre uma das principais virtudes de um judoca, tendo qualquer nível de graduação.
“Fiquei muito feliz com este realinhamento de dan, mas os princípios básicos de um judoca não devem mudar por conta disso. Penso que a humildade, a moral e os bons costumes não devem estar atrelados à graduação, entretanto, os mais graduados devem sempre servir como exemplo de conduta para todos”, concluiu sensei Gil.