31 de março de 2025

A edição de 2025 da Copa São Paulo de Veteranos confirmou, com autoridade, a hegemonia nacional do Instituto Camaradas Incansáveis (ICI) na divisão veteranos. Com um desempenho técnico e tático consistente, a equipe comandada pelos professores kodanshas Bahjet Rached Kassen Hayek, Rodrigo Guimarães Motta e Cristian Cesário conquistou o quarto título consecutivo e se isolou como o maior vencedor da história da competição. O Clube de Regatas do Flamengo voltou a figurar entre os protagonistas, alcançando o vice-campeonato pela terceira vez seguida, enquanto a Associação de Judô Hinodê, de Santo André, assegurou a terceira colocação.
Cerimônia de abertura © Arquivo
Com o apoio da Prefeitura e da Secretaria de Esporte e Lazer de São Bernardo do Campo, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou no dia 23 de março a oitava edição da Copa São Paulo Veteranos. Fiel à sua tradição, a competição que reuniu 212 agremiações foi sediada no Ginásio Poliesportivo Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo (SP), e a cerimônia de abertura reuniu autoridades esportivas e políticas, delegados regionais e renomados professores kodanshas.
Para dimensionar a importância estratégica da Copa São Paulo Veteranos, basta comparar os números de participação. Enquanto o último Campeonato Brasileiro da categoria reuniu 392 judocas, a edição 2025 da Copa recebeu 935 atletas de 12 estados: Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraná, Maranhão, Distrito Federal, Tocantins, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Amapá e São Paulo.
Judocas do ICI comemoram o tetracampeonato consecutivo © Arquivo
Um marco simbólico — e inspirador — desta edição foi a expressiva presença feminina. Pela primeira vez, as mulheres superaram numericamente os homens na competição: foram 515 judocas mulheres contra 420 homens, um sinal claro de que o judô veterano feminino está cada vez mais forte e representativo no cenário nacional.
Criada em 2006, a Copa São Paulo de Judô consolidou-se como uma das competições mais tradicionais do calendário nacional, com protagonismo nas classes de base, no kata e também na divisão de veteranos. A partir de 2016, a competição passou a incluir oficialmente a categoria veteranos em seu programa — e, mesmo com as interrupções causadas pela pandemia de Covid-19 em 2020 e 2021, tornou-se referência em qualidade e participação técnica.
Equipe do Flamengo na estrada rumo a São Bernardo © Arquivo
Ao longo das oito edições realizadas, apenas duas agremiações inscreveram seus nomes na galeria de campeões da Copa São Paulo Veteranos:
▲ 2016 – ICI / Instituto Chiaki Ichii
▲ 2017 – São Paulo Futebol Clube
▲ 2018 – São Paulo Futebol Clube
▲ 2019 – São Paulo Futebol Clube
▲ 2022 – ICI / Instituto Camaradas Incansáveis
▲ 2023 – ICI / Instituto Camaradas Incansáveis
▲ 2024 – ICI / Instituto Camaradas Incansáveis
▲ 2025 – ICI / Instituto Camaradas Incansáveis
Com 57 atletas inscritos, o ICI protagonizou mais uma campanha avassaladora: disputou 16 finais e conquistou 24 medalhas, sendo 12 de ouro, quatro de prata e oito de bronze. Os resultados ratificam o trabalho técnico, metódico e comprometido liderado pelo professor Bahjet Hayek, com o apoio de Cristian Cesário — que também atua como gestor nacional da classe veteranos da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e integra o Conselho de Veteranos da Confederação Pan-Americana de Judô (CPJ).
Fundado por professores que vivem o judô veterano dentro e fora dos tatamis, o ICI é hoje uma das principais referências técnicas da modalidade máster no Brasil e no exterior. Mesmo sendo uma instituição jovem, com sede na Pompéia, zona oeste da capital paulista, a escola já é reconhecida por sua excelência competitiva e pelo seu espírito formador.
Parte dos judocas da Hinodê © Arquivo
Engana-se, porém, quem acredita que a Organização Social Desportiva Camaradas Incansáveis se restringe à alta performance entre veteranos. A entidade desenvolve um projeto pedagógico sólido e inclusivo, com atividades desde a classe mirim, aos 7 anos, até a veterana, formando e lapidando talentos ao longo de toda a trajetória do judoca. Ainda assim, o foco competitivo é claro e está bem definido: o judô veterano é o coração pulsante da missão do ICI.
Segundo o professor Bahjet Hayek, o tetracampeonato consecutivo é resultado de um esforço coletivo exemplar. “Nós atendemos crianças, jovens, adultos e pessoas de todas as idades, mas nosso foco competitivo está na divisão veteranos. E esse resultado só foi possível graças à entrega e ao comprometimento de cada um dos 57 judocas que vestiram nosso judogi e lutaram com garra e respeito. Somos uma equipe formada por amigos e educadores que acreditam no poder transformador do esporte em todas as fases da vida.”
