Kangeiko de Aguaí 2025 consolida novo modelo de formação no judô brasileiro

União entre poder público, iniciativa privada e instituições esportivas viabiliza evento grandioso que reposiciona Aguaí no cenário do judô nacional.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 14 de julho de 2025

Apesar das reportagens já publicadas sobre o 4º Kangeiko de Judô de Aguaí, uma nova entrevista com o professor Danilo Pietrucci revelou bastidores e detalhes estruturais inéditos sobre a construção do evento.

Referência na organização de grandes ações esportivas no interior paulista, Pietrucci foi um dos pilares por trás da realização do encontro, que marcou a história do judô ao reunir cerca de 350 judocas de 23 estados e cinco países em um formato inovador, acessível e inclusivo. Esta reportagem encerra a cobertura especial da Revista Budô com uma visão aprofundada sobre a estrutura que viabilizou esse feito inédito e marcante.

Como de costume, professor Danilo Pietrucci participou ativamente dos randoris durante o 4º Kangeiko de Judô de Aguaí © Arquivo

O 4º Kangeiko de Judô de Aguaí foi mais do que um encontro técnico — foi a concretização de uma ideia ousada, nascida de uma simples conversa entre os professores Diego Buson e Eduardo Katsuhiro Barbosa. Quando Diego expressou o desejo de receber um atleta internacional em Aguaí, Eduardo prontamente sugeriu o nome de Soichi Hashimoto, seu amigo de infância no Japão, e compartilhou a inspiradora trajetória do judoca japonês. A partir dali o projeto ganhou forma, ainda sob a gestão do ex-prefeito Alexandre Araújo, o Ne, e recebeu respaldo imediato do atual prefeito, professor Gilberto Selber, grande entusiasta da proposta.

Danilo Pietrucci também se destacou nos treinos de ne-waza © Arquivo

Com o apoio incondicional do governo municipal, o kangeiko avançou para a fase de articulações institucionais e parcerias estratégicas. Foram firmados acordos com a Parque 24, com a Federação Japonesa de Judô, com a Federação Paulista de Judô (FPJudô) e, mesmo em meio a uma transição de lideranças, com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que logo deu sinal verde ao projeto. Apesar dos entraves burocráticos, a união de esforços e o comprometimento das instituições garantiram a realização de um evento técnico e logístico de alto nível, viabilizado também pelo importante suporte do setor privado.

Na cerimônia de abertura, Danilo Pietrucci expressou com firmeza o propósito do evento. “Foi a primeira vez que conseguimos organizar algo voltado especificamente para judocas não profissionais. Tudo geralmente gira em torno dos atletas de alto rendimento, mas quem mantém vivo o judô são os professores das pequenas cidades, os projetos sociais, as crianças dos dojôs e das escolas do ensino fundamental. Esses praticantes são o verdadeiro combustível das federações. Esse evento mostra que é possível fazer algo grandioso para esse público, com custo acessível e impacto real.”

Mesmo com um orçamento robusto, o evento teve um custo muito baixo para os judocas inscritos, graças à Prefeitura de Aguaí e ao engajamento de várias empresas. A programação incluiu alojamento, alimentação completa e palestras memoráveis com Soichi Hashimoto e o sensei Barbosinha, além de outras contribuições valiosas.

Parceria importante

Para o professor Danilo Pietrucci, um ponto de grande destaque foi a parceria inédita entre a Associação de Judô Bastos e o Instituto Criança Ativa de Aguaí. Pela primeira vez, Bastos abriu suas portas para realizar uma ação conjunta com outra instituição.

Sensei Danilo faz a saudação ao entrar no shiai-jô © Arquivo

“O sensei Marcos André de Carvalho Sabino, o Sabininho, hoje responsável por Bastos, aceitou de pronto apoiar a proposta. Foi uma união de forças que engrandeceu o evento. Sabininho foi solícito, engajado e trabalhou lado a lado para que tudo se realizasse”, recorda Danilo.

Ponto alto

Faixa-preta san-dan, formado em Educação Física, pós-graduado em gestão esportiva e em educação física para pessoas com deficiência, o professor Danilo Pietrucci é conhecido por levar grandes eventos para Aguaí e Divinolândia, sempre com seriedade e alto padrão de entrega. Para ele, o ponto alto do 4º Kangeiko foi a sinergia inédita entre o poder público, a iniciativa privada e as instituições esportivas em torno de um projeto ousado e visionário.

Com intensidade e foco, Danilo participa do randori © Arquivo

“O que vivemos em Aguaí é algo histórico. Reunimos 350 judocas de 23 estados e cinco países com um espírito de aprendizado, humildade e valorização mútua. Isso só foi possível graças ao apoio incansável do prefeito professor Gilberto Selber, à confiança da CBJ e da FPJudô e à participação ativa da Shihan Kimonos e de dezenas de empresas locais. Essa aliança mostrou que é viável construir novos caminhos para o judô brasileiro, valorizando a base, os professores, os amadores e todos que mantêm a chama acesa nos dojôs espalhados pelo país. Mais do que formar campeões, formamos pessoas, e esse evento foi um marco nessa jornada.”

Danilo manteve o ritmo forte também nos treinos de chão © Arquivo

Além da chancela da CBJ e da FPJudô, o 4º Kangeiko teve como patrocinadora máster a Shihan Kimonos — a marca da conquista — e contou com o apoio de empresas como Unilever, King House, Hellen Colchões, Líder, Ibéria Embalagens, RPP Telecom, Sagatti Piscinas, Ozonteck, Samurai, FT Judô, Daniel Hernandes Consultoria de Seguros, Paulispeli, Paraíso Supermercados e Myralis.