FPJudô proporá novas ações na reunião anual dos delegados marcada para sábado

Francisco de Carvalho, presidente da FPJudô

Francisco de Carvalho, presidente da entidade, diz que 2020 serviu como escola, “mas não dá para ficar na escola de novo”. As federações estaduais lutam desesperadamente pela sobrevivência e pela manutenção da modalidade

Gestão Esportiva
21 de janeiro de 2021
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS
São Paulo (SP)

Após uma temporada atípica, na qual quase nada aconteceu – e mesmo sem haver nada de novo no judô brasileiro –, a diretoria da Federação Paulista de Judô convocou seus 16 delegados para um encontro no próximo sábado. A Budô entrevistou Francisco de Carvalho Filho, presidente da entidade, para saber o que os dirigentes do judô paulista têm em mente para 2021.

“A reunião dos delegados é o evento que sempre realizamos na segunda quinzena de janeiro e abre oficialmente as atividades administrativas de todas as temporadas do judô paulista. O objetivo é bem semelhante ao das outras: transmitir o planejamento e as informações de que já dispomos para os nossos delegados. Mostraremos a situação real de nossa modalidade, porque o delegado é o nosso presidente a distância. E obviamente nós não podemos começar a temporada sem expor a eles quais são as nossas expectativas e todos os projetos que serão discutidos. Somente após ouvi-los e tomarmos as decisões é que vamos divulgá-las e colocá-las em prática.”

O dirigente paulista detalhou que as principais coordenadorias do judô paulista já têm um esboço do calendário que será apresentado e discutido com cada um dos 16 delegados, para que a reunião não fique muito extensa.

“Iremos definir uma forma diferente para atuar neste ano por conta da pandemia. No ano passado, médicos, infectologistas, profissionais liberais, a indústria e demais setores produtivos tiveram dificuldades para entender o que estava acontecendo e planejar como deveriam atuar. Na área do esporte não foi diferente, e todos nós tivemos de nos adequar. O ano de 2020 serviu como escola, mas não podemos ficar na escola de novo. Temos de partir para um novo momento na modalidade, com base no aprendizado, conhecimento e toda a bagagem que acumulamos em 2020.”

Carvalho ponderou que os governos estadual e municipal estão projetando a retomada das aulas, bem como as escolas do ensino privado. “Percebemos claramente que nossos governantes estão preocupados em iniciar a retomada das atividades em todos os setores, o que forçosamente deve ocorrer, visando à recuperação econômica. E nós faremos o mesmo. Vamos praticar judô – adaptado, mas vamos. Não dá mais fazer apenas sombra e eventos virtuais.”

“É lógico que estamos buscando orientação de profissionais das áreas da saúde e da ciência”, prosseguiu o dirigente. “Temos muitos praticantes desses grupos no judô e eles estão colaborando e fornecendo informações. Vamos apresentar todo esse material na reunião deste sábado.”

Carvalho lembrou que a FPJudô tentará fazer o que outras modalidades estão fazendo, como a própria Federação Internacional de Judô (FIJ), que na semana passada reuniu 398 atletas de 69 países e cinco continentes no World Masters Doha, no Catar. “Se eles conseguem realizar um evento global desse nível, nós também vamos conseguir fazer aqui. Discutiremos o sistema e o formato que iremos utilizar, mas, seja qual for a decisão do governo, nós estaremos preparados para realizar a nossa atividade. Uma coisa é certa: não ficaremos mais parados.”

Nossa reportagem lembrou ao dirigente paulista que a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) já anunciou que não fará nenhuma atividade no primeiro semestre de 2021. Mas o presidente da FPJudô explicou que a CBJ está focada única e exclusivamente na classificação, no preparo e nos ajustes técnicos dos atletas que representarão o Brasil na Olimpíada de Tóquio.

“O foco da Confederação Brasileira de Judô não está nas federações estaduais. Fora isso, ela tem de justificar os recursos que recebe, e isso passa diretamente pelo bom desempenho da seleção em Tóquio.”

Francisco de Carvalho concluiu lembrando que as federações estaduais estão lutando desesperadamente pela sobrevivência e pela manutenção da modalidade.

“Enquanto a CBJ vive a sua realidade, as federações estaduais lutam para sobreviver e manter o nosso esporte, quando deveriam estar focadas no fomento e na expansão do judô brasileiro. Temos de apoiar nossos filiados e minimizar as perdas que todos estão tendo. Temos de pensar nas crianças, jovens e até mesmo adultos que estão trancados dentro de casa, desenvolvendo sequelas e problemas psicológicos devido ao isolamento causado pela pandemia. É por tudo isso que vamos propor um novo momento para a modalidade. Não dá mais para esperar de braços cruzados”, assegurou o presidente da FPJudô.