ITKF Global: reconstrução jurídica, legitimidade internacional e compromisso com o legado de Nishiyama

A ITKF Global cumpre, com rigor e legitimidade, a missão de perpetuar o legado técnico e filosófico do shihan Hidetaka Nishiyama © Arquivo

Entrevista exclusiva com dirigentes revela marcos jurídicos e institucionais que garantem a legitimidade da ITKF Global, desmonta iniciativas que visam usurpar legado de Nishiyama e projeta o futuro com base em governança, inovação e compromisso com valores do Karatê Tradicional.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 11 de agosto de 2025

Em um momento decisivo para a ITKF Global, três dos principais dirigentes da International Traditional Karate Federation — Gilberto Gaertner (chairman), Luiz Alberto Küster (secretário-geral) e Antonio Sérgio Palú Filho (diretor jurídico) — concederam entrevista exclusiva à Revista Budô.

Com respostas densas, firmes e fundamentadas, os líderes da entidade detalham os marcos legais e institucionais que asseguram a legitimidade da ITKF, desconstroem tentativas vazias de apropriação do legado de Hidetaka Nishiyama e apresentam as bases que sustentam a atual estrutura da federação, agora legalmente consolidada no Brasil. O resultado é um documento esclarecedor, de alto valor histórico e jurídico, que reafirma o compromisso da ITKF com a governança, a ética e a essência do Karatê como budô.

Iniciamos esta entrevista histórica ouvindo o engenheiro Luiz Alberto Küster, secretário-geral da International Traditional Karate Federation que discorreu sobre a origem da ITKF e a missão do mestre Nishiyama e da entidade no cenário internacional?

O professor Luiz Alberto Küster, secretário-geral da ITKF, secretariou duas assembleias gerais históricas da federação: a de 1990, em Lima, conduzida por Hidetaka Nishiyama, e a de 2019, em Curitiba — ambas marcos na consolidação institucional do Karatê Tradicional © Global Sports

“Claro, é sempre uma honra poder relembrar nossas origens. A International Traditional Karate Federation (ITKF) nasceu sob a liderança visionária do mestre Hidetaka Nishiyama, um dos fundadores e um dos primeiros diretores da Japan Karate Association (JKA), fundada oficialmente em 27 de maio de 1955, e teve como mentor o mestre Gichin Funakoshi.

Em 1961, já radicado em Los Angeles, nos Estados Unidos, o mestre Nishiyama fundou a All American Karate Federation (AAKF), que foi muito mais do que uma entidade nacional: ela se tornou, na prática, o braço internacional da JKA e o embrião institucional da futura ITKF. Era uma organização com uma visão internacional clara, voltada para preservar o Karatê como arte marcial e não apenas como prática esportiva. Em 1974, a AAKF passou a ser chamada de International Amateur Karate Federation (IAKF).

Um marco importante ocorreu em 1975, com a realização do primeiro Campeonato Mundial de Karatê, organizado pela AAKF com apoio direto da JKA, em Los Angeles. Esse campeonato nasceu justamente como uma resposta à insatisfação das lideranças japonesas com as regras da WUKO – World Union of Karate-do Organizations — que já vinham sendo testadas desde o torneio mundial de 1970, mas que descaracterizavam profundamente a essência técnica e filosófica do Karatê como Budô. A decisão de criar uma competição alternativa, pautada pelos princípios do Karatê Tradicional, foi um divisor de águas.

Gilberto Gaertner, chairman da ITKF, lidera a reconstrução da entidade com reformas estruturais que projetam o Karatê Tradicional para o século XXI — enfrentando resistências e consolidando uma nova era de governança e legitimidade © Global Sports

Em 1985, ocorreu o momento de maior clareza jurídica e simbólica: a entidade assumiu oficialmente o nome de International Traditional Karate Federation — a ITKF — afirmando ao mundo sua identidade como guardiã do Karatê Tradicional. Em 1987, o COI – Comitê Olímpico Internacional reconheceu formalmente a ITKF como a federação internacional responsável pelo Karate Tradicional, em contraposição ao Karate Esportivo da WUKO.

