20 de novembro de 2024
Judô: estudo mostra a evolução e as diferenças entre o judô do Brasil e o dos Estados Unidos
Ex-presidente da FECJU, José Cardoso Neto migrou para os Estados Unidos em 2021 e, com base em sua experiência, aponta as diferenças estruturais do judô dos dois países.
Por José Cardoso Neto / Global Sports
26 de julho de 2024 / Curitiba (PR)
Segundo a Federação Internacional de Judô, a modalidade está presente em mais de 200 países. No entanto, mesmo mantendo os mesmos princípios e regras de competição em nível global, ela não seguiu uma evolução linear em todos os lugares devido às diferenças culturais existentes ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, três entidades dividem a gestão nacional da modalidade.
Acumulando vasta experiência tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o professor José Cardoso Neto considera extremamente interessante projetar o futuro do judô, mas para tanto é de suma importância estudar como ele se desenvolveu em cada país.
Segundo Cardoso, dois estudos de caso bastante interessantes no desenvolvimento do judô no continente americano são os dos Estados Unidos e do Brasil. Neste artigo ele busca esclarecer as origens, o crescimento e o estado atual do judô nos dois países, destacando as diferenças e o impacto dele em ambas as sociedades.
Origens e desenvolvimento do judô nos EUA
O judô foi introduzido nos Estados Unidos no início do século 20 por imigrantes japoneses que traziam consigo suas tradições das artes marciais. A primeira figura expressiva a levar o judô para solo norte-americano foi Tsunejiro Tomita, aluno direto de seu fundador, Jigoro Kano. Tomita demonstrou o judô nos EUA em 1904, com apresentações notáveis na cidade de Nova York e em outros locais. Essas primeiras manifestações despertaram interesse da população, lançando as bases para o desenvolvimento do judô no país.
No entanto, foi Mitsuyo Maeda, outro proeminente aluno de Jigoro Kano, quem desempenhou um papel crucial na difusão do judô em toda a América, especialmente nos Estados Unidos. Maeda percorreu o continente mostrando a eficácia do judô e estabelecendo uma rede de praticantes e entusiastas. Seus esforços foram fundamentais para ampliar a aceitação e encorajar o crescimento do judô além dos limites das comunidades de imigrantes japoneses.
Nos primeiros anos, a prática de judô nos Estados Unidos restringia-se principalmente a dojôs privados e centros comunitários nipônicos. Esses dojôs serviam como núcleos culturais, especialmente na Costa Oeste e no Havaí, onde havia grandes comunidades japonesas. Esses primeiros estabelecimentos forneceram a base para o desenvolvimento do judô nos EUA, criando uma geração de praticantes e instrutores.
Na medida que a popularidade do judô crescia, os esforços para organizar e formalizar o esporte ganharam impulso. Nas décadas de 1950 e 1960, o judô dos Estados Unidos começou a ganhar mais estrutura e reconhecimento com o estabelecimento de organizações importantes. A Federação de Judô dos Estados Unidos (USJF) foi fundada em 1952, seguida pela Associação de Judô dos Estados Unidos (USJA), em 1969. Essas entidades desempenharam papel fundamental na padronização das práticas de judô, na organização de competições e na promoção do judô em nível nacional.
O USA Judo, o órgão regulador nacional do esporte, foi criado posteriormente para supervisionar a gestão geral e a promoção das atividades de judô nos Estados Unidos. O USA Judo é responsável por organizar competições nacionais, programas de treinamento e representar os EUA em eventos internacionais. A criação destas organizações impôs um marco significativo no desenvolvimento do judô nos Estados Unidos, proporcionando a estrutura necessária para o crescimento do esporte e garantindo seu sucesso contínuo.
Graças aos esforços de pioneiros como os senseis Tomita e Maeda, e do subsequente estabelecimento de órgãos de administração da modalidade, o judô tornou-se parte integrante do cenário norte-americano das artes marciais. Até hoje o esporte continua a evoluir, atraindo novas gerações de praticantes e contribuindo para o rico ambiente das artes marciais nos Estados Unidos.
