Inaugurados nesta temporada, dojôs do interior conquistam pódios em disputas estadual e nacional

Professores Carlos Roque e Thiago Cachoni © Global Sports

Reafirmando a qualidade e a força do judô bandeirante, senseis Carlos Roque e Thiago Cachoni levaram escolas recém-inauradas ao topo dos pódios das classes sub13 e sub 15.

Por Paulo Pinto / Global Sports
9 de novembro de 2023 / Curitiba (PR)

Em um feito extraordinário, dois professores dedicados e visionários, Carlos Roque e Thiago Cachoni, conseguiram posicionar suas escolas de judô, recém-inauguradas, no cenário esportivo paulista e brasileiro, conquistando resultados notáveis na base do judô.

Carlos Roque, natural de São José do Rio Preto, e Thiago Cachoni, de Mogi das Cruzes, são exemplos de perseverança e dedicação ao judô. Mesmo com suas escolas ainda no primeiro ano de funcionamento, eles demonstraram paixão e compromisso com o esporte, levando jovens talentos ao topo dos pódios nas classes sub13 e sub15.

O desempenho desses dois senseis nos campeonatos paulista e brasileiro da base reflete o alto nível técnico do judô em São Paulo. Eles não apenas participaram dessas competições, mas também conquistaram medalhas, colocando seus dojôs no mapa do judô brasileiro.

No campeonato brasileiro, o sensei Thiago Cachoni obteve uma medalha de ouro com o promissor judoca Miguel Valezini de Carvalho Dantas (sub 13), além de uma medalha de prata com Eduardo Henrique de Souza (sub 15). Rhuan Gimenez Haskel e José Murilo Godoy, ambos sub 13, ficaram em 5º e 7º lugar, respectivamente, no campeonato brasileiro. Essas conquistas ratificam o comprometimento de Thiago em desenvolver jovens talentos e prepará-los para competições de alto nível.

Sensei Carlos Roque com seus alunos Luiza Bergamin Severiano do Carmo e a Octávio Miguel de Oliveira de Morais, no pódio de Aguaí © Global Sports

Por sua vez, o sensei Carlos Roque alcançou uma medalha de bronze com a talentosa judoca peso médio Luiza Bergamin Severiano do Carmo. Uma prova da dedicação de Carlos em moldar atletas competitivos e de sua habilidade em transmitir os fundamentos do judô.

A impressionante trajetória desses dois professores e de seus dojôs recém-fundados destaca não apenas o talento de seus alunos, mas também a paixão e a expertise que eles trazem para o mundo do judô. Seu sucesso é um tributo ao judô paulista e uma inspiração para todos que sonham em alcançar o topo do esporte.

Revelando talentos

Nascido em 5 de setembro de 1987 em São José do Rio Preto (SP), sensei Carlos Henrique da Silva Roque é o responsável técnico da Maquininha do Futuro, entidade filiada à Federação Paulista de Judô por meio da 6° Delegacia Regional Araraquarense. Faixa-preta yon-dan (4º dan), Carlos Henrique (CREF4/SP 135848-G/SP) é formado em Educação Física, com licenciatura e bacharelato,

Kaiko, como é conhecido, começou no judô aos 9 anos de idade, no contraturno da escola na Instituição Alarme. “Comecei com o sensei Stefanio Stafuzza aqui em São José do Rio Preto. Hoje, ele é vereador e responsável técnico do Instituto Meninos de Ouro de Guaíra (SP).”

Foto promocional do dojô Centro de Treinamento Físico Thiago Cachoni © Arquivo

Kaiko explicou por que decidiu criar seu próprio dojô. “A prática do judô me abriu nova perspectiva de vida. Fiz tudo que pude para permanecer na Instituição Alarme, mas em 2004 tive de sair devido à idade. Mas no ano seguinte 2005 surgiu a possibilidade de auxiliar meu sensei, que já era responsável pelo judô de Guaíra, onde fui morar.

Depois de passar um ano no Projeto Futuro, na capital paulista, problemas de saúde o fizeram voltar para Guaíra. Lá ele e o sensei Stefanio formaram nove atletas da seleção brasileira de base – sub 13, sub 15 e até sub 18. Em 2012 retornou a Rio Preto e continuou sua rotina de treinos e participação em competições fortes.