Pessoalmente, considero que uma instituição verdadeiramente nasce quando aprova sua constituição. E tive o privilégio de estar presente nesse momento histórico: na Assembleia Geral da ITKF, que ocorreu durante o 5º Campeonato Mundial da ITKF, realizado em Lima, no Peru, em 1990, participei da mesa diretora ao lado do mestre Nishiyama. Ali, diante de representantes de todos os continentes, foi aprovada a constituição da ITKF como entidade internacional autônoma, legítima e fiel ao espírito do budô. Foi um marco que nunca mais saiu da minha memória”, pontuou o secretário-geral.

Desafios após a morte de Nishiyama

Gilberto Gaertner, chairman da ITKF, falou sobre o momento mais crítico e desafiador do Karatê Tradicional após o falecimento do mestre Nishiyama, em 2008, quando a instituição enfrentou seus maiores obstáculos para garantir a continuidade conforme os princípios e estatutos originais.

“Esse foi, sem dúvida, um dos momentos mais sensíveis da nossa história. O falecimento do mestre Nishiyama, em 2008, não representou apenas a perda de um líder técnico e filosófico, mas também o desmoronamento de uma estrutura institucional que, naquele momento, estavaenfraquecida. O que ficou evidente, nos meses e anos seguintes, foi que a ITKF carecia de uma base legal sólida e de uma governança efetiva para dar continuidade ao seu legado.

Antonio Sérgio Palú Filho, diretor jurídico da ITKF, atua com rigor técnico na consolidação legal da entidade, assegurando segurança jurídica e integridade institucional em uma federação presente em cinco continente

Essa realidade tornou-se ainda mais evidente por meio de uma carta honesta, direta e transparente, escrita pela senhora Nami Nishiyama, filha do mestre Hidetaka Nishiyama e então gerente do escritório da ITKF em Los Angeles. Endereçada a Włodzimierz Kwieciński, presidente da federação polonesa, a carta revelou que, desde 2002, a ITKF já se encontrava com seu registro suspenso como entidade jurídica nos Estados Unidos, em razão do não cumprimento de requisitos básicos de apresentação de documentação junto às autoridades fiscais norte-americanas.

Segundo relato da própria Nami Nishiyama, a situação se agravou significativamente quando a senhora Aiko Tori, braço direito do mestre Hidetaka Nishiyama e responsável pelas finanças e pela documentação, foi diagnosticada com Alzheimer. Aiko era encarregada da gestão de nada menos que quatro organizações: AAKF, ITKF, JKA-USA e o National Karate Institute. Com seu afastamento progressivo, toda a estrutura documental entrou em colapso. Já em 2005, diante da gravidade do cenário, o mestre Nishiyama convidou sua filha, Nami, para assumir a rotina administrativa do escritório e buscar a regularização da situação com o apoio de contadores e advogados. Esse gesto evidencia que, até o fim de sua vida, o mestre empenhou-se incansavelmente na preservação da organização.

O problema central residia no fato de que, embora o nome ITKF ainda existisse simbolicamente, na prática a entidade já não possuía legitimidade legal para operar nos Estados Unidos. A partir de 2008, o grande desafio passou a ser justamente esse: reconstruir institucionalmente a ITKF. Já não bastava invocar o nome do mestre Nishiyama; era necessário reestruturar juridicamente a federação, estabelecer uma governança legítima, registrar atas, formalizar sedes e publicar documentos oficiais.

Principais lideranças da ITKF: Luiz Alberto Küster (secretário-geral), Antonio Sérgio Palú Filho (diretor jurídico), Gilberto Gaertner (chairman), Rui Francisco Martins Marçal (tesoureiro) e Sadiomar Santos (diretor-geral), responsáveis por conduzir a governança global da entidade com legitimidade, transparência e compromisso com o legado do Karatê Tradicional.

Em 2010, durante meu mandato como presidente da Confederação Brasileira de Karatê Tradicional (CBKT), realizamos um esforço hercúleo em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), contando com a inestimável colaboração do então pró-reitor Roberto Burnet, para sediar o X Campeonato Mundial de Karatê Tradicional em Curitiba. O principal objetivo era preservar a unidade institucional no primeiro campeonato após o falecimento do nosso grande mestre. O evento foi um sucesso, tanto no aspecto organizacional quanto na participação. Um dos pontos altos foi a capacidade de reunir todas as lideranças mundiais, os instrutores seniores e as principais referências técnicas da época.

