17 de novembro de 2024
Gestão mista e inovação triplicam inscrições do Torneio Budokan 2022
Principais medalhistas olímpicos do Estado de São Paulo prestigiaram e elevaram ainda mais a importância histórica da competição de judô mais antiga e tradicional do Brasil
Por Paulo Pinto / FPJCOM
7 de agosto de 2022 / São Paulo (SP)
A Federação Paulista de Judô (FPJudô) e a Associação de Judô Hombu Budokan realizaram no domingo (31/07) a 71ª edição do tradicional Torneio Budokan, com disputas individuais nas categorias masculina e feminina das classes sub 11 a veterano, além do sensacional torneio por equipes. A competição realizou-se no Ginásio Poliesportivo Adib Moyses Dib, em São Bernardo do Campo (SP).
Ao todo, 1.278 judocas de 81 agremiações inscreveram-se na competição individual, enquanto 132 foram inscritos na disputa por equipe, totalizando 1.410 competidores no evento mais tradicional e longevo da modalidade no País. Com este volume de inscrições, o Torneio Budokan atinge uma importante marca e volta a figurar entre as principais competições extraoficiais do calendário do judô nacional e recupera a tradição de mobilizar escolas e professores de vários Estados.
Medalhistas olímpicos
O certame que contou com o apoio da Prefeitura e da Secretaria de Esporte e Lazer de São Bernardo do Campo foi prestigiado pelos principais medalhistas olímpicos do Estado de São Paulo, demonstrando a importância da competição. Entre eles estavam o pioneiro professor kodanshakyuu-dan (9º dan) Chiaki Ishii (93kg), medalha de bronze em Munique 1972; Douglas Vieira (95kg), medalha de prata em Los Angeles 1984; Luís Onmura (71kg), bronze em Los Angeles 1984; Walter Carmona (86kg), bronze em Los Angeles 1984; Rogério Sampaio (65kg), ouro emBarcelona 1992; Henrique Guimarães (65kg), bronze em Atlanta1996; e Carlos Honorato (90kg), prata em Sydney 2000.
Também foram homenageadas duas atletas olímpicas que conquistaram importantes títulos mundiais e continentais presentes ao evento, as judocas Vânia Ishii e Ednanci Silva.
Três professores icônicos, importantes referências do judô brasileiro no passado, assistiram ao torneio e abrilhantaram a cerimônia de abertura: Jorge Yamashita, Tadao Nagai e Oswaldo Simões. Com 78 anos, Yamashita, uma lenda dos tatamis, foi formado pelo professor Ryuzo Ogawa e sagrou-se vice-campeão dos Jogos Pan-Americanos de 1963. O judoca paulista Tadao Nagai, que começou a praticar aos 9 anos, também se formou com o shihan Ryuzo Ogawa e acabou vivendo por 13 anos na residência da família Ogawa. Mais tarde participou da fundação da FPJudô sendo vice-presidente do primeiro presidente da entidade, doutor Lúcio Moreira Franco, e ajudou a fundar a Federação Pernambucana de Judô, em Recife, onde vive até hoje. Oswaldo Cupertino Simões foi campeão mundial universitário e, mesmo sendo carioca, sua trajetória nos tatamis teve participação fundamental do sensei Ryuzo Ogawa.
Foi Ryuzo Ogawa que em 1936 fundou a Associação de Judô Hombu Budokan e instituiu o Torneio Budokan no início da década de 1950, reunindo apenas cerca de 40 competidores em sua primeira edição. No ano seguinte o torneio já recebeu um número expressivo de participantes. As celebrações que no ano passado comemorariam os 71 anos de tradição e história, porém, foram adiadas para este ano em função da pandemia.
Tradição quase secular
Todas as regras estabelecidas pelo mestre Ogawa no século passado são mantidas até hoje. A competição em si não muda nada, o que distingue o torneio dos demais campeonatos é a maneira de montar a estrutura, segundo o professor kodansha Osvaldo Hatiro Ogawa.
