Marco Antônio da Costa, o Rato, assume a coordenação técnica da FPJudô com desafios e visão de futuro

Rato foi um dos judocas mais técnicos da sua geração © FPJCOM

Recém-nomeado, Rato traz vasta experiência, incluindo 12 anos na seleção brasileira. Em sua primeira entrevista, expressa entusiasmo para trabalhar ao lado de Marco Uchida.

Por FPJCOM
18 de outubro de 2024 / São Paulo, SP

Proveniente de São José dos Campos, um dos principais berços do judô paulista e formado pelo laureado professor kodansha Orlando Sator Hirakawa, Marco Antônio da Costa, conhecido como Rato, carrega consigo uma trajetória de destaque. Nascido em 3 de agosto de 1971, construiu sua formação em judô na renomada Associação Hirakawa, da qual saiu para atuar por 12 anos na seleção brasileira. No entanto, após lesões que o afastaram do alto rendimento, Rato encontrou nova missão, integrando a equipe docente do dojô de Rogério Sampaio e, mais recentemente, a comissão técnica do Centro de Excelência Técnica de São Bernardo do Campo.

Alguns dias após a eleição do novo presidente da Federação Paulista de Judô (FPJudô), Rato foi convidado por Henrique Guimarães para dividir a coordenação técnica com Marco Aurélio Uchida. Em sua primeira entrevista após a nomeação, Rato expressou a alegria e surpresa com o convite.

“O Henrique foi direto: vamos ter de trocar o pneu com o carro a 100 km/h. Eu adoro desafios e vou abraçar esse reto com todas as minhas forças, não só para ajudar o Henrique, mas para contribuir com todo o judô de São Paulo.”

Foco na continuidade e inovação

Sobre suas prioridades, Rato destacou a importância de aprimorar o que já está em prática, sem reinventar a roda. “A ideia é melhorar o que já funciona, mas de forma mais participativa. Queremos ouvir as sugestões e críticas dos nossos técnicos, para aproximar a gestão da realidade dos professores e técnicos que trabalham no dia a dia do judô paulista.”

Rato e Marco Uchida dividirão o comando da coordenação técnica da Federação Paulista de Judô © FPJCOM

No entendimento do sensei Marco Antônio, o diálogo será a base de sua atuação. “Precisamos ouvir. Às vezes achamos que estamos no caminho certo, mas, sem conhecer as necessidades da maioria, não avançamos. A troca de ideias será fundamental para ajustar a rota.”

Iniciativas e descentralização dos treinos

Rato revelou algumas das ideias para fortalecer o judô no Estado, incluindo a retomada de treinos conjuntos para as classes sub 15 e sub 18, tanto na capital quanto no interior.

“Queremos usar estruturas como o Centro de Aperfeiçoamento Técnico em Aguaí e o Sesi de Botucatu, por exemplo, que têm ótimas condições para esse trabalho. Trazer atletas de destaque para participar desses treinos será uma forma de atrair os atletas, elevar o nível e dar mais visibilidade ao judô em regiões menos atendidas.”

Judô paulista no cenário nacional

Ao refletir sobre o papel da FPJudô no contexto nacional, Rato defendeu maior participação dos atletas paulistas de alto nível nos torneios internos. “É importante que nossos principais atletas disputem mais competições locais, para promover essa troca de vivências. Isso elevaria o nível do judô paulista e ajudaria a restaurar nossa hegemonia.”

Vamos ter de trocar o pneu com o carro correndo a 100 km/h © FPJCOM

Ele também comentou a questão do ranqueamento. “Precisamos revisar o sistema de ranking. Muitos atletas, quando já estão ranqueados para o campeonato brasileiro, deixam de participar do campeonato paulista. Valorizar as competições estaduais é fundamental para manter um crescimento mais orgânico do judô.”

Reflexões sobre o crescimento e a expansão

Questionado sobre o crescimento de outras modalidades, como o jiu-jitsu, Rato não vê ligação com as regras ou burocracia existentes no judô. “Se conseguirmos entregar bons serviços e competições atrativas, as questões burocráticas se tornam secundárias. Precisamos ser criativos e sensíveis às necessidades dos nossos filiados.”

Na sequência, Rato abordou a concorrência com outros esportes de combate. “Eu não acho que estejamos perdendo público para o karatê, o jiu-jítsu ou o wrestling. Até onde eu sei, nossos números vêm aumentando expressivamente no pós-pandemia. No entanto, se estivermos perdendo público, a verdade é que estamos perdendo para nós mesmos, por falta de criatividade e sensibilidade.”

Ele exemplificou essa ideia ao sugerir que FPJudô promova eventos mais engajadores e acessíveis. “Se tivermos competições bem organizadas, como festivais para as crianças, nas quais elas possam divertir-se enquanto aprendem, estaremos não apenas atraindo mais jovens para o judô, mas também fidelizando os pais e a comunidade. O importante é mostrar que pedagogicamente, o judô é uma opção vibrante e inclusiva.”

Rato finalizou mencionando o compromisso do judô com a formação de jovens, destacando um pronunciamento da ONU sobre o impacto positivo do judô no desenvolvimento infantil. “O judô ensina valores de respeito e cooperação, como destacado pela ONU em 2017, quando o nosso esporte foi utilizado em projetos de reintegração social de jovens em detenção no Brasil. Esses valores são essenciais e reforçam a importância do judô para a formação de nossas crianças e jovens. Penso que, se direcionarmos ações para a questão socioeducativa, teremos uma explosão nas inscrições, abandonando o hábito de apostar todas as nossas fichas na competição.”

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