Infelizmente, essa união teve vida curta. Em 2013, surgiu o primeiro conflito interno na organização, culminando na cisão que resultou na criação de outra entidade de Karatê Tradicional, um episódio que enfraqueceu ainda mais a ITKF. A partir dessa divisão, a instituição passou a perder força de forma gradual.

A reestruturação efetiva e a revitalização institucional só se tornaram possíveis anos mais tarde, graças ao empenho de lideranças verdadeiramente comprometidas com o espírito autêntico do Karatê Tradicional e com a responsabilidade de preservar, com legalidade e integridade, o legado do nosso mestre”, explicou Gaertner.

Assembleia Geral de 2019: marco legal e simbólico

A Assembleia Geral de 2019 é considerada um divisor de águas, e o professor Küster detalhou quais foram as decisões tomadas naquela ocasião — especialmente em relação à mudança da sede administrativa para o Brasil —, assim como quem foram as lideranças internacionais presentes, como os senseis Jorgensen e a família Nedev, entre outros.

“A Assembleia Geral de 2019, realizada durante o Campeonato Mundial em Curitiba, foi realmente um divisor de águas, mas para compreendê-la em profundidade, é preciso voltar dois anos, até a Assembleia de 2017, em Montecatini, na Itália. Naquele momento, a gestão ineficaz que marcou os anos seguintes ao falecimento do mestre Nishiyama ruiu publicamente. Richard Jorgensen, que havia assumido a liderança da ITKF, ficou fragilizado em meio a uma sequência de brigas internas, desgaste institucional e uma série de experiências frustradas na promoção de campeonatos junto a outras entidades. A verdade é que ele demonstrou falta de habilidade gerencial para conduzir a federação.

Assembleia Geral da ITKF, realizada em 5 de dezembro de 2019 no Campus da Universidade Católica de Curitiba, no Brasil © Global Sports

Naquela assembleia de 2017, além da eleição do professor Gilberto como chairman da ITKF, ficou definido que o Mundial de 2019 seria realizado na Macedônia, por oferta da federação local liderada pela família Nedev. No entanto, sete meses antes do evento, o próprio Dejan Nedev comunicou sua incapacidade de realizá-lo. Essa foi, claramente, uma jogada deliberada para provocar o colapso da gestão do novo chairman eleito. O que ele não esperava era a reação enérgica da nova gestão da ITKF e do karatê brasileiro, e prontamente Gaertner assumiu a responsabilidade pela organização do Mundial de 2019, transferindo-o para Curitiba.

Durante o campeonato, o professor Gilberto reuniu lideranças de diversos países e fomentou um ambiente criativo, institucional e propositivo. Foi ali que surgiu a figura de Vinicius Santana, o nosso Vina, atleta de Karatê Tradicional com títulos mundiais e executivo de gabarito internacional. A pedido do professor Gilberto, Vina liderou, ainda durante o evento, um processo de planejamento estratégico desafiador intitulado: “Qual é o futuro que queremos para a ITKF?”

Esse processo culminou na Assembleia Geral, realizada no mesmo período, com a presença de representantes globais de mais de vinte países, incluindo Richard Jorgensen, representando a associada Federação do Canadá, e a família Nedev, representando a Federação da Macedônia. A continuidade da ITKF foi confirmada com base em um modelo institucional novo, realista, democrático e responsável. Por unanimidade, decidiu-se pela transferência da sede administrativa da ITKF de Los Angeles para Curitiba. A partir dessa decisão, foram autorizados os procedimentos formais: abertura de conta bancária, contratação de contador, regularização jurídica da entidade e estabelecimento de uma base física de funcionamento.

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Vale destacar que, sob a gestão anterior, a ITKF já não possuía sede real em Los Angeles, não mantinha conta bancária, não tinha CPA contratado, era, como se costuma dizer, uma “instituição de Facebook”, operando apenas simbolicamente nas mídias sociais, sem qualquer lastro legal.

A decisão da Assembleia de 2019 foi tão sólida quanto inesperada para alguns. Tanto que, nos anos seguintes, Jorgensen e Nedev tomaram rumos distintos e bastante reveladores. Jorgensen, apegado ao apelo emocional da cidade de Los Angeles, reabriu uma entidade espúria chamada “ITKF California”, mas sem qualquer legitimidade jurídica ou associativa. Ele próprio se autoproclamou chairman de uma organização que sequer possuía membros.

