15 de novembro de 2024
Mais de US$ 55 milhões foram transferidos para contas de Diack vinculadas às denúncias de doping na Rússia e corrupção eleitoral nos Jogos
Transferências milionárias foram enviadas para contas vinculadas ao ex-presidente da Associação Internacional de Atletismo (IAAF) Lamine Diack e seu filho Papa Massata, envolvendo dirigentes ligados aos escândalos de doping na Rússia e ao sucesso de Tóquio na licitação para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2020
Corrupção no Esporte
27 de setembro de 2020
Fonte LIAM MORGAN / INSIDE THE GAMES
Fotos Getty Images e Reuters
Curitiba – PR
Registros bancários analisados pela NBC News após o vazamento de uma série de documentos da Rede de Execução de Crimes Financeiros (FinCEN) mostram 112 transações para as contas, supostamente controladas pelos Diacks, que estão sendo investigadas como parte de um suposto esquema de corrupção em torno dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016 e Tóquio 2020.
Os registros incluem pagamentos feitos pelo Comitê Organizador de Tóquio 2020, totalizando U$ 2,3 milhões transferidos para uma conta pertencente a um amigo de Papa Massata Diack em Singapura, antes e depois de a capital japonesa ter sido contemplada com os Jogos Olímpicos, em 2013.
De acordo com os documentos analisados pela NBC News, milhões de dólares foram desviados de Singapura para contas controladas pelos Diacks no Senegal.
Acredita-se que esses pagamentos, objeto de investigações pelas autoridades francesas em relação à suposta compra de votos em conexão com a corrida da candidatura para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020, foram para a empresa Black Tidings, sediada em Singapura.
A NBC News também relatou que o Banco Standard Chartered apontou as transações como suspeitas mais de dois anos depois de terem sido feitas.
Entre as bandeiras vermelhas detalhadas no relatório do Standard Chartered – que fiscalizou as transações por ser o banco correspondente – constava que o dinheiro era pago em valores redondos e que, devido ao seu cargo, Papa Massata era mais suscetível à corrupção.
Em declarações ao jornal japonês Asahi Shimbun, Haruyuki Takahashi, empresário que trabalhava para a agência de marketing Dentsu de Tóquio 2020 e membro do comitê organizador, que já havia admitido ter dado presentes a Lamine Diack antes da votação olímpica, negou que houvesse cometido qualquer delito.
Regularmente, a Dentsu tem sido forçada a se desvincular das alegações de que estaria envolvida em casos de corrupção devido aos seus estreitos vínculos com Diack.
“Em relação ao processo de licitação para os Jogos de Tóquio, pedi a cooperação de Diack e outros e todos apoiaram nossa causa com paixão. No final, tudo se encaixou perfeitamente e me senti muito grato”, alegou Haruyuki Takahashi.
O relatório da NBC surgiu depois que Lamine Diack fez sua última aparição diante de um juiz francês como parte da investigação sobre as denúncias de votos comprados no processo que levou o Rio de Janeiro e Tóquio a serem contemplados com as Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016 e 2020.
O dirigente senegalês, com 87 anos, foi condenado a quatro anos de prisão, dois dos quais foram suspensos na semana passada depois de ter sido condenado por corrupção pelo Tribunal Criminal de Paris, após uma investigação sobre o encobrimento de 23 casos de doping russos por dinheiro.
Papa Massata, o ex-consultor de marketing da IAAF, também foi considerado culpado e recebeu a sentença de cinco anos. Contudo, até agora, ele se recusou a deixar o Senegal e o mandado de prisão emitido pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) contra ele continua pendente.