15 de novembro de 2024
FPJudô retoma atividades da comissão científica que objetiva ampliar a base técnica dos professores e praticantes
Alessandro Puglia nomeou Alexandre Drigo para presidir a comissão, cujo objetivo é proporcionar formação adequada para professores, técnicos e instrutores de judô
Por Paulo Pinto e Helena Sbrissia / Global Sports
15 de setembro de 2021 / Curitiba (PR)
Alinhada com os valores que fundamentam o judô e em busca de métodos cada vez mais eficientes para proporcionar formação adequada e profissional aos professores, técnicos e instrutores de São Paulo, a FPJudô terá o professor doutor Alexandre Janotta Drigo na presidência de sua comissão científica. Alessandro Panitz Puglia, presidente da entidade, atribuiu a Drigo a missão de desenvolver os novos cursos que deverão compor a nova grade de ensino do judô paulista.
O pioneirismo da FPJudô remonta aos anos 1980, quando adotou uma forma de avaliação de graduação que não se baseia somente na luta entre os candidatos. Há também arguição de conhecimentos teóricos e práticos necessários à formação de profissionais pautada em elementos científicos, pedagógicos e tecnológicos. Sob a liderança do professor doutor Mateus Sugizaki, o judô paulista construiu um modelo que leva em consideração muito mais do que a habilidade para lutar, e hoje todos os Estados adotam o mesmo formato de preparação e exames de graduação.
“Uma das primeiras preocupações que visualizamos está na otimização dos cursos de formação dos técnicos de judô, objetivando manter o que já existe, mas organizando os conteúdos”, adiantou Drigo. “Assim, propomos a formatação de cursos técnicos de acordo com as tendências internacionais, dividindo o conteúdo em módulos e em processos continuados em níveis progressivos. Outra proposta, que levaria mais tempo, é conseguir instituir cursos de especialização e mestrado profissionalizante (MBA) em judô. Estamos certos de que em breve vamos oferecer estes serviços aos nossos filiados.”
Todo o projeto teve início numa conversa da qual participaram Alessandro Puglia, Francisco de Carvalho Filho, Alexandre Drigo e Luiz Francisco Camilo Júnior em 6 de fevereiro de 2020, na subsede da Federação Paulista de Judô de Mauá (SP), quando Drigo apresentou um projeto baseado em seus estudos na Unesp.
A retomada da comissão científica
No dia 13 de setembro deste ano, a comissão científica reuniu-se novamente para debater os próximos passos para execução do projeto da forma como vem sendo planejado. Segundo Drigo, o judô paulista sempre foi gigante por causa da colônia japonesa no Estado, a maior do País. “Devido a isso, era maior também número de imigrantes que conhecia, praticava ou ensinava a modalidade em nosso território.”
“Com o passar do tempo, sofremos a perda dos primeiros mestres de referência. Mais recentemente, tivemos períodos de restrição de funcionamento de academias e dojôs e até judocas com sequelas da covid-19. São esses desafios que enfrentamos e que buscaremos superar na comissão científica da FPJudô, direcionando esforços para melhorar os meios de formação inicial e continuada dos nossos senseis.” Drigo esclarece que esse processo vislumbra sempre a empregabilidade dos profissionais, além da segurança e da evolução da prestação de serviços aos diferentes grupos de praticantes de judô, que engloba desde atletas a estudantes do ensino fundamental.
“Essa comissão para a qual fui designado presidente terá compromisso com o conhecimento técnico e didático dos nossos kodanshas, buscando a interação entre os mestres e doutores acadêmicos vinculados à FPJudô para honrar a história da modalidade em São Paulo e no Brasil”, acrescentou.
E é por meio da identificação de tais necessidades e a autonomia para resolver suas questões que a alta cúpula da FPJudô planeja e executa os projetos que levam à manutenção de uma comissão científica efetiva e proativa, com a missão de oferecer conhecimento atualizado aos profissionais do judô, além de dar apoio àqueles que desejam iniciar pesquisas e estudos na área.
