11 de novembro de 2024
Moimaz aponta falhas da CBJ e propõe novos caminhos
Candidato da oposição à presidência de entidade, o mato-grossense Fernando Moimaz defende uma gestão que valorize o trabalho na base e nas federações estaduais
POR PAULO PINTO
CURITIBA (PR) / 5 de março de 2021
Oxigenar o judô, que considera muito estagnado, e tratar a modalidade de forma plural são as propostas de Fernando Moimaz, candidato da oposição à presidência da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) nas eleições de amanhã (6 de março). Surpreendido pela situação decorrente da morte de Francisco de Carvalho Filho, que liderava a chapa, o presidente da Federação Mato-grossense de Judô (FMJ) aceitou o desafio por concordar com as ideias defendidas pelo grupo.
“Achamos que a forma de gestão precisa mudar. Temos o compromisso de direcionar recursos para a base, uma coisa que no nosso entender sempre ficou aquém do necessário”, exemplifica Moimaz. “A escala de valores e o foco da CBJ precisam ser totalmente revistos, priorizando o investimento no trabalho realizado pelos Estados em vez de concentrá-lo no alto rendimento.”
Isso não significa menosprezo pelos atletas de elite, que são um espelho para os jovens praticantes e a vitrine do prestígio do judô brasileiro. Mas, para chegar lá, o judoca iniciante precisa de estímulo, de recursos, de valorização. “Hoje estamos à mercê de atletas que ganham muito bem e nem sempre dão a devida contrapartida. E ninguém fala absolutamente nada”, acrescenta o dirigente.
Estruturar projetos sociais em parceria com as federações estaduais e fortalecer o judô escolar – nicho importantíssimo para a profissionalização dos professores e um celeiro de novos talentos – são ações que Moimaz promete desenvolver com muito carinho. Para isso é preciso recuperar os recursos e patrocínios que se perderam no decorrer dos últimos quatros anos devido à gestão desastrosa da entidade nacional.
“Precisamos pôr fim aos feudos que dominam a CBJ e instituir uma administração governada pelos princípios de modernização, transparência, ética, compromisso e integração real com as 27 federações estaduais, clubes e demais responsáveis pelo fomento da modalidade”, prossegue Moimaz. “A CBJ hoje é uma ilha que guarda os interesses dos seus gestores, quando deveria preocupar-se com as necessidades e reivindicações regionais. E o pior é que muitos dos nossos colegas não veem a realidade e se curvam diante da pressão que vem de cima.”
Mas não basta ter recursos. Além de total transparência, é necessário fazer bom uso deles, investindo em bons projetos que atendam a toda a comunidade e não a um pequeno grupo. “Temos de investir direito para que o dinheiro seja bem gasto.” E como conseguir isso? Moimaz conta com o bom-senso e a lucidez dos dirigentes estaduais. “Todos me conhecem e sabem da minha integridade, de minha postura e da minha vida.”
“A gestão atual trabalha na base da pressão e do terror e muita gente está assustada com o clima em que vivemos. Os erros são recorrentes e os problemas não param de aparecer”, prossegue o dirigente mato-grossense, dando como exemplo a própria condução do processo eleitoral da CBJ.
“A situação registrou uma chapa de forma totalmente arbitrária, em conflito com aquilo que exige o nosso estatuto. O procedimento eletivo está cheio de vícios que comprometem totalmente o sistema. O que estou fazendo para reverter a situação é falar com cada presidente, expondo meu projeto e ressaltando a importância das federações.”
Na hora da eleição é preciso lembrar aos dirigentes que a CBJ não realizou nenhum evento em 2020 e derreteu mais de 20 milhões de reais sem dar um centavo para as federações estaduais. “Afinal de contas, somos judocas e pergunto: onde está o jita-kyoei?”, questiona Moimaz. “O judô brasileiro é muito maior do que isso que vemos hoje O judô do Brasil é uma coisa fenomenal e antes dessa gestão éramos uma potência mundial.”
Para o candidato da oposição, o pior é constatar que ninguém parece reclamar de absolutamente nada. E insiste que é inadiável reconquistar tudo que se perdeu nesses quatro anos. “Temos de dar um basta nisso e virar a página, pois o que foi perdido – recursos, clareza, transparência e objetividade não tem volta –, lamentavelmente.”
Moimaz diz que não é possível suportar mais quatro anos desse desastre. “Se a gente não resolver agora, o judô vai sofrer e perder muito espaço. Estou buscando essa clareza com meus colegas presidentes, que são pessoas batalhadoras, cada um no seu Estado. Eu sei o que eles passam sem nenhum apoio da CBJ. Estamos numa crise sem precedentes na história da humanidade e abandonados à nossa própria sorte, enquanto a ilha da CBJ se dá o direito de queimar 2 milhões de reais por mês só com o gasto administrativo.”
Enquanto isso, a seleção principal está engessada e blindada, sem identidade ou vínculo com as categorias de base. Moimaz considera importante credenciar centros de treinamento em várias regiões do País, em locais e clubes que já existem, para otimizar os recursos e enquadrar a prática numa matriz nacional de trabalho. Assim como promover seletivas com a participação de atletas de ponta.
“Trocamos a nossa identidade técnica e cultural por um modelo que não agrega absolutamente nada ao nosso desenvolvimento”, desabafa Moimaz. “O pior de tudo é que são despejados milhões de reais num trabalho sem frutos, sem que ninguém conteste. Temos a sensação de que a gestão técnica da CBJ manda mais que a presidência.”
Prioridades identificadas por Fernando Moimaz na área técnica
- Criar um judô com identidade nacional;
- Aproximar a seleção principal do resto do País;
- Instituir treinos regionais para o fomento da modalidade nos Estados;
- Estabelecer um diálogo sobre as formas de acesso de todas as classes às seleções, aumentando a competitividade interna e democratizando oportunidades;
- Promover competições nacionais e regionais com treinamentos de campo;
- Introduzir o rodízio de técnicos;
- Estabelecer maior intercâmbio com o Leste Europeu e outras escolas de judô internacionais;
- Aprimorar a própria técnica;
- Criar uma associação de técnicos de alcance nacional