“Mantemos a tradição de colocar cortinas brancas e vermelhas que simbolizam eventos festivos. Isso é chamado de kohaku o maku. Nós também montamos um santuário que simboliza proteção para o evento e todos que se encontram no local, atletas, árbitros, professores, dirigentes e familiares, por intermédio da deusa do esporte, Amaterasu Oomikami. Ali deixamos algumas oferendas para ativar esta proteção: verduras, legumes, frutas, moti (que representa a união de todos em torno do judô), duas garrafas de saquê etc. Com isso evocamos uma luz divina para proteção de todos que estão no local do evento.”
Outra tradição relevante é a utilização do judogi branco por atletas, árbitros e dirigentes. “É lógico que isso também é embasado em simbolismos como a pureza, a retidão e a cor branca da bandeira do Japão. Além disso, abrimos a competição com taikô, banda com instrumentos de percussão, uma tradição milenar japonesa que remonta aos instrumentos usados para reunir a tropa ou membros da comunidade. As lutas que terminam empatadas não vão para o golden score, elas são decididas no hantei, ou seja, no julgamento dos três árbitros que estão atuando no shiai-jô. As equipes finalistas recebem troféus e estandartes, entre outros procedimentos tradicionalmente respeitados na competição”, explicou Hatiro.
Antes da cerimônia de abertura o professor kodansha hachi-dan (8º dan) Osvaldo Hatiro Ogawa, neto do professor Ryuzo Ogawa, detalhou o significado, a importância e a simbologia de cada elemento utilizado na estrutura da competição.
O primeiro pronunciamento foi feito Oscar Hitoshi Ogawa, presidente da Associação de Judô Hombu Budokan, que começou dando boas-vindas a todos.
“Estamos comemorando hoje os 71 anos do Torneio Budokan e inicio agradecendo ao prefeito Orlando Morando, por intermédio do secretário de Esportes Alex Mognon, pelo apoio irrestrito ao nosso evento. Agradeço também ao sensei Alessandro Puglia, que no início deste ano nos propôs realizarmos este vento de forma unificada – e felizmente deu certo. Estamos muito felizes por resgatarmos a força e a tradição da competição mais antiga do Brasil!”
O carioca Oswaldo Simões falou sobre a honra e a satisfação de participar da abertura do 71º Torneio Budokan. “Vim a São Paulo em 1973 para estudar Educação Física e fui muito bem acolhido por toda a família Ogawa. O saudoso sensei Shuhei Okano dizia sempre que somente o professor Jigoro Kan poderia ser chamado de shihan, mas quero abrir uma exceção e lembrar que tudo isso que está acontecendo aqui e boa parte do judô do Brasil começou por um grande shihan chamado Ryuzo Ogawa. A persistência dele fez com que o judô do Brasil chegasse ao tamanho que possui hoje. Parabenizo o empreendedorismo e a percepção do presidente Puglia por colocar no calendário da FPJudô esta importante tradição que é o Torneio Budokan.”
O professor kodansha kyuu-dan (9º dan) Tadao Nagai agradeceu o convite feito pela família Ogawa e parabenizou a Federação Paulista de Judô, na pessoa do presidente Puglia, por ajudar a manter acesa a chama da maior escola de judô do Brasil de todos os tempos.
“Com certa tristeza lamento não ver os professores fundadores das principais escolas de judô Budokan de todo o Brasil. Aos 9 anos vim do interior paulista para viver com a família Ogawa e sou imensamente grato, pois tudo que fiz e conquistei na vida devo à família Ogawa. Estou certo de que veremos aqui hoje um judô de alto nível, dentro da disciplina que o judô ensina, lembrando que o judô visa ao aprimoramento integral do homem em benefício da sociedade. Estou certo de que, com o apoio da FPJudô, os irmãos Ogawa darão continuidade ao trabalho hercúleo desenvolvido pelo avô Ryuzo e pelo pai Matsuo.”