Já Dejan Nedev, de forma ainda mais ousada, copiou o modelo jurídico-institucional implementado em Curitiba e passou a operar sob o nome de “ITKF Macedônia”, utilizando documentos estatutários e regulamentos claramente derivados da base da ITKF original.

O importante é que, independentemente da atuação contrária de Jorgensen e Nedev, foi em 2019 que a ITKF deixou de sobreviver por inércia e renasceu como uma organização viva, legal, ativa e comprometida com o espírito do Karatê Tradicional.”

Legalidade e continuidade histórica

Lembrando que há documentos oficiais, atas e vídeos que comprovam a legalidade da assembleia de 2019 e da transição da sede para o Brasil, Antonio Sérgio Palú Filho, diretor jurídico da ITKF, expôs de forma clara a importância de manter essa documentação acessível e como ela fortalece juridicamente a entidade diante de questionamentos externos ou tentativas de ruptura institucional.

“Em primeiro lugar, gostaria de agradecer pela oportunidade de esclarecer esse ponto. Trata-se de uma questão absolutamente central para compreendermos a nova fase da ITKF. Quando decidimos transferir a sede administrativa da entidade para o Brasil, durante a Assembleia Geral de 2019, sabíamos que não bastava um gesto simbólico. Era necessário reconstruir a base jurídica da ITKF sobre pilares sólidos e transparentes, e foi exatamente isso que fizemos.

Richard Jorgensen discursa durante a Assembleia Geral da ITKF, realizada em 5 de dezembro de 2019, no campus da Universidade Católica de Curitiba, no Brasil © Global Sports

A Assembleia de 2019 foi endossada pela presença expressiva de nossos membros internacionais, registrada em ata, acompanhada por documentação oficial e evidências fotográficas que comprovam, inclusive, a presença dos senhores Richard Jorgensen e da família Nedev naquela ocasião. Esses registros desmontam qualquer narrativa posterior de desconhecimento ou desacordo com as decisões tomadas, decisões que foram aprovadas por unanimidade, inclusive com o voto deles.

Desde então, a ITKF passou a funcionar como uma entidade formalmente constituída no Brasil, com registro no 1º Cartório de Títulos e Documentos de Curitiba. Abrimos uma conta bancária no Santander, ativa há mais de seis anos, e abandonamos definitivamente a prática da operação “cash”, que, infelizmente, foi a norma por muito tempo. Hoje, qualquer operação em espécie ocorre apenas em caráter absolutamente emergencial e com devida prestação de contas.

Além disso, todos os registros das assembleias da ITKF realizadas desde 2017, incluindo atas, comunicados, relatórios e atualizações estatutárias, estão disponíveis em nosso portal digital, moderno e de fácil navegação. Essa base documental pública não apenas garante a transparência institucional, como também fortalece a legitimidade da organização diante de seus membros, parceiros internacionais e autoridades regulatórias.

Dejan Nedev, presidente da Federação da Macedônia na Assembleia Geral da ITKF, realizada em 5 de dezembro de 2019, no campus da Universidade Católica de Curitiba, no Brasil © Global Sports

Em um cenário global onde surgem iniciativas paralelas que tentam replicar ou distorcer a identidade da ITKF, a força da nossa documentação legal é o escudo que protege nossa integridade institucional. Somos uma entidade viva, legalmente constituída, com governança sólida, marca registrada e protegida junto ao INPI, além de acordos internacionais reconhecidos. Cumprimos rigorosamente todas as obrigações legais, fiscais e tributárias perante o governo brasileiro, país onde atualmente está sediada nossa organização. Não há espaço para improvisações ou oportunismos: nossa legitimidade é construída com responsabilidade, transparência e respeito às normas.”

Sede global e ruptura de legitimidade

O doutor Palú reiterou que, mesmo após a reconstrução legal da ITKF no Brasil, a entidade manteve abertos os canais de diálogo com antigos dirigentes internacionais, como os senhores Richard Jorgensen e Dejan Nedev. Ele expôs de forma clara sua avaliação sobre a postura de ambos, especialmente diante das oportunidades de participação em entrevistas oficiais, da recusa em reconhecer a constituição aprovada em 2021 e do afastamento completo durante a Assembleia Geral realizada em Portugal naquele mesmo ano, ocasião em que foi decidida a transferência integral da sede global para o país de residência do Chairman eleito.

