05 de junho de 2025

Judô e lesões: entre o respeito ao corpo e à essência da arte marcial
Por Dr. Darci Duarte Lopes Júnior
O judô é reconhecido como uma das artes marciais mais tradicionais e completas da atualidade. Sua origem remonta ao Japão, onde foi sistematizado por Jigoro Kano no final do século XIX, a partir de técnicas de antigas escolas de combate. No Brasil, o judô ganhou enorme popularidade, consolidando-se como modalidade esportiva e também como ferramenta de disciplina, educação física e formação do caráter.
A prática do judô envolve uma variedade de técnicas aplicadas em competições, como projeções, imobilizações, estrangulamentos e chaves articulares. Todas essas técnicas são embasadas em princípios biomecânicos e, se aplicadas com total intensidade, têm potencial para causar lesões significativas. Dentre elas, as imobilizações se destacam por seu caráter mais controlado: têm como objetivo conter os movimentos do oponente e neutralizá-lo, sem necessariamente provocar dano físico.
Como em qualquer prática esportiva, há risco de lesões — até mesmo numa simples corrida. No judô, estudos indicam que praticantes de nível avançado apresentam maior incidência de lesões em comparação aos iniciantes, com destaque para as articulações do ombro e do joelho.
As projeções são, de modo geral, os mecanismos mais comuns de trauma no judô, cenário semelhante ao de outras artes marciais de contato. Ainda que os índices de lesão não sejam alarmantes, as ocorrências mais frequentes envolvem entorses e lesões ligamentares, especialmente nos joelhos, representando cerca de 16,5% dos casos registrados.
Dois aspectos fundamentais devem ser observados na prevenção de lesões. O primeiro é o aquecimento adequado: preparar o corpo com movimentos semelhantes aos utilizados durante a luta, mas sem a interferência de um oponente, é essencial para ativar músculos e articulações. O segundo aspecto diz respeito à carga de treino e à consciência corporal. Cada praticante possui seus próprios limites, e o corpo sempre emite sinais quando está próximo de ultrapassá-los.
Ortopedista e traumatologista, Dr. Darci Duarte Lopes Júnior alia conhecimento técnico à vivência no judô para orientar atletas sobre prevenção de lesões e respeito aos limites do corpo © Arquivo
Assim, o caminho para uma prática segura e duradoura no judô passa pelo respeito mútuo — ao próprio corpo e ao parceiro de treino. Evitar forçar movimentos além do necessário e reconhecer os sinais de fadiga são atitudes indispensáveis. Afinal, mais do que vencer, o judô nos ensina disciplina, respeito e autocontrole.
Sob a ótica médica, prevenir é sempre melhor do que remediar. No judô, isso se traduz em escutar o corpo, respeitar os limites individuais e valorizar o tempo de recuperação. A longevidade nos tatamis não depende apenas de talento ou dedicação, mas também de inteligência corporal e orientação adequada. Cabe aos atletas, professores e profissionais de saúde atuarem de forma integrada, garantindo que a prática do judô seja não apenas eficiente e formadora, mas também segura.
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