Judô paralímpico do Brasil projeta recorde de pódios

Foto bem aproximada nos rostos de Thiego e Rebeca, que estão com as testas encostadas um no outro durante treinamento. Thiego, que é albino, tem o cabelo num tom alaranjado bem forte. Rebeca tem o cabelo preto © Renan Cacioli / CBDV

Mudanças nas regras neste ciclo promovem caras novas que se unem a veteranos para lutar por medalhas para o país.

Por Comunicação CBVD
5 de setembro de 2024 / Curitiba, PR

Última modalidade da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) a estrear nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, daqui a três dias, na Arena Campo de Marte, o judô paralímpico vive a expectativa de conquistar o melhor desempenho da história em uma edição. Até hoje, o recorde aconteceu em Pequim 2008, quando o Brasil ganhou um ouro, com Antônio Tenório – o último de um atleta da categoria masculina para o país –, duas pratas, com Karla Cardoso e Deanne Almeida, e dois bronzes, com Michelle Ferreira e Daniele Silva. Na última participação, em Tóquio, foram três medalhas: ouro, com Alana Maldonado – a primeira de uma judoca na história –, e dois bronzes, com Lúcia Araújo e Meg Emmerich.

Para quebrar a marca de Pequim, o Brasil contará com a maior quantidade de judocas em todas as edições: 15. O país estará representado em 14 das 16 categorias presentes no programa da modalidade. Além dos 13 convocados que se classificaram pelo ranking, o país recebeu mais dois convites do Comitê Paralímpico Internacional. Em Tóquio, foram nove atletas.

O aumento expressivo no número de judocas está diretamente atrelado à mudança ocorrida para este ciclo que separou os antigos atletas B1 (cegos totais) dos com baixa visão (B2 e B3), ampliando o número de classes de 13 para 16. Mas não se trata apenas de diferença numérica. A possibilidade de os agora atletas J1 (como passou a ser chamada a antiga B1) lutarem somente entre si tornou as categorias mais justas e catapultou o aparecimento de diversos novos nomes para o ciclo. Dos 15 representantes do judô paralímpico brasileiro na capital parisiense, nove (60% da delegação) são estreantes em Paralimpíadas.

Uma das novatas que chegou com tudo no ciclo foi a potiguar Rosi Andrade, de 27 anos, primeira colocada do ranking mundial e terceira do ranking paralímpico (que leva em conta um recorte de tempo menor). Campeã parapan-americana no Chile, no ano passado, ela foi bronze em sua estreia em Mundiais, em Baku 2022, ouro no Pan-Americano da IBSA 2022 e colecionou ainda três ouros, três pratas e dois bronzes em etapas de Grand Prix da IBSA.

“A mudança da regra foi muito boa para mim e outros atletas J1 que podem disputar de igual para igual. Fico muito feliz com a evolução desde a primeira competição. Conseguir me manter na maioria dos pódios me deixa muito orgulhosa e, com certeza, servirá de motivação em Paris”, explica Rosi.

Arthur e Wilians buscam se juntar a Tenório

Até hoje, Antônio Tenório foi o único judoca brasileiro a subir no degrau mais alto do pódio em uma Paralimpíada na categoria masculina. Conseguiu o feito em quatro ocasiões: Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008 – ganhou ainda um bronze, em Londres 2012, e uma prata, na Rio 2016. Em Paris, dois atletas chegam como líderes do ranking mundial em suas classes e como favoritos ao ouro: o potiguar Arthur Silva (90 kg J1) e o paraibano (acima de 90 kg J1).

Atual campeão mundial entre os pesos-pesados, Wilians, de 32 anos, chega para os Jogos de Paris 2024 em busca do desfecho perfeito para um dos ciclos mais importantes de sua carreira e tenta, em sua quarta participação, a primeira medalha de ouro – foi prata na Rio 2016. Em Londres 2012, ficou em quinto lugar e, em Tóquio 2020, acabou surpreendido logo na estreia e terminou em nono. “Foi um ciclo realmente maravilhoso. Subi no pódio de todas as competições disputadas. De 48 lutas, venci 44. Achei que o ápice havia sido na Rio 2016, mas Deus me reservou esta nova fase. É trabalhar bastante a cabeça agora, não estou lesionado. No Rio, pude participar de uma final. Agora, acho que estou bem próximo da medalha de ouro”, disse o atleta, que perdeu a visão aos 10 anos de idade em decorrência de um acidente com tiro de espingarda de chumbinho.

Rosi, à esquerda, treina com Brenda. Ambas são estreantes em Paralimpíadas. © Renan Cacioli / CBDV

As lutas em Paris acontecerão nos dias 5, 6 e 7 de setembro, começando às 5h e as finais, entre 10h30 e 11h (horários de Brasília). Confira a programação dia a dia:

5 DE SETEMBRO (quinta-feira)

05h00 – Preliminares

  • Rosi Andrade (48 kg / J1)
  • Larissa Silva (57 kg / J1)
  • Elielton Oliveira (60 kg / J1)
  • Thiego Marques (60 kg / J2)

11h00 – Finais

6 DE SETEMBRO (sexta-feira)

05h00 – Preliminares

  • Lúcia Araújo (57 kg / J2)
  • Brenda Freitas (70 kg / J1)
  • Alana Maldonado (70 kg / J2)
  • Kelly Kethyllin (70 kg / J2)
  • Harlley Arruda (73 kg / J1)

11h00 – Finais

7 DE SETEMBRO (sábado)

04h30 – Preliminares

  • Erika Zoaga (+70 kg / J1)
  • Rebeca Silva (+70 kg / J2)
  • Arthur Silva (90 kg / J1)
  • Marcelo Casanova (90 kg / J2)
  • Wilians Araújo (+90 kg / J1)
  • Sergio Fernandes Jr. (+90 kg / J2)

10h30 – Finais

O judô paralímpico é a terceira modalidade que mais rendeu medalhas ao país na história das Paralimpíadas: foram 25 ao todo, sendo cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes.

http://www.shihan.com.br