Surgimento do judô no Brasil
Mitsuyo Maeda também teve impacto significativo no Brasil, onde chegou em 1914. Inicialmente, introduziu o judô em Belém, Pará, importante cidade da Região Norte. Por meio de uma série de demonstrações e sessões de ensino, Maeda mostrou a eficácia e a disciplina do judô, incentivando o início de sua prática pela população local. A influência de Maeda rapidamente se expandiu para além de Belém, enquanto ele viajava por diversas regiões, ensinando e demonstrando judô. Suas apresentações carismáticas não apenas atraíram estudantes, mas também inspiraram os praticantes locais a estabelecerem seus próprios dojôs. Essa abordagem popular ajudou o judô a criar raízes e evoluir em diversas partes do Brasil.
Um dos legados mais notáveis da influência de Maeda no Brasil foi sua ligação com a família Gracie. Carlos Gracie, um dos primeiros alunos de Maeda, aprendeu judô e adaptou suas técnicas para, com o tempo, criar o jiu-jitsu brasileiro (BJJ), uma ramificação que se concentra mais na luta de solo (ne-waza) e nas finalizações (kansetsu-waza e shime-waza). Apesar de a prática do jiu-jitsu ter precedido e ter dado origem ao judô no Japão, foi a adaptação dos ensinamentos de Maeda pela família Gracie que levou à difusão da variante brasileira no Brasil e no mundo.
À medida que a popularidade do judô crescia, tornou-se evidente que era necessária uma estrutura mais formal para administrar e promover o esporte em todo o País. Isso levou à criação da Federação Paulista de Judô (FPJudô), entidade pioneira fundada em 1958 por abnegados membros da colônia japonesa. Posteriormente, e somente após 11 anos, surgiu a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), em 1969. Contudo, por sediar a maior e a principal colônia japonesa do continente americano, por décadas foi a FPJudô que ditou parâmetros e impôs o ritmo de crescimento da modalidade no País.
Somente depois de algumas décadas a CBJ assumiu efetivamente o comando da modalidade, moldando sua estrutura nos 26 Estados e no Distrito Federal. Passou, ainda, a estabelecer padrões nacionais de competição e de certificação.
Sob a orientação da CBJ, o judô brasileiro começou a ser padronizado em todas as regiões do País, formando atletas de altíssimo nível e ganhando reconhecimento internacional.
Popularidade e crescimento
O judô nos Estados Unidos tem crescido de forma constante, mas enfrenta concorrência significativa de outras artes marciais, como jiu-jitsu brasileiro (BJJ), karatê, wrestling e MMA. O jiu-jitsu deve sua popularidade a sua relação direta com o MMA; o karatê, aos seriados de TV e filmes como Karatê Kid; e o wrestling por sua presença em praticamente todos os colégios. Apesar disso, o judô é praticado num número substancial de clubes em todo o país, embora não seja tão difundido e enraizado como no Brasil.
O judô nos EUA é praticado em diversos ambientes, desde dojôs locais até universidades. Muitos desses clubes são filiados a organizações como a Federação de Judô dos Estados Unidos (USJF), a Associação de Judô dos Estados Unidos (USJA) e ao USA Judo.
Estas entidades desempenham papel importante no desenvolvimento e na promoção do judô em todo o país. Elas estruturam, padronizam a prática e oferecem suporte aos clubes, garantindo que os praticantes recebam uma formação de qualidade.
O USA Judo, em particular, representa os Estados Unidos em eventos internacionais de judô e organiza competições nacionais, como o Campeonato Nacional de Judô, o US Open e outros eventos menores. O US Open, por exemplo, atrai atletas de todo o mundo. Em sua última edição reuniu mais de 2 mil competidores, representando mais de 30 países. Esses eventos, além de revelar talentos individuais, ajudam a elevar a qualidade do judô nos EUA.
A existência de três instituições de comando é uma das diferenças significativas entre o judô norte-americano e o brasileiro. Enquanto o Brasil tem seu comando centralizado na CBJ, nos Estados Unidos três instituições coexistem e definem os rumos da modalidade harmonicamente.
Nos últimos anos, a popularidade do judô nos Estados Unidos teve um aumento notável, que pode ser atribuído a vários fatores. O sucesso recente de atletas de alto nível, como Kayla Harrison, que ganhou medalhas de ouro olímpicas em 2012 e 2016 e entrou vitoriosamente no MMA. As conquistas de Harrison inspiraram uma nova geração de judocas e chamaram a atenção para o potencial de sucesso do esporte no cenário mundial. A também medalhista olímpica Ronda Rousey, que depois de ser campeã no UFC agora participa do popular WWE (conhecido no Brasil como telecatch), ajudou a divulgar ainda mais o judô nos Estados Unidos.
