Meninas finalmente se impõem e conquistam cinco pódios no Grand Slam de Dusseldorf

Mayra Aguiar venceu quatro de suas cinco lutas por ippon

Apenas Azerbaijão, Brasil, Cuba, Inglaterra, Kosovo e a locomotiva Japão conquistam medalhas de ouro na Alemanha

Düsseldorf Grand Slam 2019
26 de fevereiro de 2019
Por PAULO PINTO I Fonte LARA MONSORES/CBJ I Fotos GABRIELA SABAU
Curitiba – PR

Neste fim de semana, a seleção brasileira de judô foi à Alemanha para disputar o Grand Slam de Dusseldorf, competição que reuniu 603 judocas de 93 países e cinco continentes, que se realizou na arena ISS Dome, de sexta-feira (22) a domingo (24).

Pela primeira vez nesta temporada o Brasil competiu com equipe completa de homens e mulheres, e foi a primeira competição da equipe masculina em 2019.

Maria Suelen Altheman garantiu a quinta medalha brasileira na competição

As meninas finalmente entraram mordidas e foram em busca do resultado, disputando duas finais e conquistando cinco medalhas com Mayra Aguiar (ouro), Rafaela Silva (prata), Maria Suelen Altheman (bronze), Nathália Brígida (bronze) e Ellen Santana (bronze).

Já no primeiro dia de competição o Brasil obteve dois pódios. Rafaela Silva levou a prata em final com a campeã mundial Tsukasa Yoshida, do Japão, enquanto a ligeiro Nathália Brígida venceu a disputa pelo bronze contra a alemã Katharina Menz.

Na disputa do bronze Nathália Brígida venceu a alemã Katharina Menz com juji-gatame

“Nesse início de temporada, voltei à minha rotina de treinos específicos e dei bastante atenção à parte física. O caminho é treinar duro sempre. Começar bem o ano dá confiança para manter o trabalho. É um degrau de cada vez”, explicou a campeã olímpica Rafaela Silva.

Rafaela chegou a Dusseldorf como uma das cabeças de chave da competição e confirmou seu favoritismo nas preliminares. Abriu caminho na vitória com punições sobre Ichinkhorloo Munkh Sede, do Azerbaijão. Em seguida, projetou a holandesa Sanne Verhagen, pontuando um wazari a poucos segundos do fim da luta para avançar às quartas de final. Nessa fase, a brasileira sofreu um wazari no início da luta contra Sappho Coban, da Alemanha, mas reagiu com outras duas projeções e superou a alemã por ippon para chegar à semifinal.

Na final a japonesa Tsukasa Yoshida jogou Rafaela Silva de wazari

A penúltima luta foi uma reedição da final olímpica do Rio contra a mongol Sumiya Dorjsuren e teve o mesmo desfecho de 2016. Luta parelha, com Rafaela vencendo no final graças a um wazari que precisou ser confirmado pelo vídeo. Na decisão pelo ouro, Rafaela sofreu um wazari no segundo minuto de luta com a japonesa Tsukasa Yoshida, chegou a forçar duas punições à adversária, mas não conseguiu superá-la.

Já Nathália Brígida estreou com vitória por ippon sobre Aisha Gurbanli, do Azerbaijão, e bateu a húngara medalhista de bronze em Londres Eva Csernoviczki, nas oitavas de final, com um wazari no golden score. Na sequência, Brígida derrotou Shira Rishony, de Israel, em luta equilibrada decidida apenas nas punições (3 a 2) e foi para a semifinal, quando acabou sendo imobilizada pela japonesa Funa Tonaki, atual vice-campeã mundial.

Na luta pelo bronze, Nathália conseguiu encaixar um juji-gatame (chave de braço) e fez Katharina Menz bater e desistir do combate. Esse é o segundo pódio da brasileira na temporada. Em janeiro, Nathália foi bronze no Grand Prix de Tel Aviv, em Israel. Os 500 pontos de Dusseldorf devem fazer com que a brasileira dê um salto no ranking mundial. Depois de duas cirurgias no ombro e um longo período afastada das competições, Brígida ocupa, atualmente, a 51ª posição no ranking da FIJ.

“Estou muito satisfeita com meu desempenho aqui na Alemanha. Em uma competição de alto nível como esta, sair com uma medalha, sem dúvida, mostra que estou evoluindo. E me dá ainda mais confiança e motivação para os meus próximos desafios na temporada”, avaliou Brígida.

