IBA critica ameaça do COI de retirar boxe de Paris 2024 e aponta interesses políticos

O boxe é um dos esportes mais tradicionais das Olimpíadas, incluído há mais de um século no programa olímpico © Arthur Hidden

Entidade da modalidade diz em carta que “Jogos Olímpicos são um bem desportivo global que pertencem aos atletas de todas as modalidades e não podem ser um instrumento de extorsão”

Fonte Redação GE
25 de dezembro de 2022 / Curitiba (PR)

A Associação Internacional de Boxe (IBA) se manifestou em carta enviada às federações nacionais de boxe sobre as ameaças do Comitê Olímpico Internacional (COI) de tirar o boxe das Olimpíadas de Paris em 2024. No documento, o órgão da modalidade disse que trata-se de uma campanha de “manipulação de atletas e esporte para fins geopolíticos”, inclusive com a intenção de tentar forçar a saída da liderança do organismo mundial. As informações são do site “Inside the Games”.

“É imperativo que abordemos o último ataque aos atletas da IBA e ao IBA realizado pelo COI, pelo compromisso contínuo da nova liderança em se tornar uma organização sólida e independente, livre de questões de governança anteriores e, finalmente, uma organização sustentável financeiramente independente”, disse um trecho da carta assinada pelo presidente Umar Kremlev e pelo secretário-geral George Yerolimpos e enviada às federações nacionais do esporte.

Ainda no documento, a entidade acusa o COI de usar as Olimpíadas como um instrumento de extorsão das federações internacionais.

“Os Jogos Olímpicos são um bem desportivo global que pertence aos atletas de todas as modalidades e não podem ser um instrumento de extorsão das Federações Desportivas Internacionais por razões puramente políticas, como inaceitavelmente está acontecendo agora. (…) Com isso, a IBA continuará a lutar por seus atletas para garantir que eles tenham todas as oportunidades e direito igual de participar dos Jogos Olímpicos, livre de discriminação e separado da política do esporte, que agora se tornou a abordagem normalizada.”

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O COI e a Federação Internacional de Boxe (IBA) estão em uma queda de braço há anos, tanto que quem organizou a modalidade para os Jogos de Tóquio, ano passado, foi o próprio COI, e não a organização do boxe.

Entenda como começou o impasse

O último capítulo da briga aconteceu no início de dezembro, quando a IBA renovou o contrato multimilionário com o fornecedor de energia estatal da Rússia, Gazprom. Em um momento que a Rússia está punida em praticamente todas as modalidades olímpicas por conta da guerra, a IBA mantém o russo Umar Kremlev como mandatário.

“O recente Congresso da IBA mostrou mais uma vez que a IBA não tem interesse real no esporte do boxe e dos boxeadores, mas apenas em seu próprio poder. Não há vontade de entender as questões reais, pelo contrário: a extensão do contrato de patrocínio com a Gazprom como único patrocinador principal reforça as preocupações, que o COI tem manifestado desde 2019.Este anúncio confirma que o IBA continuará a depender de uma empresa que é amplamente controlada pelo governo russo”, disse o COI em comunicado.

Antes, em setembro, a IBA realizou um congresso e impediu que o holandês Boris van der Vorst concorresse à presidência, mesmo com o Tribunal Superior do Esporte (CAS) ter determinado a liberação da eleição.

O boxe é um dos esportes mais tradicionais das Olimpíadas, incluído há mais de um século no programa olímpico © Arthur Hidden

“As preocupações também incluem o recente tratamento da decisão do CAS, que não levou a uma nova eleição presidencial, mas apenas a um voto para não realizar uma eleição. O COI terá que levar tudo isso em consideração quando tomar novas decisões, que podem – após esses últimos desenvolvimentos – incluir o cancelamento do boxe para os Jogos Olímpicos de Paris 2024”, concluiu o documento.

O histórico é ainda anterior. Em 2017 e 2019, os então presidentes da entidade, Wu Ching-Kuo, de Taiwan, e seu sucessor, Gafur Rakhimov, do Uzbequistão, tiveram que renunciar pressionados pelas investigações e pelo COI, incluindo suspeita de envolvimento com o tráfico de heroína, no caso do dirigente uzbeque.

O boxe é um dos esportes mais tradicionais das Olimpíadas, disputado há mais de um século no evento. A modalidade está, ao menos por enquanto, confirmada no programa das Olimpíadas de Paris, até os ingressos já começaram a ser comercializados, mas a nota oficial do COI nesta sexta-feira pode resultar na exclusão.

O programa para os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, ainda não está fechado. Vinte e cinco esportes já foram confirmados e outros três podem, ou não, seguir no programa: boxe, levantamento de peso e pentatlo moderno.

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