Alguns clubes e academias norte-americanos fazem trabalhos diferenciados, como o Ki-itsu-sai. Trata-se de um Centro Nacional da USA Judo, localizado em Fort Lauderdale, na Flórida, comando pelo sensei Jhonny Prado, onde treinam a atleta olímpica Angelica Delgado e Dominic Rodriguez, campeão pan-americano sênior aos 18 anos e uma das maiores promessas do judô norte-americano.
A criação do primeiro Centro Nacional de Desenvolvimento do judô americano em Charlotte, na Carolina do Norte, com atletas residentes e a contratação do técnico da Suécia nas Olimpíadas de 2008, 2012, 2016 e 2020, Robert Eriksson, para ser o técnico principal.
O Pedro’s Judo Center, em Massachusetts, comandado pelo campeão mundial e medalhista olímpico Jimmy Pedro, formou Ronda Housey e Kayla Harrison, além do vice-campeão olímpico Travis Stevens.
Como trabalhos mais recentes o estudo destaca alguns ex-atletas olímpicos que estão desenvolvendo boas iniciativas. Nick Yonezuka atua no Cranford JKC, onde treina seu filho Jack Yonezuka, medalhista em mundiais juniores e recém-classificado para os Jogos Olímpicos de Paris. Colton Brown recém-inaugurou o Colton Brown Training Center em New Jersey. E, por fim, a Super Fight Academy, dirigida pelo próprio José Cardoso Neto, localizada em Orlando, na Flórida, que se destaca por buscar desenvolver todo o potencial do judô como esporte e como filosofia de vida, trabalhando desde o judô escolar ao judô como defesa pessoal, de alto rendimento e como ferramenta de inclusão social e de atletas com deficiência.
Brasil no topo
No Brasil, o judô ocupa um lugar de destaque no cenário esportivo interno e externo, figurando entre as modalidades mais populares. É o esporte olímpico brasileiro que mais medalhas conquistou para o País. O número de clubes e praticantes de judô no Brasil é expressivamente maior que nos Estados Unidos, refletindo a presença profundamente enraizada do esporte na cultura brasileira. Mais que uma atividade popular, é parte integrante do sistema educacional, com muitas escolas incorporando o judô em seus currículos de educação física. Essa capilaridade ajudou a criar a empatia e o amor pelo esporte desde cedo e ajuda os praticantes de todo o País a terem acesso a um treinamento de qualidade.
A CBJ dividiu o País em cinco regiões e gerencia campeonatos regionais e nacionais, fomentando a disseminação do judô em todo o território nacional. Esta estrutura cria um ecossistema vibrante de treino e competição, permitindo aos atletas participarem frequentemente de competições de alto nível. Cada Estado tem sua própria federação, liderada por gestores que coordenam a modalidade em suas regiões. Este sistema promove uma rivalidade saudável, levando os atletas a crescerem tecnicamente de forma continuada.
A intensa competição em nível estadual tem sido fundamental para tornar o judô brasileiro uma potência no cenário global. Os judocas brasileiros tornaram-se conhecidos por sua proficiência técnica, condicionamento físico e espírito competitivo, ajudando o Brasil a se classificar entre as principais nações do judô do mundo.
Existem no Brasil alguns clubes que são potências olímpicas e molas propulsoras do judô. Destacam-se o Esporte Clube Pinheiros, Sesi-SP, Clube Athletico Paulistano, Sociedade Esportiva Palmeiras e Clube Paineiras do Morumby, no Estado de São Paulo; Flamengo e Instituto Reação, no Rio de Janeiro; Sogipa e Grêmio Náutico União, no Rio Grande do Sul; Sociedade Morgenau, no Paraná; e Minas Tênis Clube em Minas Gerais.
Todos esses clubes mantêm estrutura completa, permitindo a preparação plena dos atletas do alto rendimento. Além deles, e igualmente voltados para o alto rendimento, há em todo o País dojôs, academias, clubes, instituições e projetos sociais que realizam um trabalho excepcional na formação de atletas que, depois de alcançarem destaque, acabam transferindo-se para os grandes clubes. Como destaques, o autor do estudo cita a Associação Desportiva Mazzili, do Maranhão; Judô Expedito Falcão, do Piauí; Associação Nagai, de Pernambuco; Shiro Sport Club, do Rio Grande do Norte; Judô e Movimento, de Sergipe; Espaço Marques Guiness, do Distrito Federal; Judô Futuro e Judô Clube Rocha, do Mato Grosso do Sul; Associação dos Faixas Pretas e Instituto Projeto Vencedor, de Alagoas; Associação e Projeto Social Judô Resgate, do Ceará; e Associação Namie de Judô, de São Paulo.