“Trabalhar para que o judô paulista tenha
sua grandiosidade perpetuada.”
A comissão é formada por profissionais atuantes no judô paulista e compareceram na primeira reunião os professores Alessandro Puglia, presidente da FPJudô, e Arnaldo Queiroz Pereira, secretário geral da entidade.
“O que teremos daqui a um tempo, quando o projeto for efetivado e estiver em funcionamento, é a possibilidade de nos responsabilizarmos pelas pessoas que trabalham no judô em todos os níveis. Vamos ter mais professores, vamos naturalizar algumas situações e vamos trazer o ensino do judô de forma pedagógica, linear, padronizada e equânime para que todos tenham boas oportunidades de aprender e ensinar o caminho suave do judô”, avaliou Arnaldo Queiroz que mostrou grande otimismo com a iniciativa.
“A proposta da comissão científica segue os princípios da Academia de Judô da Federação Internacional de Judô (FIJ). Tanto a área científica, quanto a pedagógica do nosso projeto seguirão aquilo que está na plataforma da FIJ, a principal entidade de administração do judô mundial e isso nos proporciona enorme segurança e tranquilidade”, concluiu o secretário geral da FPJudô.
Puglia complementou: “Pela primeira vez, eu vejo grande possibilidade de a teoria e a prática andarem juntas. Seremos os divisores de águas, e eu vejo só crescimento por meio do esforço muito grande de todos aqui. A caminhada é longa, mas tenho plena convicção de que obteremos grandes resultados”.
Integrantes da comissão avaliam encontro
Na reunião da comissão, sensei Drigo foi enfático sobre dois aspectos. “Eu quero que tudo o que dissermos passe pela questão de valorizar os professores de judô de São Paulo, principalmente os mestres e doutores espalhados por nosso Estado. A segunda questão que eu acho fundamental na nossa perspectiva de trabalho é de trabalhar para que o judô paulista tenha sua grandiosidade perpetuada. A minha ideia de trabalhar com a federação é engrandecer o judô em nosso Estado.”
Professor Alexandre Janotta Drigo possui bacharelado em ciências biológicas (1994) e em educação física (1998), e mestrado em ciências da motricidade (2002) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e doutorado em educação física pela Unicamp (2007). É faixa-preta go-dan (5º dan) e está credenciado como docente e orientador do programa de pós-graduação em ciências da motricidade pela Unesp, campus Rio Claro. Tem experiência na área de educação física e biologia, com ênfase na formação profissional em educação física, atuando principalmente com judô, artes marciais, formação profissional e sociologia da educação física, ética e filosofia, e metodologia do treinamento desportivo. É conselheiro do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), gestão 2016/2020.
Luiz Francisco Camilo Júnior, o Chicão, afirmou que há muito a ser feito pela comissão científica, mas acredita que, com a ajuda do professor Drigo, será possível implementar a iniciativa da melhor maneira possível. “Acredito que a nossa atuação como comissão científica vem para capacitar aqueles que já estão no judô em São Paulo e tentar, de maneira muito harmoniosa, atrair as pessoas que estão fora do judô, que não fazem parte do sistema da federação e do CREF, para que elas possam atuar. Ainda nessa perspectiva, além disso, é conseguir cursos de nível 1, 2 e 3 de treinamento esportivo e pedagogia do esporte para que os professores tenham melhor entendimento e conhecimento científico.”
Chicão é faixa preta ni-dan (2º dan), formado em educação física pela Faculdade São Judas Tadeu em Porto Alegre (RS), pós-graduado em gestão no esporte pela Faculdade Sogipa, também em Porto Alegre, e mestre em ciências da motricidade pela Unesp. Foi campeão nos Jogos Pan-Americanos de 2003 e integrou a seleção olímpica entre 2003 e 2005. É medalhista em copa do mundo, campeão ibero-americano, sul-americano, brasileiro e detém diversos outros títulos. Atua como comentarista dos canais ESPN e ESPN Brasil há mais de dez anos.