Alessandro Puglia enfatizou a importância do reconhecimento e da gratidão. “Hoje estou de convidado em um evento, uma festa que visa a homenagear um dos principais fomentadores do judô no Brasil e na América do Sul, shihan Ryuzo Ogawa. Graças à visão e ao desprendimento dos irmãos Ogawa, neste ano a federação paulista fez parte da organização deste evento que acima de tudo é um marco na trajetória e no desenvolvimento da modalidade em todo o País. Plantamos esta semente há oito meses e felizmente o torneio está acontecendo de forma surpreendente. Uma das coisas que melhor aprendi com meu sensei, que também é membro da dinastia Ogawa, é a importância da gratidão. Então, se hoje estou na presidência da federação e se tive a oportunidade de obter pleno desenvolvimento no esporte, devo a isso a minha família e ao meu sensei Sadao Fleming Mulero”, disse o presidente da FPJudô.
No último pronunciamento, Alex Mognon, secretário de Esporte e Lazer de São Bernardo Campo, falou em nome do prefeito Orlando Morando.
“Inicio cumprimentando esta garotada linda e seus familiares que mais uma vez vieram de vários pontos do Estado para acompanhar um importante evento do judô paulista. Em nome de Hatiro Ogawa, um professor que durante muitos anos ensinou judô aqui em São Bernardo e agora voltou a transmitir conhecimento aos judocas que estão no Centro de Excelência Esportiva, quero parabenizar todos os kodanshas, professores e membros da família Budokan por escreverem a importante história que balizou o judô de São Paulo e do Brasil. Faço um agradecimento especial ao sensei Hatiro, por participar do crescimento socioesportivo do nosso município e com ele colaborar. Tudo isso tem enorme importância para a manutenção da essência do judô. São os precursores do judô do Brasil fazendo a interligação com a nova safra de atletas que estão assimilando conhecimento técnico e histórico em nosso Centro de Excelência. Falo em nome do prefeito Orlando Morando, um gestor público que, por acreditar no poder do esporte como ferramenta de inclusão e transformação social, sempre investiu muito no setor e, em especial, no judô e na federação paulista, que tem à frente um grande parceiro nosso. Deixo o nosso carinho e a nossa homenagem a todos os atletas olímpicos, professores, judocas e seus familiares, por juntos mostrarem o poder de socialização de uma modalidade que prima pela boa formação e o respeito ao próximo. Tenho muito orgulho de estar aqui, de participar, e maior orgulho ainda por ajudar a fomentar uma iniciativa que esperamos receber muitas vezes ainda em nosso município.”
Na sequência o judoca Pedro Ogawa Nunes comandou o cumprimento dos competidores e a organização do evento entregou os estandartes aos atletas olímpicos por intermédio dos medalhistas Chiaki Ishii, Douglas Vieira, Luís Onmura, Walter Carmona, Rogério Sampaio, Henrique Guimarães e Carlos Honorato. A seguir houve o rei inicial comandado pelo árbitro João Davi de Andrade.
A cerimônia de abertura terminou com a apresentação de kata, que foi muito bem executada pelo medalhista olímpico Henrique Guimarães, que exibiu nove técnicas de nage-no-kata. O uke foi o professor de judô Marcelo Fuzita, do Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo.
Classificação por associação
Comandado pelo sensei Jefferson Luiz dos Santos, o Projeto Olhar Futuro/ADPM-Regional de São José dos Campos foi campeão geral, totalizando 28 medalhas, sendo 15 de ouro, cinco de prata e oito de bronze, garantindo 98 pontos.
Encabeçada pelo sensei Carlos Hayashida, a Associação Recreativa Cultural e Desportiva São Bernardo de São Bernardo do Campo foi vice-campeã geral conquistando 18 medalhas, sendo sete de ouro, cinco de prata e seis de bronze, assegurando os 56 pontos.