José Cardoso Neto ressalta o trabalho dos projetos sociais para o judô brasileiro, nos quais a modalidade supera a condição de esporte olímpico, revelando-se importante ferramenta de inserção social com profundo potencial transformador.
O sucesso brasileiro fica evidente por suas conquistas olímpicas. Desde que o judô foi introduzido no Programa Olímpico em 1964, os judocas brasileiros têm conquistado medalhas de forma consistente, ressaltando o talento e o comprometimento do País com o esporte genuinamente japonês. Nos últimos jogos, o Brasil classificou atletas em praticamente todas as categorias de peso e no torneio por equipes mistas. Os Jogos Pan-Americanos evidenciam ainda mais o domínio brasileiro no judô. Da classe júnior à sênior, os brasileiros frequentemente lideram os quadros de medalhas, demonstrando superioridade técnica continental em todas as categorias de idade e classes de peso.
Enquanto o Brasil continuar a desenvolver seu talento no judô, o País provavelmente manterá sua liderança continental e sua posição como uma das principais forças mundiais do judô.
Resultados comparativos
Os Estados Unidos têm uma considerável história de produção de competidores olímpicos e de campeonatos mundiais de judô, com atletas como Kayla Harrison se destacando por suas conquistas notáveis. Harrison, duas vezes medalhista de ouro olímpico em 2012 e 2016, tornou-se um símbolo de excelência, inspirando inúmeros jovens atletas. Seu sucesso no cenário internacional trouxe atenção ao judô nos EUA, destacando o potencial dos judocas compatriotas para competir e ter sucesso nos mais altos níveis.
Até agora, os Estados Unidos conquistaram 16 medalhas olímpicas no judô. Para Cardoso Neto, com projetos estratégicos, maior disseminação, mais competições e aumento de investimento, o judô nos Estados Unidos tem potencial para crescer cada vez mais, produzir atletas de nível mundial e impactar positivamente a sociedade.
Já o Brasil figura há bastante tempo entre as potências do judô mundial. Desde que a modalidade entrou no Programa Olímpico, já são 24 medalhas, além de domínio consistente no continente, vencendo todas as últimas edições dos Jogos Pan-Americanos.
Para Cardoso Neto, as conquistas dos judocas brasileiros nas Olimpíadas e nos Jogos Pan-Americanos comprovam a eficácia dos esforços da comunidade do judô do Brasil e a força de um programa nacional de judô enraizado. “À medida que o judô brasileiro continua a evoluir e crescer, ele está preparado para manter sua posição como uma força dominante no mundo do judô, inspirando futuras gerações de atletas e contribuindo para a comunidade global do judô.”
Quadro comparativo
Conclusão
O desenvolvimento do judô nos Estados Unidos e no Brasil exemplifica como esta modalidade pode adaptar-se e prosperar em diversos contextos culturais, sociais e financeiros, conclui o estudo de José Cardoso Neto. Embora os Estados Unidos tenham feito avanços na promoção do judô, ainda há amplas oportunidades para liberar totalmente o seu poder transformador.
“Ao tirar lições do modelo de sucesso do Brasil”, diz o autor, “e abraçar iniciativas como os programas anti-bullying, implementação de judô nas escolas do ensino fundamental, desenvolvimento de locais onde possa ser feita a inclusão de crianças especiais, fomento de competições e programas específicos para o alto rendimento, os EUA poderão integrar ainda mais o judô ao tecido social, tirando assim o proveito máximo.”
Em relação a resultados competitivos ele observa que os Estados Unidos têm um longo caminho a percorrer para alcançar a excelência brasileira. “Na minha opinião, os pilares básicos para essa melhoria estão relacionados a maior capilaridade da modalidade e consequente aumento do número de praticantes, dojôs e clubes, treinamentos de campo, competições nacionais e regionais que proporcionem uma rivalidade saudável e o crescimento conjunto.”
Essa análise comparativa não só destaca as abordagens contrastantes entre as duas nações, mas mostra claramente os valores e benefícios universais que o judô proporciona aos praticantes em todo o mundo. “Além da destreza física, o judô estimula o desenvolvimento dos princípios de respeito, disciplina e resiliência – qualidades essenciais para o crescimento pessoal e a coesão social. À medida que o judô continue a ganhar reconhecimento, a promoção das suas virtudes pode abrir caminho para um futuro onde sua influência positiva possa tocar mais vidas.”