Solange de Almeida Pessoa Vinck, vice-presidente da FPJudô, pontuou que, após reunião, a comissão científica agora precisa analisar as pautas para, depois, decidir o rumo do projeto. “Estamos falando de unir esforços com entidades como o CREF4/SP, Secretaria Estadual de Educação e outras autarquias que nos podem respaldar. Vislumbro a possibilidade de ganho técnico gigantesco para todos nós que gostamos e vivemos do judô. Nós iremos alcançar um nível de conhecimento mais uniforme para o cenário da modalidade e aumentar a base técnica dos nossos professores.”
Graduada em educação física, a professora Solange Pessoa participou de um momento histórico para o judô: a primeira edição do campeonato mundial feminino, em 1980. Apesar de ter ficado em quinto lugar no certame, Solange acumulou os títulos de campeã pan-americana de judô nos quatro anos seguintes e campeã do Circuito Europeu de Barcelona, em 1987. Além de hexacampeã brasileira de 1980 a 1985, a professora kodansha shichi-dan (7º dan) foi vice-campeã sul-americana em 1981, vice-campeã no Mundial Universitário de 1986 e vice-campeã da Copa Kodokan Pan-Americana em 1987.
Segundo Fábio Rodrigo Ferreira Gomes, a receita para o sucesso é focar nas necessidades da federação, porque é assim que a comissão poderá determinar quais são as lacunas que precisam ser preenchidas. “Há uma demanda acontecendo, e é colocando isso em pauta em nossas conversas e reuniões que podemos acertar e proporcionar o melhor sempre. Mesmo com pesquisa nós iremos acertar e errar até o ponto em que isso se refine. O pontapé inicial que estamos dando neste projeto tem um longo e próspero caminho a ser percorrido.”
Fábio é professor na Universidade Nove de Julho (Uninove) no departamento de educação. Formado em educação física, com mestrado e doutorado em ciências pela Universidade de São Paulo (USP), atua no ensino superior e em pós-graduação desde 2008 e, a partir desta data, também como orientador de TCC. Atualmente, realiza pós-doutorado na USP. Seu escopo de investigação é o comportamento motor (aprendizagem motora e desenvolvimento motor) relacionado à prática das modalidades de luta. Faixa preta ni-dan (2º dan) e primeiro kyu em aikidô, realiza paralelamente alguns trabalhos e investigações relacionados ao ciclismo e ergonomia, por conta do uso da cinemática (método de análise da biomecânica).
Fernando Garbeloto dos Santos reiterou que as questões técnicas e operacionais precisam ser o foco do projeto da FPJudô, visando a agilizar a atuação da comissão e construir uma espinha dorsal para que os cursos organizados sejam proveitosos e possam suprir as necessidades da comunidade judoca paulista, num primeiro momento, e até mesmo nacional em futuro próximo.
O professor Fernando, faixa preta ni-dan (2º dan), é graduado em educação física (bacharelado e licenciatura) pelo Centro Universitário Sant’Anna, com especialização em treinamento esportivo pela Universidade Gama Filho. Mestre na área de biodinâmica do movimento humano doutor em ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).
Para Fernando Tagusari Ikeda, trabalhar com os profissionais que compõem a comissão científica é gratificante, tanto pelo conhecimento de cada um deles quanto pelas projeções da proposta. “Sou suspeito para falar, tenho grandes perspectivas para os projetos e acredito que o judô paulista tem muito a ganhar. Para mim, fazer parte dessa iniciativa é uma grande honra.”
Ikeda, faixa preta san-dan (3º dan), é graduado e mestre em ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Faz estágio no Laboratório de Comportamento Motor (Lacom), com interesse nas áreas de pesquisa sobre comportamento motor e judô.