Juliano Tomé é testemunha-chave no processo que visa a anular a assembleia eletiva da CBTKD

Vencedor em processos importantíssimos contra velhas raposas do esporte olímpico, o jurista gaúcho radicado em Florianópolis foi arrolado como testemunha no imbróglio que engessou o taekwondo brasileiro

Gestão Esportiva
5 de fevereiro de 2019
Por PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO
Curitiba – PR

Defensor de Carlos Alberto de Carvalho, o então interventor da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD), Juliano Tomé Crapanzani, advogado com larga experiência na legislação esportiva, vai depor na ação que Carlos Luiz Pinto Fernandes, ex-presidente da CBTKD, move contra a entidade. O motivo da ação é a conturbada eleição realizada em 24 de abril de 2017, que deu posse a Alberto Cavalcante Maciel Júnior, considerada fraudulenta pelo ex-dirigente.

Maciel Júnior e Rivanaldo Freitas, presidente e vice-presidente da CBTKD

Testemunha-chave no processo que visa a anular uma assembleia eletiva fundamentada em vícios e práticas pouco democráticas, Juliano Tomé preferiu não falar sobre o processo, que ainda está em fase de avaliação, mas confirmou que vai testemunhar e relatar tudo que viu naquele 24 de abril sombrio e nebuloso.

“Na época dos fatos apresentei meu relatório final alertando para as fraudes apuradas no ato eletivo e posteriormente fui arrolado como testemunha da ação anulatória daquela eleição. Afirmo que houve, sim, sérias e graves irregularidades no processo eletivo da CBTKD e certamente vou confirmar isto em juízo. Contudo, quem vai avaliar e dará a palavra final será a Justiça. Serão apresentadas diversas provas, e acredito que após analisar todo processo a juíza que conduz a ação deverá anular a eleição realizada em abril de 2017”, disse Juliano Tomé.

Com vasta experiência no direito esportivo, Juliano Crapanzani tem dúvida sobre a possibilidade de os atos administrativos fraudulentos serem avaliados criminalmente.

“Acho muito difícil um juiz examinar este processo do ponto de vista criminal. É muito difícil classificar este tipo de iniciativa como crime, pois o magistrado teria de tipificar cada conduta. Na verdade, a questão da fraude vai para o lado civil, e pode anular todos os atos decorrentes e consequentes daquele processo eletivo propriamente dito”, explicou o Juliano Tomé.

O advogado gaúcho radicado em Santa Catarina reiterou que existe grande possibilidade de o processo eletivo de 2017 ser anulado e serem convocadas novas eleições.

“Do ponto de vista jurídico existem enormes possibilidades de aquele processo eletivo ser anulado. Foram cometidos vários vícios e ilegalidades. Mas, como disse antes, caberá à juíza que conduz o caso, após uma análise técnica fundamentada eminentemente nas provas juntadas ao processo, definir o rumo do taekwondo brasileiro”, concluiu Juliano Tomé.

Valdemir José de Medeiros, ex-superintendente da CBTKD, que durante mais de 20 anos comandou os bastidores da modalidade

Os fatos

No dia 24 de abril realizou-se a assembleia que elegeu o amapaense Alberto Cavalcante Maciel Júnior presidente da CBTKD para o quadriênio 2017/2021.

Após impugnarem inexplicavelmente a chapa encabeçada por Carlos Fernandes, Valdemir José de Medeiros e a comissão eleitoral formada por contadores inexperientes comandados por Medeiros e José Carlos da Silva Cipriano, a CBTKD realizou uma assembleia geral eletiva repleta de irregularidades, que posteriormente foi alvo de investigação policial. Devido às numerosas acusações de arbitrariedades cometidas, a denúncia transformou-se no processo que tem o advogado Juliano Tomé Crapanzani como testemunha-chave.

Juliano Tomé com dirigentes e mestres da modalidade em 2017

A verdade é que, desde que Carlos Fernandes deixou a presidência da CBTKD em 2016, a modalidade parou, as medalhas do circuito internacional da base e do alto rendimento desapareceram, os grandes eventos deixaram de acontecer no Brasil e a modalidade soçobrou e agonizou, em prejuízo de uma geração que não está sendo valorizada por dirigentes despreparados e inescrupulosos.

Até hoje a coordenação técnica da CBTKD não apresentou o planejamento para os Jogos Pan-Americanos de 2019 e para os Jogos de Tóquio 2020.