17 de novembro de 2024
Justiça marca audiência sobre caso de atleta de 14 anos que diz ter sido espancado em ‘batizado’ no judô do Flamengo
Laudo aponta lesão por ação contundente. Vítima diz que sofreu enforcamento com kimono, nariz tampado, tapas e chutes
Por Henrique Coelho e Vicente Seda / g1 Rio e ge
20 de maio de 2022 / São Paulo (SP)
O caso de um atleta de judô do Flamengo que alega ter sido espancado em um “batizado” durante um treino será levado à Justiça. Uma audiência no Juizado Especial Criminal, destinado a crimes de menor potencial ofensivo, está marcada para 14 de junho.
O caso foi registrado em uma delegacia em março de 2022 e é investigado como lesão corporal. A investigação estava na 15ª DP (Gávea) e só deve voltar à Polícia Civil se o juiz do caso e o Ministério Público entenderem que é necessária mais alguma diligência.
Entenda o caso
O g1 teve acesso ao registro de ocorrência e ao laudo do exame de corpo de delito, onde são detectadas lesões por “ação contundente”, descrita pela vítima no inquérito como enforcamento com quimono, nariz tampado, tapas e chutes.
Depois do registro na 22ª DP (Penha), em março, o inquérito foi encaminhado para a 15ª DP, na Gávea, bairro onde fica a sede do Flamengo.
A vítima diz que o agressor é o judoca Daniel Nazaré, residente em Nova Iguaçu, de 21 anos. Ele não foi ouvido até o momento no inquérito.
O laudo de exame de corpo de delito do Instituto Médico Legal traz a descrição que também consta no registro, de que “um outro atleta começou a fazer ‘brincadeiras’ agressivas como tapas no rosto, apertando o nariz, enforcando, no dia 17.03.2022”, salientando que a vítima estava nas dependências do clube.
O exame detectou:
- “Equimose arroxeada medindo cerca de 10mm x 10mm em ponta do nariz à esquerda”;
- e “Escoriação medindo de 10mm x 10mm em região temporal esquerda, com crosta hemática”.
O documento conclui que há vestígio de lesão corporal por ação contundente, sem risco à vida.
O registro de ocorrência informa que a vítima pratica judô desde os 3 anos de idade e, desde os 5, treina no Flamengo, sendo graduado com a faixa roxa.
Declarou também que, por estar avançado na arte marcial, treina com frequência com atletas mais velhos e graduados. A vítima declarou que já conhecia Daniel Nazaré (faixa preta) e que já tinha treinado com ele algumas vezes.
Um trecho do registro detalha a “lesão corporal provocada por socos, tapas e pontapés” e diz que a vítima quase perdeu a consciência:
Após as agressões, de acordo com o laudo do exame de corpo de delito, a vítima chegou a ser atendida no Hospital Getúlio Vargas. Foi feita uma tomografia computadorizada, que não mostrou alteração. O documento é assinado por Ana Carolina Braz de Lima.
O que diz Flamengo
O Clube de Regatas do Flamengo informa que deu por encerrado este assunto e “inclusive, no último final de semana, o atleta de 14 anos conquistou a medalha de bronze no Campeonato Carioca, disputado no Velódromo”.
O advogado do atleta diz que não vai se posicionar até a intimação judicial, “mas que a vítima ainda não deu o caso como encerrado”.
Quanto a competição, diz que, “pela força familiar”, o menor retomou as atividades “uma vez que o mesmo tinha tomado a decisão de abandonar o esporte, por se sentir com medo do que poderia acontecer novamente”.