Com uma delegação de 51 judocas, o Clube de Regatas do Flamengo voltou a se destacar na Copa São Paulo Veteranos ao conquistar 24 medalhas – sendo 10 de ouro, oito de prata e seis de bronze. O resultado reafirma o rubro-negro como uma das principais forças do judô veterano no Brasil na atualidade, ao conquistar pelo terceiro ano consecutivo o vice-campeonato geral da competição.
Bahjet Hayek conquistou o ouro do peso leve do M4 © Arquivo
Fundado em 1895 e detentor da maior torcida do país, o Flamengo tem uma longa tradição no futebol. Com um departamento de judô criado há 70 anos, o clube carioca é um dos fundadores da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ). A equipe que brilhou nos tatamis do Ginásio Adib Moysés Dib foi liderada pelos senseis Kleber Castellões Gallart e Luiz Virgílio Castro de Moura, dois nomes que vêm atuando com excelência no comando dessa divisão.
Até recentemente, era o São Paulo Futebol Clube quem protagonizava a principal rivalidade com o ICI. Mas, de maneira surpreendente e positiva, o Flamengo assumiu esse posto a partir de 2023, consolidando-se como o novo antagonista da equipe paulista.
Segundo o professor Gallart, o crescimento da equipe tem respaldo institucional. “A classe veteranos passou a contar com apoio da diretoria da Gávea, especialmente do presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, que tem uma visão mais social e acreditou no nosso projeto. Outro grande incentivador é o diretor do FlaSocial, Antônio Araújo. Considerando que o Flamengo é um clube predominantemente voltado ao futebol, o apoio deles tem sido decisivo para a consolidação da nossa equipe.
Meninas do Clube de Regatas Flamengo © Arquivo
Gallart ressaltou também o papel da Copa São Paulo como referência nacional. “A Copa São Paulo é muito maior e até mais importante que o Campeonato Brasileiro Veteranos. É um torneio vibrante, com lutas em todas as categorias, chaves cheias e um clima emocionante. Participar aqui é um privilégio.”
O sensei rubro-negro lembrou que, até poucos anos atrás, o Flamengo enviava apenas atletas avulsos para a competição. A mudança veio com o apoio do ex-presidente Rodolfo Landim, que atendeu ao pedido da comissão técnica e viabilizou a formação de uma delegação expressiva. O resultado foi imediato.
“Em 2022, conseguimos chegar entre os seis primeiros. No ano seguinte, fomos vice-campeões. Repetimos o feito em 2024 e agora, mesmo com várias baixas por lesão, conquistamos novamente o segundo lugar. Isso mostra a solidez do trabalho e a força da nossa equipe.”
Gallart também comentou o equilíbrio da disputa com o ICI. “Em boa parte da competição, estávamos empatados com os Camaradas Incansáveis em número de ouros e liderávamos em pratas. Foi decidido nos detalhes, como deve ser no judô. Perdemos algumas lutas-chave, vencemos outras inesperadas, e saímos com o vice-campeonato — um resultado muito valorizado por nós. Sabemos da importância dessa competição, e foi uma alegria enorme mais uma vez.
Encerrando sua análise, o treinador foi enfático. “A Copa São Paulo já está definitivamente no nosso calendário. Voltaremos no próximo ano com ainda mais força, foco e espírito de equipe. Vamos pra cima do ICI!”
A terceira colocação geral ficou com uma das mais tradicionais equipes do judô paulista: a Associação de Judô Hinodê, de Santo André. Com apenas 17 atletas, o dojô comandado por Celestino Seiti Shira, professor kodansha kyuu-dan (9º dan), conquistou 11 medalhas: quatro de ouro, três de prata e quatro de bronze.
Fundada em 12 de fevereiro de 1982 pelo professor Newton Kawamoto, a Hinodê é reconhecida pela excelência técnica e pelo espírito formador que atravessa gerações. Sob a coordenação técnica do professor Paulo Ricardo Castellanos Souza, professor kodansha roku-dan (6º dan), a equipe veterana mantém forte presença nos principais pódios da categoria máster, ano após ano.
Mesmo fora dos tatamis — após sofrer uma fratura no braço na primeira luta —, sensei Paulo Ricardo fez questão de acompanhar a equipe até o fim, reforçando a importância da liderança pelo exemplo.
“Para nós, esse resultado coroa o esforço coletivo. Inscrevemos 17 atletas e voltamos para casa com 11 medalhas. Isso mostra não só a competitividade do grupo, mas também o compromisso com a preparação e o foco em objetivos comuns.”
O coordenador técnico da Hinodê destacou ainda a importância do espelho que os veteranos representam para os mais jovens. “Esse grupo é referência para toda a garotada que está começando. Ao enxergar a dedicação, a disciplina e a persistência desses atletas veteranos, os iniciantes encontram motivação e inspiração para seguir firmes no caminho do judô.