22 de dezembro de 2024
Marcelo Nery assume o comando da 9ª Delegacia Regional ABC
Uma de suas prioridades é incluir as pequenas associações no ambiente federativo, contribuindo para a expansão e o fortalecimento do judô paulista.
Por FPJCOM
22 de outubro de 2024 / São Paulo, SP
Recém-empossado na 9ª Delegacia Regional ABC da Federação Paulista de Judô, Marcelo Nery promete uma gestão focada na inclusão das pequenas associações, destacando a importância do intercâmbio entre as regionais e a liderança do medalhista olímpico Henrique Guimarães na busca pela excelência no judô paulista.
Após ser eleito presidente da FPJudô, Henrique Guimarães começou a fazer mudanças nas equipes que vão atuar no próximo quadriênio. Entre elas está a substituição do professor kodansha José Gildemar, conhecido como Gil, pelo também kodansha Marcelo Nery, de Ribeirão Pires, no comando da 9ª Delegacia Regional ABC. Com excelente formação tanto em shiai quanto em kata, Marcelo traz uma visão ampla para a nova função.
Em sua primeira entrevista como dirigente, Marcelo Nery, que também é faixa-preta de jiu-jitsu, conta como recebeu o convite de Henrique Guimarães e o que pretende fazer na gestão do judô na região do ABC. Ele lembra que estava envolvido em sua campanha como candidato a vereador em sua cidade quando foi sondado por Henrique numa conversa preliminar, e que uma transição pacífica foi acordada posteriormente com o então delegado.
Marcelo acredita que seu convite para o cargo veio como reconhecimento de sua atuação no judô, seja como árbitro, técnico, ou atleta de shiai e kata. Segundo ele, a proposta de gestão apresentada por Henrique Guimarães foi um grande motivador para aceitar o convite, que recebeu com um misto de surpresa, alegria e orgulho.
Recentemente promovido a kodansha, ele viveu intensamente os últimos meses, pois alcançar uma graduação alta como o roku-dan exige dedicação que transcende os limites do dojô, buscando o bem do judô como um todo. Ele vê seu novo papel como uma oportunidade de atuar com humildade e sem vaidade, sempre em prol da comunidade da 9ª DR e com o legado de Jigoro Kano em mente.
Assumir a delegacia que já foi comandada por ícones como os senseis Nobuo Suga, Francisco de Carvalho Filho e Celestino Seiti Shira é, para Marcelo, uma grande responsabilidade. Ele lembra com carinho de sua formação, quando treinava com os Kinais de Ribeirão Pires e teve como professores figuras como o sensei Sadao Fleming Mulero e Cleginaldo, aluno de Francisco de Carvalho. A proximidade com essas grandes figuras, bem como sua experiência em lidar com os documentos de sua associação na época em que Celestino Shira era delegado, criou uma conexão emocional com a função. Ele afirma que não pode decepcionar seus senseis ou o legado deixado por aqueles que o antecederam.
Busca da excelência
Marcelo ressalta a importância de manter o que já vem sendo bem feito e buscar a excelência. “Desejo promover intercâmbios e treinamentos conjuntos entre as associações da 9ª DR, além de abrir espaço para a participação de outras regionais.” Para ele, o fortalecimento da delegacia do ABC vai contribuir diretamente para o engrandecimento do judô no Estado de São Paulo. Em competições nacionais e internacionais das quais tem participado, o novo delegado pôde ver o sucesso do judô paulista.
Ainda como forma de interação com outras regionais, Marcelo pretende buscar apoio de delegados mais experientes para adquirir as informações necessárias para uma gestão eficaz. Ele acredita que o conhecimento deles será fundamental para orientar e fortalecer sua atuação à frente da 9ª delegacia.
Crescer é fundamental
Marcelo enfatiza que um dos seus principais objetivos é trazer as associações menores para o cenário federativo, aumentando o número de agremiações associadas e oferecendo suporte para que elas cresçam.
“A proposta de gestão que o Henrique me apresentou realmente me motivou a aceitar seu convite. E ela envolve oferecer às pequenas associações tudo que a delegacia regional lhes possa oferecer. Porque um dia eu também fui pequeno. Aliás, ainda me considero pequeno, porque se eu achar que meu copo está cheio não alcançarei mais nenhuma evolução.”
“Da mesma forma que me estruturei”, prossegue o novo delegado, “eu quero que futuramente outras associações menores possam formar grandes campeões e obter conquistas dentro e fora do shiai-jô. Quero que eles também sejam futuros delegados em nossa regional, assim como aconteceu comigo, que no passado convivi grandes mestres. Como gestor, tenho de pensar da mesma forma e trazer os pequenos dojôs para construírem o futuro brilhante do judô paulista, sem perder a essência e a humildade, importantes fundamentos do judô.”