No segundo dia da disputa do Grand Slam de Dusseldorf, a peso médio Ellen Santana conquistou sua primeira medalha no Circuito Mundial Sênior da Federação Internacional de Judô. Aos 20 anos e em fase de transição da seleção júnior (sub 21) para a principal, Ellen derrotou a sul-coreana Seungyeon Kim por ippon e conquistou a medalha de bronze no 70kg. O ouro ficou com a britânica Sally Conway, algoz da brasileira na semifinal.

“Meu maior foco hoje foi acreditar. Acreditar em mim, nos meus golpes e acreditar que é possível”, disse Ellen. “E foi incrível! Depois da disputa do terceiro, eu fiquei muito emocionada, chorei. Isso por acreditarem em mim, por ter conseguido, pelos treinos e por ter sido a primeira vez que alcanço uma medalha desse nível. Agora, vou continuar focando em objetivos maiores, porque esse foi apenas o começo.”

Ellen Santana vence a sul-coreana Seungyeon Kim com osae-komi e leva o bronze no 70kg

Com desempenho perfeito nas preliminares, Ellen venceu três lutas seguidas por ippon para chegar à semifinal. Eliminou a tunisiana Nihel Landolsi na primeira luta e imobilizou a cabeça de chave número 1 do evento, Anna Bernholm, da Suécia, para avançar às quartas.

Confiante, a brasileira não deu chances à sul-coreana Jaeyoung You e projetou a adversária ao solo com a técnica perfeita, garantindo-se na semifinal, quando encarou uma das principais atletas de sua categoria, a britânica Sally Conway, bronze no Rio em 2016.

A brasileira conseguiu encaixar algumas entradas, mas sofreu um contra-ataque que resultou numa chave de braço bem executada pela britânica, fazendo Ellen desistir do combate. Na luta pela medalha, ela manteve a agressividade e, na transição ao solo, imobilizou Kim até o ippon para assegurar a terceira medalha brasileira na Alemanha.

No último dia do Grand Slam de Dusseldorf, a bicampeã mundial e medalhista olímpica Mayra Aguiar precisou de dez minutos nos tatamis da arena ISS Dome para vencer suas cinco lutas com quatro ippons e dois wazaris. Nas preliminares, enfileirou Teresa Zenker (Alemanha) e Patrícia Sampaio (Portugal) e conseguiu a revanche de Oberwart sobre a austríaca Bernadette Graf para chegar à semifinal.

O pódio do peso ligeiro

Com força e técnica, projetou duas vezes a eslovena Klara Apotekar e chegou confiante à decisão para encarar a anfitriã Anna Maria Wagner e toda a torcida alemã. A experiência, dessa vez, pesou a favor de Mayra, que teve paciência para controlar a luta e atacar nos segundos finais para encaixar o wazari que lhe garantiu o primeiro ouro em 2019.

O Brasil ainda subiu ao pódio novamente com Maria Suelen Altheman (+78kg), que lutou pelo bronze e garantiu a quinta medalha brasileira na competição ao derrotar a bósnia Larisa Cerić.

O pódio do peso leve

Brasil termina a competição na vice-liderança

Com o ouro de Mayra Aguiar (78kg), prata de Rafaela Silva (57kg) e bronzes de Maria Suelen Altheman (+78kg), Nathália Brígida (48kg) e Ellen Santana (70kg), o Brasil ficou em segundo lugar geral no quadro de medalhas, atrás apenas do Japão, que se esparramou no pódio conquistando nada menos que 14 medalhas, sendo nove de ouro, três de prata e duas de bronze.

Paradoxalmente, a seleção masculina não chegou nem perto do pódio. O único judoca que se aproximou um pouco mais foi o peso meio-pesado paulista Leandro Gonçalves, que hoje defende a Sogipa (RS) e ficou em quinto lugar. Dos demais 12 atletas nenhum chegou nem em sétimo lugar, e este é um fato gravíssimo.

O pódio do peso médio

Estamos a um ano dos jogos de Tóquio 2020, e o time masculino brasileiro corre sérios riscos de não ir ao Japão com uma equipe completa – e o pior, não competitiva. Ninguém justifica absolutamente nada e nem apresenta um plano B.

A seleção brasileira de judô retornará aos tatamis do Circuito Mundial da FIJ em março para o Grand Slam de Ecaterimburgo, na Rússia.

O pódio do peso meio-pesado

O pódio do peso pesado