“Além de delicada, essa questão é muito importante porque demonstra como a ITKF atuou com correção, espírito democrático e total transparência. Ao contrário do que muitos imaginam, tanto o senhor Richard Jorgensen quanto o senhor Dejan Nedev, à época representantes legítimos de federações associadas, aceitaram nossos convites formais e concederam entrevistas para os canais oficiais da ITKF. Essas entrevistas estão publicadas e disponíveis em nosso portal institucional. A abertura sempre existiu, fizemos questão de garantir espaço para todos os que, de alguma forma, integraram a nossa história.

O que houve, de fato, foi uma ruptura de posicionamento em 2021, quando a Assembleia Geral da ITKF solicitou a todos os membros que reafirmassem, por escrito, seu compromisso com a constituição da federação, um gesto simbólico, mas fundamental após anos de fragmentação. Naquele momento, tanto Jorgensen quanto Nedev, em representação de suas federações associadas, se recusaram a assinar esse compromisso, sinalizando claramente seu afastamento da linha institucional. Recusaram igualmente aprovar a entrada de novos membros associados.

Assembleia Geral da ITKF em Lima, Peru, 1990 – Aprovação da Constituição da ITKF – ITKF Global

É importante destacar também que as federações lideradas por ambos ainda eram oficialmente filiadas à ITKF até o ano de 2022. Não foram excluídas nem descredenciadas de imediato. Isso demonstra o quanto fomos pacientes, diplomáticos e cuidadosos com todo o processo.

Mas o ponto de inflexão ocorreu quando tomamos conhecimento de suas ações, distintas, porém semelhantes, de criação de instituições paralelas, usando exatamente a mesma estrutura que a ITKF que o Prof. Gilberto recebeu em 2017. Essas ações foram a base legal para a expulsão das federações do Canadá e da Macedônia, de acordo com os preceitos da Constituição que ambos se recusaram a ratificar.

Na Assembleia Geral realizada durante o Campeonato Europeu em Portugal, diante de dezenas de representantes internacionais, foi aprovada por unanimidade a proposta de transferir, de forma definitiva, a sede administrativa da ITKF, o headquarters, para o país de residência do chairman democraticamente eleito. Essa decisão reforça o compromisso da organização com a representatividade, a governança democrática e a adaptação estratégica às dinâmicas globais do esporte.

Entre os líderes que participaram da reunião de Lima estavam Wayo Salas, do Peru; dr. Jorga, da Iugoslávia; sensei Hidetaka Nishiyama, presidente da ITKF; Michael Crowe, secretário-geral da ITKF; Luiz Alberto Küster, do Brasil; e Luigi Puricelli, da Itália © ITKF Global

Com isso, a sede passou a funcionar legalmente no Brasil, onde reside o atual chairman, professor Gilberto Gaertner, e assim permanecerá até as próximas eleições.

Essa medida tem se mostrado extremamente eficaz. Resolve, de forma clara, o antigo problema da “sede simbólica”, que durante muitos anos foi apenas uma ideia vaga em Los Angeles, sem sede física, sem contabilidade e sem legitimidade jurídica. Agora, a ITKF tem endereço, tem CNPJ, tem prestação de contas, operação bancária ativa e está juridicamente constituída.

E o mais importante: essa é uma solução que respeita o espírito democrático da federação. Em 2026, teremos novas eleições para o cargo de chairman, e a sede será automaticamente transferida para o país do novo eleito, seja ele quem for. Isso garante agilidade, legalidade e eficiência. Seguiremos nesse caminho, com firmeza, legitimidade e a certeza de que o legado do mestre Nishiyama está sendo honrado com integridade e visão de futuro.”

Principais mudanças da Assembleia Geral de 2019 reforçaram a legitimidade e soberania da ITKF

As mudanças inovadoras aprovadas na Assembleia Geral de 2019, realizada em Curitiba, reforçaram a legitimidade e a soberania da ITKF. O processo contou com o endosso de lideranças continentais, membros do Comitê Técnico e representantes de 17 federações nacionais, demonstrando ampla representatividade internacional. Entre os principais signatários estão o chairman da ITKF, Gilberto Gaertner; o presidente da Confederação Pan-Americana, Antonio Walger; o então presidente da Confederação Europeia, Vladimir Jorga; o secretário-geral da Federação Europeia, Dejan Nedev; o presidente da Confederação Africana, Ibrahim Al Bakr; o secretário-geral da ITKF, Luiz Alberto Küster; e o membro do Comitê Técnico, Richard Jorgensen.