Encarando o gigante
Marcelo deixa claro que não vê obstáculos para liderar uma delegacia que engloba grandes cidades como São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, o maior PIB per capita do Brasil, Santo André, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Para ele, o importante é administrar a 9ª DR de forma abrangente, pensando no benefício de todas as cidades e não apenas de Ribeirão Pires, onde está sua associação. Ele entende que, como gestor, deve trabalhar no macro e não priorizar interesses pessoais. Seu objetivo é fomentar o crescimento esportivo em toda a delegacia.
“Não pretendo comandar a 9ª DR ABC pensando levar todos os eventos para a minha cidade. Eu não quero que Ribeirão Pires seja o centro do judô do ABC. Tenho de administrar para todas as cidades e todas as escolas da regional. Ribeirão Pires não tem a mesma estrutura de São Bernardo ou Mauá, mas espero que no futuro minha cidade alcance este status. Torço muito por isso.” Essa vontade de ver a cidade crescer foi um dos motivos de sua candidatura a vereador.
“Com certeza, vou conversar com as lideranças de Santo André, São Bernardo, Mauá e São Caetano, tentando compor a regional do ABC da melhor forma possível”, resume Marcelo. “Não vou administrar a regional pensando em Ribeirão Pires ou em função da Associação de Judô Nery. Vou pensar no macro, este é o meu verdadeiro papel.”
A força do exemplo
Marcelo acredita que, por conhecer de perto os desafios enfrentados por um atleta, Henrique Guimarães fará uma gestão focada na formação e no rendimento, desde a base até os níveis mais altos. Para ele, essa é uma abordagem importante, capaz de recolocar o judô paulista no topo do cenário das Américas.
“Vou citar dois fatos ocorridos durante a cerimônia de abertura do Campeonato Paulista Aspirante, quando gestos simples do professor Henrique me surpreenderam e agradaram muito. O primeiro foi convidar para a mesa e homenagear três atletas que recentemente foram medalhistas no mundial sub 21. Outro foi escolher um judoca para fazer o juramento do atleta. Além de valorizar as conquistas, esta homenagem realizada diante de 1.800 jovens judocas os incentiva a seguir em frente, vendo que é possível estar entre os melhores do mundo.”
Marcelo tem plena convicção de que Henrique sabe o que é privar-se de festas e do convívio social para treinar e se preparar, e depois sair moído dos tatamis, em busca de um objetivo. “Esse é um diferencial importante. Mais uma vez o Estado de São Paulo sai na frente, pois tendo um medalhista olímpico à frente da federação passa a priorizar o caminho da formação, do rendimento desde a base até o topo. Antevejo mudanças que nos reconduzirão à excelência e ao topo do judô nas Américas.”
Pode melhorar
O novo delegado do ABC não se esquiva de mencionar as áreas que, em sua visão, poderiam ser melhoradas na gestão da FPJudô. Ele sugere a modernização das operações com adoção de uma plataforma digital mais avançada, que atenda de forma mais ágil e menos burocrática as demandas de atletas e associações.
“Acredito que o que mais pode ser melhorado na gestão é modernizar toda a operação, de forma a atender todas as demandas dos nossos filiados, tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Pensando no que pode ser melhorado no judô, eu acho que temos de evoluir na parte de marketing digital. Hoje os jovens estão muito ligados a plataformas como Instagram e TikTok, por exemplo, e gostariam de inscrever-se na federação de forma mais simples e responsiva, ou seja, de maneira mais informatizada e menos burocrática. Hoje, os processor têm que ser mais ágeis e acessíveis.”
Outra coisa relevante seria aumentar a motivação em competições de categorias menores, por meio de medalhas ou outras formas de recompensa, deixando as crianças e as famílias mais felizes. “Temos de trazer a família para o nosso lado. Isso é muito importante nos dias de hoje.”
O novo comandante da regional do ABC considera crucial observar as questões sociais. “Tudo gera um custo para as famílias e precisa haver contrapartida. Quando se recebe alguma coisa de alguém, tem-se que tratar essa pessoa como um cliente e com deferência. Acho que, além de mais moderno, isso é mais justo. Temos de lançar um olhar mais social, acolhedor e inclusivo, buscando entender as necessidades do nosso público. São detalhes que fazem a diferença, com base sempre na lei do ônus e do bônus”, finalizou sensei Nery.
Perfil
O professor kodansha Marcelo Nery Fontes nasceu em 24 de junho de 1976, em São Vicente (SP). Iniciou a prática de judô no Ribeirão Pires Futebol Clube, sob a orientação do sensei Sozo Kinai, e foi promovido a roku-dan em outubro de 2024. Nery é profissional de Educação Física (CREF 48124-G/SP) e possui pós-graduação em treinamento desportivo.
Ele já atuou como professor universitário nas instituições Universidade Brasil e Uniesp, lecionando disciplinas como lutas, administração e gestão desportiva no curso de Educação Física. Atualmente, é o técnico responsável pela Associação de Judô Nery, fundada em 1994, além de ser o gestor dos projetos apoiados pelos governos Federal e Estadual. Esses projetos, viabilizados pela Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), atendem crianças de Ribeirão Pires e região.