15 de novembro de 2024
Japão soma oito ouros, enquanto Mayra e Baby garantem prata e bronze em Dusseldorf
Na temporada passada o Brasil terminou a competição na vice-liderança, atrás somente do Japão. Em 2020 caímos para o décimo lugar
Grand Slam de Dusseldorf 2020
24 de fevereiro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos MARINA MAYOROVA
Curitiba – PR
A seleção brasileira de judô foi à Alemanha com força máxima e desembarcou em Dusseldorf com os seus principais nomes da equipe sênior na atualidade. A gestão de alto rendimento da CBJ inscreveu 23 judocas na competição.
Realizado na arena ISS Dome, o Grand Slam de Dusseldorf 2020 recebeu 664 judocas de 115 países e cinco continentes. Os anfitriões inscreveram 53 atletas. A Coreia do Sul levou 24 judocas e foi a segunda maior delegação, seguida pelo Brasil. A terceira maior, porém, fechou o primeiro dia de disputa na 19ª colocação. Sem conquistar nenhuma medalha, no segundo dia, caiu para a 23ª posição.
Nos dois primeiros dias de competição quase todos os 15 atletas que representaram o Brasil ficaram pelo caminho já nas preliminares, com exceção do peso meio-leve Daniel Cargnin, que chegou à disputa do bronze e terminou na honrosa sétima colocação.
Brasil se impõe no shiai-jô
Neste domingo (23) oito judocas brasileiros entraram em ação, mas ao contrário do que havia acontecido na sexta-feira e no sábado, alguns deles entraram mordidos e determinados a construir resultados positivos.
Rafael Macedo (90kg), Leandro Gonçalves (100kg), Maria Suelen Altheman (+78kg) e David Moura (+100kg) caíram já no primeiro combate, mas Rafael Buzacarini lutou muito bem e perdeu apenas na semifinal para o usbeque Mukhammadkharim Khurramov. Na disputa do bronze foi superado pelo húngaro Miklos Cirjenics, mas conquistou um honroso 5º lugar.
Beatriz Souza (+78kg) começou muito bem, venceu os dois primeiros confrontos por ippon e nas quartas caiu diante da azeri Irina Kindzerska. Na disputa do bronze perdeu para a número 1 do mundo, a rival cubana Idalys Ortiz. Assim como o judoca do Clube Paineiras do Morumby, a pinheirense conquistou a 5ª colocação e pontos preciosos no ranking olímpico.
Guerreira, Mayra Aguiar conquista a medalha de prata
A primeira medalha do Brasil foi conquistada pela gaúcha Mayra Aguiar (78kg), campeã do Grand Slam de Dusseldorf em 2019, que defende a Sogipa.
Mayra começou vencendo a equatoriana Vanessa Chala por ippon. Nas oitavas, a sogipana passou pela russa Alexandra Babintseva, com outro ippon. Nas quartas de final venceu a austríaca Bernadette Graff nas punições.
A disputa da semifinal com a cubana Kaliema Antomarchi foi muito equilibrada. Aguerrida, Mayra lutou focada e depois de forçar duas punições no tempo normal, no golden score jogou a cubana de wazari e carimbou o passaporte para a segunda final consecutiva no Grand Slam de Dusseldorf.
Na decisão, Mayra foi para cima de Shori Hamada, mas a japonesa encaixou uma transição para a luta no chão e mostrou que possui um ne-waza fortíssimo, vencendo a brasileira no osae-komi.
Rafael Silva conquista sua primeira medalha em 2020
O segundo pódio do Brasil veio com Rafael Silva (+100kg), judoca do Esporte Clube Pinheiros, que desde o mundial de Tóquio vinha batendo na trave.
Para chegar ao bronze Baby passou pelo alemão Erik Abramov, pelo venezuelano Pedro Pineda e por Aliaksandr Vakhaviak, da Bielorrússia.
Na semifinal Baby caiu diante de Guram Tushishivili (Geórgia), campeão mundial de 2018, com uma punição bastante controversa para o brasileiro.
Na disputa do bronze, Rafael Silva impôs maior pressão e volume e derrotou Richard Sipocz, da Hungria, nas punições para garantir a medalha.
Implacável, Japão totaliza oito ouros, uma prata e um bronze
A seleção japonesa subiu oito vezes ao lugar mais alto do pódio em Dusseldorf, com Naohisa Takato (60kg), os irmãos Uta Abe (52kg) e Hifumi Abe (66kg), Shohei Ono (73kg), Miku Tashiro (63kg), Chizuru Arai (70kg), Shori Hamada (78kg) e Sarah Asahina (+78kg).
A seleção japonesa ainda esteve outras duas vezes no pódio, com a peso ligeiro Funa Tonaki, que conquistou a medalha de prata, e o peso médio Shoichiro Mukai, que obteve o bronze.
Em 2019 o Brasil terminou o Grand Slam de Dusseldorf na vice-liderança
Com o ouro de Mayra Aguiar (78kg), prata de Rafaela Silva (57kg) e bronzes de Maria Suelen Altheman (+78kg), Nathália Brígida (48kg) e Ellen Santana (70kg), o Brasil ficou em segundo lugar geral no quadro de medalhas do Grand Slam de Dusseldorf de 2019, atrás apenas do Japão, que se esparramou no pódio conquistando nada menos que 14 medalhas, sendo nove de ouro, três de prata e duas de bronze.
Fomos a Dusseldorf com 23 atletas, a segunda maior equipe depois dos anfitriões, e certamente tínhamos uma das maiores comissões técnicas do certame. Nada menos que 12 judocas voltaram para casa já no primeiro combate. Outros seis caíram no segundo e apenas cinco terminaram entre os sete primeiros colocados.
A poucos meses dos Jogos Olímpicos de Tóquio e sem Rafaela Silva, pega no exame antidoping realizado no dia 9 de agosto de 2019 nos Jogos Pan-Americanos de Lima, o quadro do judô brasileiro não é nada positivo.
Se quisermos manter a tradição de vitórias e conquistas olímpicas que acumulamos desde a era Mamede, algo precisa ser feito rapidamente pela gestão de alto rendimento da seleção brasileira de judô.