Reunião do Colegiado de Diretores da ITKF Global realizada em 2019, com a presença de Richard Jorgensen e Dejan Nedev como membros do colegiado internacional © ITKF Global

Também ratificaram as inovações os presidentes das federações nacionais do Canadá (Richard Jorgensen), Macedônia (Vencislav Nedev), Brasil (Sérgio Bastos), Argentina (Justo Gómez), França (Sandrine El Marhomy), Egito (Ramy Mekawy), Itália (Dino Contarelli), Uruguai (Jorge Crosa), Alemanha (Helmut Eisenmann), Eslovênia e Bósnia-Herzegovina (Roman Pavlovic), Israel (Eyal Nir), Indonésia (Muchlas Rowi), Portugal (Fernando Silva), Uzbequistão (Shukhratjon Kushmuradov), Sérvia (Vladimir Jorga) e Romênia (Nicolae Marandici e Cornell Musat). A diversidade geográfica dos signatários reforça a legalidade e a representatividade da reforma estatutária que consolidou a nova fase da governança global da ITKF.

Time global

Outro fator importante que deve ser destacado é o protagonismo de lideranças nacionais e regionais que alavancaram o Karatê Tradicional em suas origens. Nomes como o presidente da Confederação Africana, Ibrahim Al Bakr; o presidente da Eslovênia, Roman Pavlovic; de Portugal, Fernando Silva; do Egito, Ramy El Mekawi; da Argentina, Justo Gómez; da França, Sandrine El Marhomy; da Itália, Dino Contarelli; e da Romênia, Nicolae Marandici e Cornell Musat, entre outros.

Governança, legitimidade e visão de futuro

Sob a liderança do professor Gilberto Gaertner, a ITKF tem vivido um ciclo de reconstrução institucional, reafirmação dos valores fundacionais do Karatê Tradicional e ampliação de sua projeção internacional. Diante do surgimento de iniciativas paralelas que tentam reivindicar, de forma indevida, o legado do mestre Nishiyama, o chairman da ITKF abordou com clareza os fundamentos que asseguram a legitimidade e a continuidade histórica da entidade. Também falou sobre os avanços recentes em governança digital, inovação administrativa e os planos da ITKF para a formação de novas lideranças, com foco no processo eleitoral previsto para 2026.

“Infelizmente, o mundo do karatê também enfrenta distorções graves, movidas por mentes egocêntricas e carentes de aprovação, e precisamos nomeá-las com clareza. Há organizações que foram criadas por ex-membros de nossa instituição que, após terem seus vínculos encerrados em conformidade com nossa constituição, passaram a copiar nossa estrutura, nossos regulamentos, nossa identidade visual e até nosso nome, tentando se apresentar como continuidade legítima da federação fundada por Hidetaka Nishiyama. Isso é absolutamente inaceitável.

Lista de presença da Assembleia Geral de 2019 da ITKF Global, assinada por Richard Jorgensen e Dejan Nedev como membros oficialmente presentes © ITKF Global

Estamos diante de práticas que configuram fraude institucional e que podem envolver crimes como apropriação indevida de propriedade intelectual, concorrência desleal e falsificação de identidade corporativa. São entidades sem sede real, sem estrutura legal, sem uma diretoria eleita democraticamente, sem membros registrados, que operam com base em aparências, impulsionadas por redes sociais e, em muitos casos, com má-fé deliberada”, denuncia Gaertner.

Ainda sobre a tentativa de usurpação do legado da ITKF por figuras que outrora integraram a própria organização, o secretário-geral Luiz Alberto Küster fez um comentário contundente que sintetiza com clareza a gravidade do cenário:

“É quase risível, não fosse desonesto, que os senhores Nedev e Jorgensen, outrora membros ativos da ITKF, com voz, voto e visibilidade plena, agora tentem inverter a realidade e rotular como ‘legítimas’ justamente as entidades fraudulentas e espúrias que eles mesmos criaram, factoides de rede social, sem qualquer lastro institucional, e que configuram, em tese, graves violações à propriedade intelectual e à lealdade organizacional.”