Liderada pelo sensei Flávio Silva, a Associação Kamakura de Judô, de São José dos Campos conquistou 14 medalhas, sendo nove de ouro, três de prata e duas de bronze, assegurando 56 pontos e a terceira posição.
Comandada pelo experiente e laureado sensei Paulino Teruo Namie, a Associação Namie de Judô, de Mogi das Cruzes, totalizou 16 medalhas, sendo seis de ouro, seis de prata e quatro de bronze, que lhe proporcionaram 52 pontos e a quarta colocação geral.
Liderada pelo professor kodansha Marcos Elias Mercadante, a Associação Marcos Mercadante de Judô, da cidade de Araras, conquistou 17 medalhas, sendo quatro de ouro, cinco de prata e oito de bronze, somando 43 pontos e garantindo a quinta colocação geral.
Classificação por associação dangai
Comandada pelo professor João Paulo Coelho, a equipe de judô da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Pindamonhangaba conquistou quatro medalhas, sendo duas de ouro e duas de bronze, totalizando 12 pontos e assegurando a primeira colocação geral na disputa da classe dangai.
Liderada pelos experientes Celestino Seiti Shira e Paulo Castellanos, a Associação de Judô Hinode, de Santo André, conquistou quatro medalhas, sendo uma de ouro, duas de prata e uma de bronze, garantindo 12 pontos e o vice-campeonato.
Sob o comando técnico do sensei Luís Sérgio Canan, os judocas da Associação Aurélio Miguel de Esportes, de São Paulo, conquistaram duas medalhas de ouro que resultaram nos 10 pontos que garantiram a terceira colocação na categoria.
Comandada pelo professor Nelson Shigueki Koh os atletas da Associação de Judô Kenshin, de Osasco, conquistaram duas medalhas de ouro e garantiram 10 pontos e quarta colocação no dangai.
Sob o comando dos experientes técnicos José Gildemar de Carvalho, Cristiano Carrion e Marcos Húngaro, os judocas da Associação Desportiva Santo André conquistaram três medalhas, sendo uma de ouro, uma de prata e outra de bronze, que resultaram nos nove pontos que asseguraram a quinta colocação geral na categoria.
Classificação por equipe
Sob o comando técnico dos treinadores José Gildemar de Carvalho, Cristiano Carrion e Marcos Húngaro, os judocas da Associação Desportiva Santo André conquistaram duas medalhas de ouro e totalizaram os 10 pontos que asseguraram a primeira colocação na empolgante disputa por equipe.
Sob o comando do professor Alex Russo, os alunos do Instituto Sensei Divino Budokan de Judô, de São Paulo, conquistaram duas medalhas, sendo uma de ouro e outra de bronze, que proporcionaram os seis pontos que a projetaram na segunda colocação.
Comandados pelo renomado professor Alberto Silva Bittencourt, os judocas do Judô Praia Grande conquistaram uma medalha de ouro e garantiram os cinco pontos que o levaram à terceira colocação.
Encabeçada pelo sensei Carlos Hayashida, os judocas da Associação Recreativa Cultural e Desportiva São Bernardo de São Bernardo do Campo conquistaram uma medalha de ouro, que resultou nos cinco pontos e na quarta colocação na disputa por equipe,
Comandada pelo sensei Jefferson Luiz dos Santos, a equipe do Projeto Olhar Futuro/ADPM-Regional de São José dos Campos conquistou uma medalha de ouro e a quinta colocação.
A Federação Paulista de Judô tem apoio da Ajinomoto do Brasil, Original Tatamis, Shihan Kimonos, MKS/Adidas e Budokan Kimonos. Por meio das suas 16 delegacias regionais a entidade congrega mais de 10 mil atletas federados e está presente em 282 municípios do Estado de São Paulo. Anualmente a FPJudô credencia cerca de 1.500 técnicos e 950 árbitros, que atuam em competições regionais, estaduais, nacionais e internacionais. O Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura de São Bernardo do Campo são apoiadores másteres da entidade.