15 de novembro de 2024
Milena Titoneli inicia ciclo olímpico Paris 2024 com esperança de medalha no taekwondo
A taekwondista conta com o tempo maior de preparação para somar pontos no ranking olímpico e elevar seu nível técnico em competições e treinamentos no exterior
Por Helena Sbrissia e Paulo Pinto / Global Sports
14 de outubro de 2021 / Curitiba (PR)
Após os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, novo caminho começa a ser trilhado pela paulistana Milena Titoneli Guimarães em direção a Paris 2024. Graduada 1º dan, a atleta conquistou feitos inéditos para o taekwondo nacional durante o ciclo olímpico prolongado que acabou neste ano: foi a primeira brasileira campeã dos Jogos Pan-Americanos (Lima, Peru, 2019), terceira colocada no Mundial de Manchester 2019, e ficou com o quinto lugar em Tóquio.
Segundo Milena, todo o suporte oferecido pela Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) e pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) a partir de 2019 foi essencial para uma campanha ímpar até Tóquio 2020. “A CBTKD ofereceu um suporte magnífico para que eu e meus colegas pudéssemos participar das principais competições do circuito da WT e do COI, e com isso subir no ranking olímpico e nos prepararmos para Tóquio. A assistência nos Grands Prix de que participamos também foi incrível, porque são competições que contam muitos pontos no ranking.”
Milena explica que, mesmo quando enfrentou problemas pessoais, a confederação e o COB atuaram prontamente para que ela tivesse as condições necessárias para seguir em frente. “Além de todo o suporte nos tatamis, eu também tive muita ajuda nas questões pessoais. Nas competições recebi suporte técnico e psicológico para me organizar melhor e chegar onde cheguei”, reitera a taekwondista.
Mal-entendido explicado
Recentemente, Milena Titoneli concedeu entrevista a um portal de notícias e teria dado a entender que estava insatisfeita com o tratamento dado pela CBTKD e pelo COB aos atletas do taekwondo. A Agenda Olímpica concedeu espaço para que Milena explicasse o que de fato aconteceu, e o que ela quis dizer na entrevista publicada. “A minha intenção era falar sobre a falta de incentivo privado na carreira dos atletas, isso é, uma ajuda que venha a partir de patrocinadores e das iniciativas pública e privada. Nunca quis referir-me as entidades que me apoiam, até porque a CBTKD e o COB foram e continuam sendo essenciais na minha carreira.”
Milena, que atualmente está na Europa para participar de uma série de competições em busca de pontos para o ranking olímpico, explica que neste momento seria inviável pedir que a CBTKD ou o COB arquem com os custos dos campeonatos que ela foi disputar. “Eu sequer acharia justo agora pedir a eles que isso fosse feito. Há diversos atletas brasileiros na corrida para Paris 2024, e a própria confederação está planejando uma série de estratégias para nos prepararmos melhor e elevarmos o nosso nível no novo ciclo olímpico a partir de 2022.”
A taekwondista conta que, quando chegou à Albânia para participar da primeira competição, já pôde contar com o apoio da CBTKD, que conseguiu um espaço para que ela treinasse antes da competição. “Além desse fato, eu precisei de um fisioterapeuta, porque não tenho um profissional particular que atue comigo. Eu cheguei com uma pequena lesão na panturrilha, e se não fosse a ajuda e a intervenção da confederação, eu provavelmente não conseguiria competir.”
Segundo o presidente da CBTKD, Alberto Maciel Júnior, a confederação fez um planejamento até os Jogos Olímpicos de Tóquio. Neste segundo semestre de 2021 a entidade ainda está elaborando o planejamento para o próximo ciclo olímpico. “Estamos caminhando por uma terra de muitas incertezas até que tudo esteja pronto para Paris 2024. Os atletas, neste momento, precisam ter a vida independente deles, porque este ano a pandemia fez com que as competições abertas da Europa atrasassem e se concentrassem agora nos últimos meses do ano”, explica o dirigente.
Maciel reitera que a confederação arca com os custos que pode. Os Grands Prix, Campeonatos Mundiais, Jogos Pan-Americanos e Olimpíadas, por exemplo, são eventos em que a entidade oferece os recursos necessários a todos os atletas. Entretanto, no caso de campeonatos Open, como os que Milena disputa no momento na Europa, a responsabilidade é de cada atleta e de seus apoiadores, como patrocínios e Bolsa Atleta. Apesar disso, a CBTKD ajuda no que está ao seu alcance para tornar os sonhos dos taekwondistas possíveis.
“Infelizmente nós contamos com uma verba limitada. Por conta disso, se todos os nossos atletas resolverem participar de campeonatos Open, não conseguiremos arcar com os custos. Por isso fazemos essa diferenciação. Todos têm projetos além da CBTKD e da seleção brasileira de taekwondo, e os atletas decidem participar para chamar a atenção de patrocinadores para seus propósitos pessoais e, principalmente, conquistar pontos imprescindíveis no ranking olímpico”, finaliza o presidente da confederação.
Participação nos abertos da Europa
Toda a polêmica foi causada porque Milena está, neste momento, na Polônia, numa viagem por diversos países, participando de torneios Open e treinando com diferentes atletas para aprimorar seu nível técnico e ganhar ainda mais experiência em competições de alto nível.
Depois de passar pela Albânia, ela ficará uma semana em Varsóvia para participar de treinamentos num clube local. Em seguida participará de torneios Open em Montenegro; em Eindhoven, Holanda; e Bruxelas, Bélgica, onde fará mais um circuito de treinamentos de três semanas para mais um circuito de treinamento. A viagem terminará em Viena, com o Open da Áustria, mas antes ela disputará o Open da França em Paris.
Milena explica que cada Open pode dar até dez pontos no ranking para quem conquistar a medalha de ouro. Quem ficar com a prata garante seis pontos e o bronze dá três pontos. Para ganhar pontos por participação é necessário vencer pelo menos a primeira luta. A taekwondista participará de cinco competições, e pretende voltar ao Brasil com 40 pontos, o limite da contagem para a categoria Open no ranking mundial.
Aos 23 anos, Milena, que sempre foi apaixonada por tecnologia, iniciou os estudos em engenharia de software. Ela ainda agradece imensamente o apoio da Marinha Brasileira, da Confederação Brasileira de Taekwondo e do Comitê Olímpico do Brasil. “Eu estou correndo atrás dos meus pontos para ter mais tempo de trabalhar e chegar mais preparada para as Olimpíadas de 2024.”