15 de novembro de 2024
Francisco de Souza recebe a graduação de professor kodansha roku-dan (6º dan)
Após 47 anos na prática do judô, o coordenador do departamento de arbitragem da Federação Paranaense de Judô recebe a graduação e agradece a todos que fizeram parte desta luta
Judô Paranaense
19 de março de 2020
Por ISABELA LEMOS I Fotos BUDOPRESS e ARQUIVO
Curitiba – PR
Nesta terça-feira (14), a Confederação Brasileira de Judô divulgou por meio da circular 07-20 que o coordenador do departamento de arbitragem da Federação Paranaense de Judô (FPrJ), Francisco de Souza, foi aprovado para receber a graduação de professor kodansha roku-dan (6º dan).
Para Francisco de Souza, é uma honra receber tão expressiva graduação que, segundo ele, é o sonho de todo judoca após a faixa preta. “Nunca pratiquei o judô visando à graduação, sempre trabalhei incansavelmente pelo judô. Acredito que tudo vem na hora certa e que isso seja um reconhecimento do meu trabalho e dedicação à modalidade. Sinto-me privilegiado, e agradeço muito a todos que, direta e indiretamente, me ajudaram a chegar até aqui. Afinal, nenhum de nós conquista algo sozinho. O judô, por si só, ensina isso”, explicou o mais novo professor kodansha do Paraná.
Nascido em 4 de outubro de 1957 em Arapongas, na região norte-central paranaense, Francisco de Souza começou a praticar judô em 1973 com o professor Sidnei Pereira de Lima. Ainda em sua cidade natal, também treinou com o sensei Issao Okumura. Após alguns anos, mudou-se para Curitiba, onde teve como professor Makoto Yamanouchi, na Academia Budokan.
“Desde criança, tive grande admiração pelo Japão. Sempre gostei da cultura e da seriedade dos nipônicos. Enquanto os demais tinham o sonho de visitar os Estados Unidos, o meu era de conhecer o Japão. Anteriormente, eu praticava atletismo. Comecei a fazer judô para melhorar minha largada nas provas rasas de 100 e 200 metros, e acabei permanecendo no judô”, contou o professor.
Sensei Chico recebeu o sho-dan em 1988 e é coordenador de arbitragem da FPrJ desde 2017, além de dar aulas em colégios da Rede Sagrada.
“As principais virtudes que judocas devem ter são a humildade e saber ouvir. Respeitar a hierarquia é essencial. Já entre as principais características dos kodanshas, além do grande conhecimento do judô, eles devem ter uma postura de referência para os demais. A graduação vermelha e branca aumenta a responsabilidade e o professor kodansha, acima de tudo, sabe que está sendo um espelho para os que estão chegando”, afirmou sensei Chico, como é conhecido no cenário judoísta.
O coordenador do departamento de arbitragem inspirou-se em diversos judocas ao longo de sua trajetória, porém, o que mais o inspirou foi o professor kodansha kyuu-dan (9º dan) Liogi Suzuki. Para Souza, sensei Suzuki sempre foi uma pessoa dedicada e que vive o judô intensamente. Ser o primeiro medalhista mundial de judô no Brasil e manter a humildade é algo que Souza admira muito. “Ele é uma pessoa sempre disposta a ajudar. Mesmo quando teve problemas de saúde, sempre manteve o bom humor e palavras de incentivo às pessoas, independentemente de sua graduação. Para mim, ele representa a verdadeira essência do judô”, explicou.
Além de Liogi Suzuki, os professores kodanshas Massao Shinohara, juu-dan (10º dan), e Kenjiro Hironaka, hachi-dan (8º dan), também representam grandes inspirações para Francisco de Souza. “Treinei várias vezes na Associação de Judô Vila Sônia do sensei Massao Shinohara em São Paulo e o admiro muito pelas suas conquistas. O professor Kenjiro Hironaka foi aluno de Hikari Kurachi, uma lenda viva do judô do Brasil, e desde 1954 edificou uma grande história no Paraná, onde formou vários faixas-pretas. Foi ele que me incentivou a arbitrar e, quando foi morar no Japão, me fez prometer que seguiria na arbitragem. Aprendi muito com ele também”, lembrou Souza.
Seus filhos Anne Francielli de Souza, de 33 anos, e Marco Aurélio de Souza, de 31 anos, também seguiram a trajetória do pai e atualmente são sho-dan e san-dan, respectivamente. “A vida no judô, e no esporte em geral, me proporcionou uma série de coisas. Venho de origem humilde e acho que sem o judô eu não poderia ter conhecido vários lugares, como o Japão e o Instituto Kodokan. Eu só tenho a agradecer ao judô.” Souza foi ao Japão em 1999 para fazer um curso técnico pedagógico no Kodokan e conhecer principalmente o kata, que considera a essência do judô.
O professor kodansha hachi-dan (8º dan) Makoto Yamanouchi ficou muito satisfeito com a graduação de seu aluno Francisco de Souza. “Para mim, kodansha é a última etapa do judoca. A pessoa lutou por muito tempo pela sociedade, por isso, esse é um reconhecimento muito grande. Chegar à graduação de professor kodansha não é fácil, exige muita dedicação. No caso do Francisco, ele não conquistou por meio da luta, e sim pela dedicação, prestação de serviços e o comprometimento com a FPrJ. E isso mostra que judô não significa apenas ser campeão. O judô não é apenas um esporte, ele envolve o desenvolvimento pessoal e da sociedade como um todo”, enfatizou Yamanouchi.
Destacando a dedicação e o comprometimento do sensei Francisco Souza, o presidente da Federação Paranaense de Judô, Luiz Hisashi Iwashita, disse que a outorga do roku-dan foi uma justa homenagem ao grande judoca que há quase meio século se dedica arduamente ao judô
“Há algumas décadas dividimos a gestão da federação paranaense com vários professores que, periodicamente, assumem novos cargos e funções na entidade. Alguns colaboram por um período e depois se afastam, pois cada um de nós tem sua vida e compromissos pessoais. O professor Francisco sempre somou no processo de administração da modalidade no Paraná e sempre esteve à disposição de todos aqueles que, de alguma forma, precisaram de sua colaboração. Sentimo-nos honrados e felizes por este reconhecimento que toda a coordenação de graus da FPrJ fez, quando o indicou para o 6º dan. Foi uma promoção justa e merecida, que premia um dos professores mais dedicados e comprometidos do nosso Estado”, concluiu Iwashita.