22 de dezembro de 2024
Implacável, Douglas Brose conquista o ouro em Guadalajara
Evidenciando o excelente momento, o bicampeão mundial e número 1 no ranking WKF venceu o belga Michael Dasou e garantiu a segunda medalha na temporada
Karate 1-Series A – 2018
11/02/2018
Por PAULO PINTO I Fotos JMªRODRIGUEZ/RFEJ y DA
Guadalajara – Espanha
Determinado, já nos primeiros segundos da final, Brose impôs seu jogo com um potente mawashi-geri que surpreendeu o belga Michael Dasou. Na segunda entrada, anotou o ponto que garantiu o ouro e a manutenção do primeiro lugar no ranking da World Karate Federation (WKF).
O ano de 2017 foi um marco no processo de recuperação do bicampeão mundial que, em quatro competições internacionais, disputou três finais conquistando o ouro no Campeonato Pan-Americano de Curaçao, a prata no Karate1 Premier League de Halle em Leipzig, e mais uma de prata no Karate1 Series A em Salzburg, na Áustria.
Com o vice-campeonato conquistado na Premier League de Paris em janeiro e o ouro do Karate 1-Series A de Guadalajara, Douglas Brose abre uma distância significativa de seus adversários e se consolida na elite do karatê olímpico mundial.
Final estratégica
Após vencer os seis combates da fase classificatória, na final, Douglas entrou concentrado e mostrou o porquê de ser o número 1 do mundo, no 60kg.
Depois de assustar Michael Dasou com um mawashi fulminante, em poucos segundos, Brose saiu na frente esbanjando velocidade encaixando um gyaku-zuki que garantiu o primeiro ouro da temporada 2018. O belga insistiu muito, mas não conseguiu entrar na defesa de Brose e teve que se contentar com o vice-campeonato.
“Estamos fazendo um bom início de temporada. Se contabilizarmos as duas últimas competições de 2017, totalizamos quatro finais consecutivas. Aqui, todas as lutas são muito estudadas porque todo mundo já conhece meu jogo. Eu luto muito na manha, busco pontuar nos momentos certos e administrar o resultado defendendo os pontos conquistados. A luta de karatê é um jogo. Não é lutando e gritando feito louco que vamos obter as vitórias que buscamos”, disse Brose
Com retrospecto extremamente positivo nas finais consecutivas das quatro últimas disputas, o bicampeão mundial está pavimentando a estrada que deverá levá-lo a Tóquio 2020.
“Este ouro mostra que estamos no caminho certo e temos de seguir trabalhando e focando nosso grande objetivo, que são os Jogos de Tóquio. Estas medalhas não me iludem e nem fazem com que eu me acomode. Estamos apenas no início do segundo ano deste ciclo olímpico e temos que planejar e subir degrau por degrau desta longa escada que levará a Tóquio. Com todo respeito, o ouro que eu busco está ainda muito distante, mas estou aqui trabalhando com muita humildade para disputar a grande final que acontecerá no Japão”, concluiu Brose.
Adquirindo experiência e maturidade
Além do excelente desempenho de Brose, na fase classificatória, os brasileiros Giovanna Feroldi e Vinicius Rezende Figueira apresentaram grande evolução nas chaves e fizeram cinco combates.
Titular da seleção brasileira no 50kg, Giovanna Feroldi evolui muito bem na chave e fez cinco combates. No primeiro, venceu a escocesa Claire Logan, no segundo confronto, superou a dinamarquesa Mille Hjerrild, no terceiro confronto superou a francesa May-Ly Picard e nas oitavas encarou Ya-Chi Chung de Taipei. Nas quartas de finais, a brasileira fez vários pontos que não foram assinalados e a grega Eirini-Christina Kavakopoulou venceu. Na semifinal, a europeia caiu para a japonesa Miho Miyahara, a campeã do 50kg e Giovanna não pode disputar a repescagem.
No 67kg, o catarinense Vinicius Rezende Figueira venceu quatro lutas, mas nas quartas de final foi superado pelo japonês Masamichi Funahashi que, na semifinal, caiu diante do espanhol Samy Ennkhaili, impedindo que o brasileiro disputasse a repescagem.
Valéria Kumizaki, vice-campeã mundial, campeã do World Games e de várias edições da Premier League, fez duas lutas contra Ivan Djordjevic da Sérvia e Mariam Elaswad da Áustria, mas foi visivelmente prejudicada pela arbitragem no segundo confronto, e acabou voltando para casa mais cedo.
Diego Spigolon lembrou que grande parte dos atletas brasileiros em Guadalajara estava estreando no circuito internacional.
“Viemos com 25 atletas, mas a maioria deles estava estreando no circuito internacional e tendo o primeiro contato com atletas de alto nível da Ásia e Europa, e neste cenário a experiência conta muito”, disse o técnico de kumitê da seleção brasileira.
O treinador do Brasil destacou a importância da participação e a convivência constante no circuito mundial, na obtenção de maturidade e maior espaço nos pódios.
“Fazendo uma análise geral, acredito que o karatê do Brasil vem conquistando mais corpo e maior presença internacional. Vemos muitos atletas adquirindo experiência e evoluindo rapidamente. Entendo que a vinda de karatecas mais novos e os da seleção brasileira é muito importante no processo de construção de uma nova perspectiva do que é o karatê no mundo, e o que é o karatê do alto nível. Com o apoio crescente e o grande incentivo da Confederação Brasileira de Karatê, a tendência é a conquistarmos cada vez mais vagas nos pódios”, previu Spigolon.