Diante das tentativas de usurpação de identidade e dos ataques à integridade institucional da ITKF, o chairman Gilberto Gaertner reforça a resposta estratégica da entidade e explica como a governança foi consolidada com base em princípios estatutários, legitimidade documental e fidelidade ao legado do mestre Nishiyama.

Diante desse cenário, a ITKF respondeu com organização, firmeza e integridade. Consolidamos nossa governança com base em procedimentos estatutários bem definidos, assembleias amplamente participativas e registros formais que estão disponíveis publicamente em nosso portal institucional. Essas evidências demonstram, de forma inequívoca, a continuidade legítima da ITKF Global, agora juridicamente estruturada e eticamente conduzida, fiel ao legado do Mestre Nishiyama e comprometida com o futuro do Karatê Tradicional.

É igualmente importante afirmar que não somos contrários à existência de organizações coirmãs no universo do Karatê Tradicional, muito menos à atuação independente de ex-alunos do mestre Nishiyama. Pelo contrário: respeitamos entidades que atuam com integridade e identidade própria. Torcemos por sua evolução e, quem sabe, no futuro, possamos construir caminhos de cooperação, eventos colaborativos e pontes de convergência técnica e filosófica.

A ITKF, por sua vez, vive um momento vigoroso. Somos afiliados a instituições internacionais respeitadas, como a TAFISA, a IAKS e o ICSSPE, e atuamos em plena conformidade legal, tributária e institucional no Brasil. Em 2024, também foi inaugurada uma subsede na União Europeia, com o objetivo de consolidar a presença institucional da ITKF no continente europeu. Contamos com um portal moderno, serviços digitais integrados, base pública de milhares de praticantes registrados (https://itkf.global/dan-registrations/), certificações oficiais, relatórios acessíveis e um sistema administrativo auditável e funcional.

“Infelizmente, o mundo do karatê também enfrenta distorções graves, movidas por mentes egocêntricas e carentes de aprovação, e precisamos nomeá-las com clareza.”

É verdade que não integramos o movimento olímpico, não por falta de legitimidade, mas por razões alheias à nossa vontade. A WKF, embora reconhecida formalmente pelo COI, Comitê Olímpico Internacional, não representa a pluralidade técnica, cultural e institucional do karatê mundial. Mesmo assim, recebe privilégios desproporcionais, apoio político e recursos que jamais foram compartilhados com outras organizações sérias e representativas da modalidade.

Essa distorção institucional precisa ser denunciada. Por isso, a ITKF está preparando um artigo técnico e jurídico, no qual serão apresentados fatos, documentos e análises sobre o favorecimento estrutural do COI à WKF, em detrimento de todo um universo de praticantes e federações que seguem fiéis ao Karatê como arte marcial, cultura e educação.

A lógica atual do COI é marcadamente elitista e comercial. Seus critérios privilegiam esportes televisivos, altamente profissionalizados, enquanto ignoram a força e o impacto social do esporte não olímpico, que envolve milhões de praticantes ao redor do mundo. Infelizmente, muitos governos seguem “hipnotizados” por esse modelo, e mostram olhos preguiçosos diante de instituições como a ITKF, que atuam com seriedade, promovem saúde e valores entre crianças, jovens e adultos, sem apoio estatal, mas com profunda relevância social.

Diante desse cenário, a ITKF segue firme. Em nossa última reunião de diretoria, aprovamos a criação do Comitê Legal Internacional, com a missão de oferecer suporte técnico e jurídico às federações associadas, auxiliando na sua formalização legal nos respectivos países, no registro de marcas, proteção de propriedade intelectual e combate a fraudes institucionais. Trata-se de um passo decisivo rumo ao fortalecimento da governança e da soberania de nossas organizações membros.

Por fim, reafirmo nosso compromisso com a governança democrática. Em 2026, realizaremos novas eleições para o cargo de chairman, de forma pública e auditável. E, conforme aprovado na Assembleia Geral de 2021, em Portugal, a sede administrativa da ITKF será automaticamente transferida para o país do chairman eleito. É uma solução simples, eficiente e que assegura legitimidade contínua, independentemente de nacionalidade ou localização.

A Federação Internacional de Karatê Tradicional segue viva, íntegra e determinada, com os pés firmes na tradição, e com ações e o olhar voltados para o futuro”, concluiu o chairman da ITKF.

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