Karatê: o grande esporte preterido em Paris 2024

Mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo praticam, apreciam e apoiam o karatê © Getty Images

A popularidade global do karatê gerou críticas devido à sua exclusão do programa olímpico de Paris 2024. Reconhecido e respeitado nos cinco continentes e praticado por pessoas de todas as idades e origens, o karatê foi, sem dúvida, uma das ausências mais marcantes dos últimos Jogos Olímpicos.

Fonte Raúl Daffunchio Picazo / Inside the Games

5 de janeiro de 2024 / Curitiba, PR

Karatê é mais do que o nome de uma modalidade esportiva; é também uma força cultural originada no Japão que influenciou a sociedade global. A tradução literal do termo significa “o caminho das mãos vazias” e, além de sua prática competitiva, carrega uma filosofia de vida centrada no equilíbrio cotidiano. Mais do que um esporte, o karatê é uma ferramenta de autoconhecimento que, ao unir o físico, o mental e o espiritual, transcende os tatamis, moldando o caráter e inspirando seus praticantes a buscar harmonia e respeito em todas as áreas da vida.

Sua imensa popularidade e apelo global tornam ainda mais surpreendente a exclusão do karatê dos Jogos de Paris 2024. A relevância da modalidade é evidenciada pelo alcance da Federação Mundial de Karatê (WKF), que reúne 200 federações nacionais espalhadas pelos cinco continentes — um número comparável, e em alguns casos até superior, ao de muitas federações participantes dos Jogos Olímpicos.

Gabriela Izaguirre luta com Doralvis Delgado nos -50kg nos Jogos Pan-Americanos do Chile © Getty Images

Apesar do sucesso do karatê nos Jogos de Tóquio, nenhuma justificativa oficial foi apresentada para sua exclusão em Paris. À medida que os Jogos progrediram, ficou cada vez mais evidente que não havia razões plausíveis para sua ausência.

Um relatório da renomada consultoria KPMG destacou o enorme apelo do karatê, estimando que mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo praticam, apreciam e apoiam a modalidade.

Uma de suas principais características é o compromisso com a paridade de gênero, com uma participação quase igual entre atletas homens e mulheres nos principais eventos internacionais.

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Por exemplo, o Campeonato Mundial de Karatê da WKF de 2023 contou com 493 homens e 428 mulheres competindo. Já o Karate 1 – Premier League de 2024, principal circuito internacional da modalidade, atraiu 727 homens e 736 mulheres. Essa igualdade vai além da participação, abrangendo premiação financeira equivalente, mesma duração das competições e karategis idênticos para ambos os gêneros.

Enquanto o karatê continua expandindo sua presença ao redor do mundo e o legado de respeito, valores e relevância cultural da modalidade segue inspirando gerações, sua exclusão do programa olímpico permanece difícil de entender.

Rodrigo Rojas luta com Giovani Salgado nos +84kg em Santiago 2023 nos Jogos Pan-Americanos de 2023 © Getty Images

Além disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou cinco novos esportes para os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, mas nem o karatê nem o kickboxing, outra modalidade em crescente popularidade global, foram incluídos. Até mesmo o boxe enfrenta um possível risco de exclusão devido a disputas entre a Associação Internacional de Boxe (IBA), historicamente responsável pela modalidade nos Jogos, e o COI nos últimos anos.

Essa presença global do karatê reforça seu status como um dos esportes mais populares e praticados no mundo. Desde sua prática nas escolas até sua representação em filmes icônicos, o karatê se tornou parte integrante das culturas em todo o planeta, alcançando pessoas de todas as idades e origens.

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