Olhando para o futuro, enquanto a popularidade do judô cresce, também aumenta seu potencial transformador de gerações futuras em líderes resilientes e empáticos, avalia Cardoso Neto. “Ao aprender com o sucesso do Brasil e adaptá-lo ao contexto local, os Estados Unidos podem desbloquear todo o potencial do judô para mudanças positivas. Por meio da dedicação contínua e de iniciativas estratégicas, o judô pode transcender as fronteiras culturais e emergir como uma pedra angular da excelência atlética e do enriquecimento social em todo o mundo.”
Quem é sensei Neto
Graduado em engenharia têxtil pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI, 2001) e pós-graduado em gestão desportiva pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV, 2017), o professor José Cardoso Neto é faixa preta san-dan (3º dan) com mais de 35 anos de dedicação à tradicional arte marcial japonesa. Iniciou sua jornada aos 5 anos e desde então o judô tem sido a sua grande paixão. Como atleta, conquistou mais de 130 títulos e como sensei fundou o Projeto Social Judô Resgate, que, além de formar campeões para os tatamis, prepara campeões para a vida.
“Tive o privilégio de treinar campeões mundiais, e como dirigente fui diretor técnico, vice-presidente, e entre 2014 e 2021 assumi a presidência da Federação Cearense de Judô (FECJU), na qual organizei a Copa Ceará de Lutas, primeira competição multiesportiva de lutas, que reuniu mais de 4 mil atletas em oito esportes como o judô, karatê, taekwondo, muaythai, boxe, jiu-jitsu, wrestling e kung fu. Também organizei a Copa Cidade de Fortaleza, uma das maiores competições de judô do Brasil, com mais de 2.500 judocas inscritos.”
Neto adianta que a sua missão agora é seguir compartilhando o conhecimento e a experiência adquiridos com alunos, professores, técnicos e dirigentes dos Estados Unidos, buscando contribuir no desenvolvimento de atletas e melhores cidadãos. “Além do meu papel como treinador, estou empenhado em usar os princípios do judô para capacitar crianças vítimas de bullying e jovens com síndromes como autismo e Asperger, fornecendo-lhes ferramentas para desenvolverem resiliência e crescimento pessoal, já que a minha experiência vai além do ensinar.”
Em 2020, Cardoso Neto fundou a Super Fight Academy, em Orlando, para continuar o projeto de compartilhar sua paixão pelo judô. “Já organizei numerosos eventos para fomentar valores inerentes ao judô, como o Super Fight Martial Arts Cups, que leva para os Estados Unidos as bandeiras do anti-bullying, do combate ao consumo de drogas, da prevenção do suicídio juvenil e da inclusão de alunos especiais. A Super Fight já atendeu centenas de alunos em nossas unidades.”
Como treinador principal de judô da Super Fight Academy, Cardoso Neto oferece treinamento abrangente em artes marciais com foco em judô e jiu-jitsu (BJJ). “Desenvolvi um sistema de formação para crianças com necessidades especiais, em colaboração com médicos e psicólogos especializados. O programa Super Fight Specials utiliza as artes marciais para ajudar as crianças a superarem desafios e tem mostrado resultados surpreendentes. Além disso, criei o método de treinamento anti-bullying da Super Fight Academy, que transmite valores por meio das artes marciais para ajudar as crianças a recuperar e manter a autoestima e evitar o bullying, e o Super Fight Olympics, que busca formar atletas para o alto rendimento. No desenvolvimento desse programa já tivemos ótimos resultados, como mais de 20 medalhas na maior competição de judô dos Estados Unidos, o US Open.”
Super Fight Schools
A mais recente iniciativa do sensei Neto é o programa Super Fight Schools, que oferece conteúdo esportivo para escolas com foco nas artes marciais. Este programa visa a cultivar o amor pela prática esportiva, incutir valores de trabalho em equipe, respeito e resiliência, além de incentivar um estilo de vida saudável desde a primeira infância. Por meio dessas iniciativas, o programa almeja impactar positivamente a vida dos jovens, ajudando-os a tornarem-se indivíduos confiantes e resilientes. Entre as várias escolas parceiras destacam-se a Life House e a Winter Garden Christian Academy, nas quais o programa começou.