22 de dezembro de 2024
Iniciando a temporada com 5565 pontos, David Moura é o peso pesado número 1 do mundo
Totalizando três ouros, três pratas e dois bronzes em 2017, o peso pesado mato-grossense prevê a conquista do ouro no Mundial de Bacu, no Azerbaijão
SHIAI-JO
13/02/2018
Por PAULO PINTO I Fotos SABAU GABRIELA/IJF, e BUDÕPRESS
Curitiba – PR
Após conquistar sete pódios no World Tour da Federação Internacional de Judô e fazer uma temporada espetacular em 2017, David Moura inicia o ano com o pé direito ocupando o primeiro lugar do peso pesado no ranking da FIJ.
“A temporada passada foi um marco em minha trajetória. Obtive uma série de títulos inéditos e medalhei em seis competições consecutivas, entre estas a medalha de prata no Campeonato Mundial, o bronze no Grand Slam de Tóquio, a prata do World Master, o ouro no Grand Slam da Rússia, além do ouro do Grand Prix de Cancun, a prata do inédito Campeonato Mundial por Equipes Mistas e o bronze no Grand Prix da Geórgia. Foram vários sonhos concretizados, além do nascimento de João Moura, meu primeiro filho”, disse Moura.
O número 1 do mundo afirma que a estratégia para este ano será exatamente a mesma: treinar forte, lutar com determinação e foco no ouro do campeonato mundial que acontecerá no Azerbaijão.
“A estratégia para este ano é bem simples: continuar treinando forte e medalhando em todas as competições, visando sempre o ouro. Estou focado e treinando muito desde o início do ano e sinto que o ouro está próximo. Já me senti apto para vencer em 2017 e, nesta temporada, estarei bem melhor e muito mais preparado. Digo isso pela evolução que tive no ano passado, pois aprendi muito mais sobre preparo mental e autoconfiança. Descobri que posso chegar muito mais longe do que previa”, afirma.
Avaliando tecnicamente a final de Budapeste, David Moura acredita que pôs pouca pressão no arquirrival e, na próxima oportunidade, espera levar Teddy Riner para o chão e neutralizá-lo no ne-waza.
“Em Budapeste, lutei muito focado no kumi-kata, deu certo e trocamos pegada de igual para igual. Agora, além das técnicas de projeção, estou treinando inúmeras formas de levar a luta para o chão impondo uma certa vantagem. Tenho treinado muito ne-waza e transição, porque acredito que a fórmula para vencer o francês é meter pressão no chão. Vou criar mais oportunidades para levar a luta para o chão, neutralizar a diferença de estatura e botar muita pressão, pois ele não está acostumado a isso e vou atingir meu objetivo”, decretou Moura.
Uchi-mata mortal
Filho de Fenelon Oscar Miller Pereira da Silva, ex-atleta de seleção brasileira, David incorporou várias técnicas utilizadas por seu pai e seu tio, Luiz Virgílio Moura, que também defendeu o Brasil.
“Depois que mudei minha postura e aprendi a manter maior distância de meus adversários, meu tokui-waza é o uchi-mata. Na verdade, sou ambidestro para algumas técnicas e as duas únicas que jogo para os dois lados efetivamente são o o-uchi-gari e uchi-mata. Até mesmo por uma questão de equilíbrio, meu pai sempre me obrigou a treinar para os dois lados e deu certo. De direita eu jogo direto, mas com a esquerda eu jogo rodando”, disse o mato-grossense, que também projeta seus adversários dos dois lados usando o-soto-gari e yoko-tomoe.
Nas quartas de finais do mundial de Budapeste, David venceu Tuvshinbayar Naidan, vice-campeão olímpico em Londres 2012 e campeão em Pequim 2008 no meio-pesado, com um violento uchi-mata de esquerda e o mongol deu várias voltas no ar antes de bater as costas nos tatamis. Na semifinal, projetou Barna Bor com um potente uchi-mata de direita que fez o húngaro cair reto e silenciar a torcida da casa.
Grand Prix Nacional coroa a temporada histórica
Mesmo conquistando inúmeros títulos do circuito internacional, David Moura precisava vencer seu grande adversário do Brasil para fechar a temporada com chave de ouro, e foi no Grand Prix Nacional de Judô que o peso pesado se deparou com a última oportunidade do ano para surpreender e vencer Rafael Silva, o extraordinário rival brasileiro.
“Não tenho certeza, mas acredito que já fizemos oito combates. O Baby é um peso pesado forte e muito bem preparado. Aliás, por vários anos ele e eu fomos treinados pelo professor Hatiro Ogawa, um dos maiores técnicos do Brasil. Ele venceu seis lutas e eu duas. Minha primeira vitória foi no Pan-Americano de 2015 e depois disso perdi mais algumas lutas. Foi no GP Nacional, o último confronto da temporada que consegui impor meu ritmo e venci”, explica o judoca mato-grossense.
Moura concluiu destacando a importância do triunfo sobre o medalhista olímpico. “Foi uma vitória extremamente importante porque superei um grande adversário e garanti a vitória e o título inédito do Grand Prix Nacional de Judô para meu clube, o Instituto Reação”, enfatizou o peso pesado.”