Quando começou a pandemia, Kaiko encontrou seu momento de reflexão. Havia chegado a uma idade que não lhe permitia mais alimentar a ambição de integrar a seleção brasileira. “Isso mudou minha cabeça. Deixei de pensar como atleta para investir na atuação como técnico, retomando o trabalho que eu fazia com o sensei Stefanio em Guaíra.”

Em 2022, então, Kaiko resolveu desvincular-se da agremiação pela qual competia para seguir o sonho de formar e treinar atletas para o alto rendimento e levá-los à seleção brasileira. Foi assim que resolveu montar a própria associação. Surgiu então o projeto Maquininha do Futuro, incluindo alguns alunos que já o acompanhavam antes.

Sensei Kaiko defende que dentro ou fora do judô, ninguém deve desistir dos seus sonhos © Global Sports

“Não foi propriamente uma inauguração”, conta Kaiko. “Foi mais uma continuação do trabalho que eu já havia realizando, só que agora com a minha própria associação, que se filiou à FPJudô em 2023.” Embora confiasse na qualidade do seu trabalho, Kaiko confessa que não esperava obter tão cedo os resultados que vieram.

Quando começou, Kaiko explicou aos alunos que o objetivo era conseguir vagas para o campeonato brasileiro. O caminho para chegar lá eram as cinco competições do ranking paulista, no qual buscava primeiras e segundas colocações. “Não adiantaria vencer o campeonato paulista e não conseguir a vaga para o brasileiro. Dessa forma, considero o resultado positivo, com 80% de aproveitamento.”

A Maquininha do Futuro mantém cerca de 200 alunos e fez dois pódios no Campeonato Paulista Sub 15, que renderam classificação para o brasileiro a Luiza Bergamin Severiano do Carmo e a Octávio Miguel de Oliveira de Morais, ambos vice-campeões. No brasileiro a Luiza conquistou o bronze, mas Octávio não se classificou.

Os primeiros resultados reforçam a meta de Kaiko de continuar fazendo um bom trabalho e, claro, almejando algo maior para seus alunos, seja integrando a tão sonhada seleção brasileira ou defendendo grandes agremiações, como Pinheiros, Sogipa, Minas Tênis e Sesi-SP.

A principal meta de Thiago Cachoni é realizar projetos sociais para atender e oportunizar cada vez mais crianças © Arquivo

“Seja atleta, seja técnico ou professor, dentro ou fora do judô, ninguém deve desistir dos seus sonhos”, enfatiza Kaiko. “A partir do momento em que alguém coloca barreiras nos próprios objetivos, fica mais difícil alcançá-los.” E encerra com um conselho: “Trabalhe em silêncio. Aquilo que ninguém sabe ninguém estraga”.

Um projeto de retribuição

Nascido em Mogi das Cruzes em 1991, Thiago Cachoni do Espírito Santo começou a praticar judô em sua cidade natal aos 5 anos com o sensei Paulo Namie, na Associação de Namie de Judô, uma das agremiações mais respeitadas do Estado. Seu dojô, que leva o nome de Centro de Treinamento Físico Thiago Cachoni, filiou-se à FPJudô no começo deste ano por meio da 10ª Delegacia Regional Central.

Faixa-preta desde os 17 anos, Thiago foi um dos técnicos convidados pela FPJudô para integrar a equipe paulista que foi a Curitiba recentemente para disputar os campeonatos brasileiros sub 13 e sub 15. Como técnico, além de sonhar em representar o Brasil em competições internacionais, seu objetivo é formar atletas olímpicos. “Isso seria uma realização indescritível.”

Já para a escola a proposta é mais imediata: realizar projetos sociais para alcançar cada vez mais crianças. “Nosso bairro é grande. Há muitas crianças e famílias que poderiam beneficiar-se da filosofia e das oportunidades que o judô proporciona, mas ainda não consigo alcançar a todos. Esse é um desejo que venho batalhando para realizar.”

O principal motivo que levou Thiago a montar seu próprio dojô, hoje com 55 alunos, foi oferecer às crianças de Jundiapeba, distrito de Mogi onde está instalado, as mesmas oportunidades que teve quando começou. “O judô é um esporte que, além do condicionamento físico, prepara a criança para ser um cidadão de bem. Eu recebi esses ensinamentos e hoje tenho a honra de repassar os mesmos valores aos mais novos.”

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