29 de dezembro de 2024
Karateca espanhol tem mural em sua homenagem pichado com símbolo nazista e insultos racistas
Nascido no Senegal e bronze no Mundial de 2018, Babacar Seck, de 21 anos, lamenta situação: “Sinto muito que essas coisas continuem acontecendo”. Prefeito ordena restauração
Hansoku-Make
13 de julho de 2020
Por GloboEsporte.com
Fotos EFE e GETTYIMAGES /JAVIER SORIANO
Rio de Janeiro – RJ
Medalhista de bronze no Mundial de 2018, tetracampeão europeu e 12 vezes campeão espanhol, o karateca Babacar Seck teve um mural que foi feito em sua homenagem pichado com insultos racistas e temas nazistas em Zaragoza, na Espanha. A denúncia foi feita nesta sexta-feira pela Federação Espanhola de Karatê.
O lutador afirmou neste sábado que vai denunciar as pichações assim que chegar em Zaragoza. Ele estava concentrado com a seleção da Espanha de karatê em Oviedo.
“Eu me sinto mal. Quando você vê essas coisas, você se pergunta o porquê. Sinto muito que essas coisas continuem acontecendo. Estou aqui sem minha família e tenho me esforçado bastante para conseguir tudo isso. Estava esperando poder levá-los ao grafite para que eles pudessem vê-lo e sentir orgulho. É um sonho que tenho”, lamentou o competidor de 21 anos.
Prefeito de Zaragoza, Jorge Azcón demonstrou sua solidariedade. “Vamos limpar imediatamente o mural dedicado a nosso campeão Babacar Seck, um esportista extraordinário. Os miseráveis que vomitaram seu ódio contra sua imagem somente merecem ser rechaçados e condenados”, escreveu em seu Twitter o membro do Partido Popular.
Algumas horas depois de postar a mensagem na rede social, o prefeito entrou em contato direto com Seck e demonstrou seu carinho, além de prometer que vai tomar medidas para que nada desse tipo volte a acontecer. Em seguida, Jorge Azcón publicou imagens do mural sendo restaurado.
O jovem atleta de 21 anos chegou do Senegal em 2010 para se juntar ao pai, que era soldador. Ele é considerado um símbolo da integração através do esporte no país. Seck recebeu múltiplas mensagens de solidariedade, tanto do mundo esportivo quanto da sociedade, desde o Comitê Olímpico Espanhol, passando pela própria Federação Espanhola de Karatê e atletas de outras modalidades, como a campeã do mundo de badminton Carolina Marin.
“Babacar Seck é uma pessoa que quebrou muitas barreiras, que provou ser um grande lutador e um grande esportista. Repudiamos estes atos e todos os que tiverem por trás qualquer tipo de discriminação e racismo. No esporte não importa as cores, as raças o gênero ou as capacidades. Importam os valores, o esforço e o respeito, precisamente o que não têm os autores deste ato de vandalismo. Babacar será sempre uma parte importante da equipe nacional da Espanha”, disse a nota da Federação Espanhola de Karatê.
“Sim, na Espanha existe o racismo. Mas estamos ao seu lado, Babacar, e ao lado de qualquer pessoa que sofra discriminação por sua raça, origem, gênero ou orientação sexual”, falou Carolina Marín.
Em Paris imagens de Teddy Riner são vandalizadas
Recentemente, caso parecido aconteceu em Paris, na França. Fotos de atletas franceses que ficam na entrada do Instituto de Esporte, Expertise e Performance (INSEP), em Paris, apareceram com pichações racistas. Nas imagens vandalizadas estão o lendário judoca Teddy Riner, que é bicampeão olímpico e tem 10 medalhas de ouro em Mundiais; o corredor Dimitri Bascou, especialista nos 110m com barreiras, bronze nas Olimpíadas Rio 2016 e campeão europeu no mesmo ano; e Michael Jérémiasz, do tênis em cadeira de rodas, que foi ouro nas duplas das Paralimpíadas de Pequim 2008 e prata em duplas e bronze em simples em Atenas 2004. Ele aparece com a bandeira da França na abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016.