04 de janeiro de 2025
Karatê: o grande esporte preterido em Paris 2024
A popularidade global do karatê gerou críticas devido à sua exclusão do programa olímpico de Paris 2024. Reconhecido e respeitado nos cinco continentes e praticado por pessoas de todas as idades e origens, o karatê foi, sem dúvida, uma das ausências mais marcantes dos últimos Jogos Olímpicos.
Fonte Raúl Daffunchio Picazo / Inside the Games
5 de janeiro de 2024 / Curitiba, PR
Karatê é mais do que o nome de uma modalidade esportiva; é também uma força cultural originada no Japão que influenciou a sociedade global. A tradução literal do termo significa “o caminho das mãos vazias” e, além de sua prática competitiva, carrega uma filosofia de vida centrada no equilíbrio cotidiano. Mais do que um esporte, o karatê é uma ferramenta de autoconhecimento que, ao unir o físico, o mental e o espiritual, transcende os tatamis, moldando o caráter e inspirando seus praticantes a buscar harmonia e respeito em todas as áreas da vida.
Sua imensa popularidade e apelo global tornam ainda mais surpreendente a exclusão do karatê dos Jogos de Paris 2024. A relevância da modalidade é evidenciada pelo alcance da Federação Mundial de Karatê (WKF), que reúne 200 federações nacionais espalhadas pelos cinco continentes — um número comparável, e em alguns casos até superior, ao de muitas federações participantes dos Jogos Olímpicos.
Apesar do sucesso do karatê nos Jogos de Tóquio, nenhuma justificativa oficial foi apresentada para sua exclusão em Paris. À medida que os Jogos progrediram, ficou cada vez mais evidente que não havia razões plausíveis para sua ausência.
Um relatório da renomada consultoria KPMG destacou o enorme apelo do karatê, estimando que mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo praticam, apreciam e apoiam a modalidade.
Uma de suas principais características é o compromisso com a paridade de gênero, com uma participação quase igual entre atletas homens e mulheres nos principais eventos internacionais.
Por exemplo, o Campeonato Mundial de Karatê da WKF de 2023 contou com 493 homens e 428 mulheres competindo. Já o Karate 1 – Premier League de 2024, principal circuito internacional da modalidade, atraiu 727 homens e 736 mulheres. Essa igualdade vai além da participação, abrangendo premiação financeira equivalente, mesma duração das competições e karategis idênticos para ambos os gêneros.
Enquanto o karatê continua expandindo sua presença ao redor do mundo e o legado de respeito, valores e relevância cultural da modalidade segue inspirando gerações, sua exclusão do programa olímpico permanece difícil de entender.
Além disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou cinco novos esportes para os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, mas nem o karatê nem o kickboxing, outra modalidade em crescente popularidade global, foram incluídos. Até mesmo o boxe enfrenta um possível risco de exclusão devido a disputas entre a Associação Internacional de Boxe (IBA), historicamente responsável pela modalidade nos Jogos, e o COI nos últimos anos.
Essa presença global do karatê reforça seu status como um dos esportes mais populares e praticados no mundo. Desde sua prática nas escolas até sua representação em filmes icônicos, o karatê se tornou parte integrante das culturas em todo o planeta, alcançando pessoas de todas as idades e origens.